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Construção de centrais hidrelétricas e geradoras podem recuperar o Taquari, diz associação
14/12/2019
Assoreamento e descaso governamental deixaram o Rio Taquari agonizar
Com mais de 150 km sem água cortando o Pantanal de Corumbá (MS), o rio Taquari poderá ser recuperado por meio da construção de PCHs (Pequenas Centrais Hidrelétricas) e CGHs (Centrais Geradoras Hidráulicas) na região. A Associação Brasileira de Pequenas Centrais Hidrelétricas (ABRAPCH) formalizou um convênio com o Instituto AGWA Soluções Sustentáveis para recuperar o rio, que sofre um dos maiores desastres ambientais do Brasil.
O contrato de parceria foi assinado em Curitiba, durante o workshop para implantação de PCHs e CGHs, realizado no Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul.
O acordo prevê um estudo técnico para a implantação de CGHs e PCHs na Bacia Hidrográfica do rio Taquari, principalmente para proteção da bacia e contenção de sedimentos, que, em um processo que ocorre desde a década de 1970, entupiu e mudou de curso o seu canal, inundando permanentemente mais de 1,5 milhão de hectares no Pantanal do Paiaguás.
De acordo com o texto, o Instituto AGWA ficará responsável por buscar apoio na comunidade local, em especial agricultores e pecuaristas. A ABRAPCH tem a missão de articular, com seus associados e empreendedores, a implantação dos empreendimentos. A região já conta com associados da ABRAPCH com eixos aprovados pela ANEEL, no aguardo de licenciamento.
Solução
Márcia Correa de Oliveira, advogada em Campo Grande-MS e uma das sócio-fundadoras do AQWA, conta como surgiu a ideia da parceria. "Pessoas que antes tinham propriedades que não eram alagadas pelo rio, hoje estão totalmente alagadas. Outras tinham rio, e agora têm areia em frente à casa. Uma situação agravada ano a ano. Precisávamos ver uma forma de não piorar ainda mais", explica.
"Não adianta dizer o que está errado e não apresentar uma solução. Então vimos que é conveniente considerar que as PCHs podem melhorar aquele ambiente", acrescenta.
Benefícios
O vice-presidente da ABRAPCH, Pedro Dias, explica de que maneira as PCHs podem salvar o rio. "As PCHs e CGHs vão auxiliar as matas ciliares, a proteção do solo e proteção ambiental do Taquari na bacia mais alta. Com isso, reduziríamos os sedimentos carreados para o rio e conseguiríamos ter um rio com água. Vamos ajudar o Taquari a reviver. Um projeto ambicioso", comenta.
"Vamos fazer com que a PCH seja um agente de proteção. Não apenas de geração de energia, mas também de utilização dos recursos hídricos de maneira múltipla: lazer, turismo, contenção de sedimentos e recuperação da fauna", acrescenta.
Mais energia
Em relação ao trecho do rio seco, Pedro Dias lembra que PCHs e CGHs não consomem água: "São empreendimentos que não absorvem a água, mas transformam o recurso hídrico em energia. Ao implantar PCHs e CGHs, nosso interesse é quantidade e qualidade de água. Com mais água, mais energia", explica.
Prejuízos históricos O assoreamento do rio Taquari trouxe prejuízos históricos para a região, com impactos irreversíveis ao meio ambiente e também econômicos e sociais. Grandes fazendas de criação de gado foram inundadas e mais de 500 famílias de pequenos agricultores nativos foram expulsas, causando um grande êxodo para as cidades. A falta de interesse político na busca de soluções e as ações equivocadas do Judiciário ajudaram a agonizar o rio.
"Além do impacto econômico, não foi bom para a natureza, para os fazendeiros, para produção de gado, enfim, foi prejudicial sob todo ponto de vista. Chegou o momento de termos ações diminuir esses impactos", conta Terezinha Cândido, produtora rural da região do Pantanal, presidente do Sindicato Rural de Coxim-MS.
"A ABRAPCH mostrou que poderia ser uma solução. Precisamos de estudos. Não temos know how para isso. Para a região, a expectativa é positiva. Pode ser a primeira atitude que realmente vai trazer uma solução concreta", diz Terezinha.
O Instituto
O Instituto AGWA Soluções Sustentáveis é uma organização dedicada ao estudo de transformações ambientais , principalmente aquelas decorrentes da ação humana. A recuperação do rio Taquari, que há décadas enfrenta problemas com sedimentos, é uma das principais bandeiras do grupo.