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Comitê da Bacia do São Francisco descarta possibilidade de contaminação com lama da Vale
Uma equipe de 16 membros do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco permanece monitorando diariamente a trajetória da lama de Brumadinho ao complexo de Retiro Baixo. Contudo, o vice-presidente do grupo, Maciel Oliveira deu como "quase descartada" possibilidade de rejeitos contaminarem o rio.
04/02/2019
Desde o rompimento da barragem em Brumadinho, técnicos do Instituto Mineiro de Gestão das Águas (Igam), da Secretaria de Estado de Meio Ambiente de Minas Gerais (Semad-MG), Agência Nacional de Águas (ANA), Fundação Nacional de Saúde (Funasa) e da Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) monitaram a qualidade da água do rio Paraopebas, afluente do São Francisco e principal afetado pelo escorrimento de lama da barragem da Vale que se rompeu.
Segundo Maciel Oliveira, o Comitê montou uma estratégia de monitoramento da qualidade da água em vários pontos do rio Paraopebas — um dos principais afluentes do São Francisco — desde o dia do rompimento. Embora os testes estejam registrando presença de sedimentos de minério de ferro, não há motivo para pânico.
"A previsão é que esses rejeitos cheguem no completo de Retiro Baixo em breve, mas as equipes lá já estão preparados para esse evento e o complexo já está preparado para segurar esses rejeitos. Em Três Marias pode chegar entre os dias 15 e 20 [de fevereiro], mas a barragem de lá tem 100 vezes a capacidade de Retiro Baixo", explica Maciel, pontuando que será possível, assim, diluir a lama e evitar que rejeitos pesados cheguem ao rio. "Correu
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causando pavor em toda a população que sobrevive do rio, mas isso está praticamente descartado", completa.
No momento, o principal desafio das equipes é lidar com as fortes chuvas que atingem Brumadinho e região. Maciel explica que a incidência de tempestades tornam a previsão de danos mais aleatória e o monitoramento "muda a todo o momento porque com chuva, aumenta-se a lama e a capacidade da água levar rejeitos".
"Depois de Três Marias, porém, é quase descartada possibilidade de contaminação. Mesmo que se chegue lá com grande carga, a lama já vai sair bem mais filtrada, o rejeito não deve passar de lá. Será praticamente imperceptível, mas vamos monitorar".
Maciel contou à Sputnik Brasil ainda que, com o temor de contaminação ao rio do qual dependem 18 milhões de pessoas, os governos estaduais de Sergipe e Alagoas chegaram a cogitar a criação de uma sala de respostas imediatas (montada em casos de grandes desastres), mas que tem viajado ao Nordeste explicando a autoridades que o movimento seria prematuro.
Em reunião em Salvador, o vice-presidente do Comitê viaja a Brumadinho na quarta-feira para acompanhar os trabalhos de análise das águas do Paraopebas.
"O Brasil não se pode ter o luxo de, a cada três anos ter uma situação como essa. Tivemos Mariana, Barcarena no Pará e agora com esse crime humanitário, estamos extremamente preocupados. Incentivamos o fortalecimento dos mecanismos de fiscalização preventiva integrada para fazer um monitoramento de barragens de todo os tipos e evitar que uma tragédia assim volte a acontecer", finaliza.
Cemig permanece em alerta
Em nota enviada à Sputnik Brasil, a Cemig informou que "está acompanhando o trajeto da pluma de sedimentos da barragem Mina do Feijão, de Brumadinho, pelo Rio Paraopeba desde o início do rompimento da barragem".
A companhia disse ainda estar "em constate contato com o Operador Nacional do Sistema (ONS) e a Agência Nacional de Águas (ANA)" e que organiza no momento "um plano de monitoramento da qualidade da água nas usinas de Igarapé e Três Marias".
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