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Atividades de agricultura e piscicultura já tomam quase 50% da área de reserva ambiental do Rio Gramame
Publicado em
07/12/2018 00h00
Atualizado em
08/11/2021 11h29
Contaminação por agrotóxicos na bacia do Rio Gramame revela ação humana desequilibrada.
28/11/2018
A ação foi tomada após a divulgação de uma pesquisa encomendada pelo MPF e MPPB que revela índices de contaminação do local com o uso indiscriminado de agrotóxicos. (Foto: Arquivo)
O abastecimento de água em João Pessoa depende de duas estações, a de Gramame e o sistema de Marés. A bacia do Rio Gramame é a principal e fica responsável por 70% do total que abastece as localidades da cidade. Em entrevista exclusiva ao Portal ClickPB, o pesquisador do Departamento de Sistemática e Ecologia da Universidade Federal da Paraíba, Roberto Sassi revelou que as atividades de agricultura e de viveiros de peixe já tomam quase 50% das áreas do reservatório, o que pode gerar graves consequências para o futuro hídrico da cidade.
“As áreas de reserva da bacia do Rio Gramame estão sendo ocupadas por diversas atividades como o uso da agricultura de subsistência, viveiros de peixe, moradias e evasões de área. Isso tudo vai contra o que diz o Código Florestal, quando a proteção das reservas ambientais deve ter cerca de 50 metros. As áreas de preservação servem como proteção. A poluição que chegaria no rio ficaria retida na área de preservação. Situação que não está acontecendo”, explicou.
"Descobrimos áreas com plantação de atividades de cultivo de cana-de-açúcar e outras formas de agricultura que estão sendo realizadas dentro da área de preservação do manancial e isso é muito grave. O reservatório do Rio Gramame precisa de mais proteção e a atividade de pesquisa é essencial para acompanhar como se comporta a ação do homem na área", ressaltou.
De acordo com ele, vários problemas que foram detectados como ocupação indevida E plantios em áreas de proteção permanente poderiam ser evitados ou até mesmo reduzidos se houver a devida preocupação com a segurança hídrica. "Temos que lembrar que o reservatório é a nossa caixa de água, então, temos que cuidar se quisermos pensar em segurança hídrica no presente e no futuro. Tem que haver mais cuidado como a proteção de nascente e dos mananciais, pois sabemos que essa contaminação diminui a qualidade da água", avaliou.
Esse manancial foi alvo de monitoramento por pesquisadores da UFPB que constataram a contaminação dá área e o tema será a pauta de uma audiência pública do Ministério Público da Paraíba, no dia 3 de dezembro, às 13h, no Plenário da Câmara Municipal de João Pessoa. A ação foi tomada após a divulgação de uma pesquisa encomendada pelo MPF e MPPB que revela índices de contaminação do local com o uso indiscriminado de agrotóxicos e a presença cianotoxinas e de veneno agrícola encontrados em um exemplar dos peixes do reservatório Gramame Mumbaba, que abastece a capital da Paraíba e região metropolitana.