Notícias
Plantas daninhas no pasto: confira as dez principais espécies
Conheça as plantas daninhas que afetam a qualidade do pasto e onde elas estão presentes no país.
12/09/2019
No estudo “Uma nova visão sobre a interferência de plantas daninhas em áreas de pastagens”, apresentado na Feicorte (Feira Internacional da Cadeia Produtiva da Carne), em 2013, o professor da Universidade Federal de Mato Grosso, Sidnei Roberto de Marchi, explicou que as plantas daninhas no pasto concorrem com as forrageiras por água, luz, nutrientes e energia. Ao estudar o comportamento do gado no pasto, o pesquisador identificou que a presença de plantas urticantes, ou com espinhos, fazem com que o gado evite pastejar a até um metro de distância da invasora, diminuindo a acessibilidade ao alimento. Segundo outro estudo, o professor relata que, com 15 dias de convivência das invasoras com a forrageira, há uma perda de 20% na produção de massa verde. Com 30 dias, aumenta para 45% e segue quase que em progressão geométrica. A redução na produção de massa verde por hectare pode chegar a 90% caso as invasoras não sejam eliminadas em até 120 dias.
Para definir como será o controle dessas plantas , é necessário ter conhecimento das espécies. Confira nossa seleção das dez mais prejudiciais presentes no país.
- Leiteiro ou Leiteira ( Euphorbia heterophylla )
Uma séria planta invasora das pastagens, pois invade lentamente até atingir um elevado grau de infestação a ponto de causar grande dano ao pasto e ao gado. Atinge as regiões tropicais e subtropicais, portanto, está presente na maioria das regiões do Brasil. A planta é herbácea, ereta, com altura variando entre 40 e 60 centímetros. Possui uma substância leitosa em todas as suas partes.
- Barbatimão ( Stryphnodendron adstringens )
É uma planta tóxica e está presente no Cerrado do Brasil Central. Tanto as folhas como as favas podem causar aborto e intoxicações em bovinos. Os principais sintomas de intoxicação são: mucosas ocular e bucal do bovino anêmicas, salivação espumosa e abundante, os movimentos ruminais diminuem e o bovino apresenta edema submandibular e palpebral com lacrimejamento constante e, ainda, diminui o apetite do gado. A árvore de Barbatimão pode variar de 2 a 6 metros de altura e tem copa arredondada.
- Erva-de-rato ou cafezinho ( Palicourea marcgravii )
É a planta tóxica mais importante do Brasil, sobretudo, na região Amazônica. Os bovinos, quando intoxicados pela erva-de-rato morrem subitamente. Trata-se de um arbusto de lugares sombreados que se prolifera durante o ano todo, e tem altura de 40 a 80 centímetros. Sua reprodução é por sementes.
- Samambaia-do-campo ( Pteridium aquilinum )
A samambaia é uma planta inteiramente tóxica e está presente em todas as regiões do país. A planta pode ser facilmente reconhecida pelo seu caule fino e pelas grandes folhas, podendo ter até 3 metros de comprimento. Ela é invasora, tem uma ação radiomimética e causa diversos quadros patológicos nos animais herbívoros de acordo com a quantidade ingerida. É resistente ao fogo e considerada uma das plantas daninhas mais difíceis de se erradicar.
- Assa-peixe ( Vernonia polyanthes )
Essa planta silvestre com folhas ásperas e com flores esbranquiçadas e violáceas normalmente floresce no início do inverno. Multiplica-se com facilidade em pastos, por isso, sua invasão é muito temida pelos pecuaristas e agricultores. Geralmente, ocorre em grandes infestações que chegam a inutilizar a pastagem. São mais comuns na Bahia, Minas Gerais, Goiás, e de São Paulo até Santa Catarina. É mais encontrada no Cerrado.
- Maria-mole ou Flor-das-almas ( Senecio brasiliensis )
A planta é muito comum nas regiões Centro-Oeste, Sudeste e Sul do Brasil e pode ser identificada no campo pelo conjunto de folhas altamente recortadas, simulando folha composta, e os capítulos amarelados, que lembram as margaridas de jardins. Essa planta causa uma toxicose evolutiva e irreversível no gado. É no outono/inverno que a maria-mole concentra o maior teor tóxico.
- Chumbinho ou Cambará( Lantana camara )
É um arbusto florífero, cujas folhas são opostas e pilosas, já os ramos são eretos e podem ser semi pendentes, além de serem extremamente flexíveis. Algumas espécies podem chegar até 120 cm de altura, sendo o tamanho mínimo de 90 cm. Seu ciclo de vida é perene e de rápida infestação.
Essa planta pode provocar reações alérgicas e irritações. A ingestão de qualquer parte da planta pode provocar intoxicação. As folhas e frutos contêm lantadeno A e lantadeno B como princípio tóxico. Os efeitos tóxicos incluem falta de apetite, fraqueza, vômitos, diarreia, efeitos hepatotóxicos, pupilas dilatadas, fotofobia, cianose e fotossensibilização.
- Fedegoso-preto ( Senna occidentalis )
É um arbusto ereto, de 50 a 160 cm de altura. As folhas, o caule, as vagens verdes e as sementes dessa planta são tóxicos, porém, é na semente que sua toxidez é maior e foi comprovada. No Pantanal, as folhas são pouco pastadas, mas as vagens secas são comidas pelos bovinos. Como são pouco digeridas, as sementes são espalhadas, germinando com facilidade.
No sul do país, ocorrem surtos de intoxicação por ingestão dessa planta após períodos de geadas. No bovino, os sinais da intoxicação se iniciam com diarreia, fraqueza muscular e incoordenação motora, principalmente dos membros posteriores, eles apresentam tremores e relutância em caminhar. O fedegoso causa degeneração e necrose dos músculos nos animais.
- Alecrim falso, mio-mio ou vassourinha ( Baccharis coridifolia )
É uma espécie tóxica, infestante em pastagens, presente principalmente nas regiões Sul, Sudeste, Centro-oeste e nas áreas de Cerrado do país. A planta é de porte médio (pode ter de 50 a 80cm), ressaltando que é uma das plantas mais tóxicas que ocorre no Brasil, com maior índice de letalidade, pois na sua fase de floração pode matar um animal em menos de 24h. O alecrim falso contém um agente tóxico mortal para o gado.
- Guanxumas ou Sidas (S ida sp. )
Planta invasora muito comum em solos cultivados, infestando principalmente culturas anuais, pomares e terrenos baldios. Floresce de fevereiro a maio, com flores desabrochando após o meio-dia, permanecendo nesse estado por apenas uma ou duas horas. Sua ocorrência é mais comum nos estados do Paraná, São Paulo, Minas Gerais, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Goiás. É uma planta rústica, de ciclo anual, que atinge entre 40 e 80 cm e tem de rápido crescimento.
Como evitar?
O primeiro passo para evitar a ocorrência de plantas daninhas no pasto é saber identificar a espécie que pode aparecer no seu pasto. Para evitá-las, é preciso estabelecer um manejo adequado das pastagens. Essas plantas podem aparecer por diversos fatores, tais como: propagação de sementes pelo ambiente, banco de sementes já existentes, animais que consumiram plantas em estádio reprodutivo e se tornaram vetores, aquisição de sementes não certificadas contaminadas com plantas daninhas quando se está formando ou reformando o pasto.
De acordo com a geografia e o clima em questão, é possível prever qual planta pode aparecer. Além disso, quando já existe a presença de plantas daninhas no pasto, é necessário identificar e consultar um técnico com conhecimento para dar a melhor orientação e para ajudar no controle e, ainda, para verificar quais são as plantas predominantes e tratá-las de acordo com o seu comportamento.
País tropicalAs regiões do Brasil têm diferentes climas, o que interfere diretamente nas espécies de plantas que se desenvolvem em determinadas regiões. De acordo com o engenheiro agrônomo e pesquisador na área de manejo de plantas daninhas da Embrapa Soja, Dionísio Gazziero, como estamos em um país tropical, os nossos problemas de incidência de plantas daninhas e insetos-praga é muito grande. “Essa condição exige um uso maior de produtos e de combinações de produtos, se necessário”, afirma ele. Confira quais são os principais climas no Brasil e suas respectivas regiões: Equatorial: Amazônia, Mato Grosso, oeste do Maranhão. Tropical: Brasil Central, Piauí, Roraima, porção oriental do Maranhão, parte ocidental da Bahia e Minas Gerais. Tropical de Altitude: São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Espírito Santo. Tropical Atlântico: Litoral do Rio Grande do Norte até o Paraná. Subtropical: São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Semiárido: Sertão nordestino. Leia também: Tecnologia XT, nova aliada do pecuarista no controle de plantas daninhas |