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NARRATIVA DO MONITOR DE SECAS DO MÊS DE JULHO DE 2018
Publicado em
17/08/2018 10h37
Atualizado em
18/11/2021 11h44
Condições Meteorológicas do Mês de Julho de 2018
O mês de julho é considerado um mês climaticamente chuvoso, com precipitações acima de 200 mm, no setor leste do Nordeste brasileiro, como representado na Figura 1b. No noroeste do Maranhão também são esperadas chuvas significativas, com valores acima de 150 mm, nesse período. Porém, na maior parte da Região já iniciou o período seco, onde as precipitações esperadas são inferiores a 25 mm.
O mês de julho destacou-se por precipitações de fraca intensidade, no leste do Nordeste, onde se esperava valores significativos. As precipitações ficaram muito abaixo do esperado em toda região Nordeste, excetuando-se apenas o noroeste do Maranhão e nordeste do Rio Grande do Norte, conforme se observa na Figura 1c. As maiores reduções da precipitação se concentraram no leste da Região, com redução superior a 200 mm.
A redução das chuvas, nos últimos três meses na Região, refletiu na piora dos indicadores de seca, havendo expansão das áreas e agravamento na intensidade do quadro de seca em todos os estados da Região.
Figura 1.
Espacialização da precipitação (mm) mensal no mês de julho na região Nordeste do Brasil (NEB): (a) precipitação acumulada; (b) climatologia; (c) anomalia de precipitação. Página de procedência da figura:
http://proclima.cptec.inpe.br/~rproclima/Moni_NE/precobsclim07.gif
Síntese do Traçado do Monitor das Secas de Julho de 2018
Em uma pré-análise, foram considerados os índices SPI e SPEI para 3, 4, 6, 12, 18 e 24 meses, com maior detalhamento para os estados do Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas e Bahia em virtude de uma quantidade maior de pontos e informações que esses estados da região Nordeste do Brasil apresentam. No intuito de compensar o déficit de informações, tanto para esses estados quanto para as demais áreas do NEB, foram utilizadas, de forma ampla, os seguintes produtos de apoio:
climatologia da precipitação mensal, precipitação observada, anomalia de precipitação do mês de julho (e dos meses anteriores), bem como, o índice de saúde da vegetação (VHI) e o indicador de estresse da vegetação (ESI). Com isso, áreas do NEB, onde há poucos pontos de informações, foram analisadas, além de complementar as áreas onde a densidade de informações é maior.
É necessário ressaltar que, para o traçado deste mapa, foi considerada a seca física, levando-se em conta, principalmente, os índices SPI e SPEI, de curto e longo prazo, sem analisar as informações dos reservatórios.
Ao comparar o mapa validado no mês de junho de 2018, na figura 2 (a), com o mapa do mês de julho de 2018, na figura 2 (b), verificaram-se algumas mudanças no traçado geral (figura 2), tais como:
Figura 2.
Mapas do Monitor de Secas do Nordeste em 2018:
(a)
Junho;
(b)
Julho.
No estado do Maranhão, houve expansão da área de seca fraca (S0) e da seca moderada (S1), principalmente com relação aos impactos de curto prazo (C), com avanço para o centro do estado. No setor sudeste, onde antes havia seca apenas de longo prazo (L), a seca passou a ser de curto e longo prazo (CL). Essas mudanças foram em virtude das poucas precipitações que ocorreram ao longo do mês de julho. Na região centro-norte, permanece uma ampla área sem seca relativa.
No Piauí, surgiu uma área de seca no norte do estado, por esse motivo a seca é apenas de curto prazo (C). Já nas outras áreas do estado, onde a seca era apenas de longo prazo (L), passou a ser seca com impactos de curto e longo prazo (CL), com expansão das áreas de seca moderada (S1), da seca grave (S2) e seca extrema (S3).
No extremo norte do estado, permanece sem seca relativa. A expansão da seca foi
em virtude dos baixos índices pluviométricos e altas temperaturas observadas ao longo do mês de julho, principalmente no centro e sul do estado.
No Ceará, apesar de ter ocorrido chuvas acima da média em algumas áreas em julho, não houve redução da intensidade da seca, devido à climatologia da precipitação ser muito baixa nesse mês. No centro e sul do estado, onde antes havia seca apenas de longo prazo
(L)
, passou a ter seca de curto e longo prazo
(CL)
, devido aos indicadores de curto e longo prazo apontar para uma piora no grau de severidade da seca. Houve o aumento da área com seca grave (S2) e seca moderada (S1) no sul e centro do estado. No norte do estado, surgiu uma área de seca fraca, por isso a indicação de seca de curto prazo
(C)
nessa região. Sendo que no extremo noroeste do estado ainda permanece uma área sem seca.
No Rio Grande do Norte
, as precipitações de julho concentraram-se no litoral leste, contribuindo para essa região permanecer sem seca. Porém, no centro e oeste do estado, onde havia seca apenas de longo prazo
(L)
, a redução das chuvas nos últimos três meses colaborou para expansão da área de seca moderada (S1) e surgimento da seca grave (S2), com impactos de curto e de longo prazo
(CL)
.
Na Paraíba, devido às chuvas nos últimos três meses ficarem abaixo do esperado, houve expansão nas áreas de seca, ficando todo o estado com seca que varia de fraca (S0) e apenas de curto prazo (C) no litoral, e as outras áreas com seca variando o grau de severidade de moderada (S1) a grave (S2), com impactos de curto e longo prazo (CL).
No estado de Pernambuco, surgiu uma área de seca fraca (S0) no litoral e devido à seca estar iniciando o impacto é apenas de curto prazo (C). Nas outras áreas do estado, onde antes tinha seca apenas de longo prazo
(L)
, a seca passou a ser de curto e de longo prazo
(CL)
, com expansão das áreas e intensificação na severidade de seca, que varia de grave (S2) a excepcional (S4) no Sertão e de moderada (S1) a grave (S2) no Agreste. Essa piora da seca deveu-se a redução drástica das chuvas nos últimos três meses em todo estado principalmente no setor leste, cujo trimestre pertence ao período chuvoso da região.
Em Alagoas, onde antes tinha seca apenas de longo prazo (L), a seca passou a ser de curto e de longo prazo (CL). Com relação à severidade, no mês de junho a seca variava de fraca (S0) a seca grave (S2), e no mês de julho passou a variar de intensidade fraca (S0) a extrema (S3). O aumento da intensidade da seca é uma consequência da redução das chuvas nos últimos três meses em todo estado.
Em Sergipe, onde antes havia seca apenas de longo prazo
(L)
, passou a ter seca de curto e longo prazo
(CL)
, com pequena expansão nas áreas de seca, que antes variam de seca fraca (S0) a seca grave (S2). Já no litoral permanece sem seca em toda sua extensão.
Na Bahia, todo o litoral e
sul do estado permaneceram sem seca relativa, enquanto que nas outras áreas houve uma pequena intensificação da severidade da seca com expansão das áreas de seca de fraca (S0) a extrema (S3). Não houve expansão da área com seca excepcional (S4) no extremo norte do estado. Os impactos da seca passaram a ser de curto e longo prazo (CL), em todo o estado.
Para o traçado do mapa do mês de julho, foram utilizadas as considerações feitas na reunião de autoria pelos representantes da ANA-DF, INEMA-BA, FUNCEME-CE e ARESTech, realizada no dia 09/07/2018 e a validação das seguintes instituições estaduais: IPA-PE, AESA-PB, INEMA-BA, FUNCEME-CE, SEMARH-AL, SEMAR-PI, EMPARN e EMATER-RN, SEMARH-SE e
LABMET/NUGEO/UEMA-MA
.
Fonte: Agência Pernambucana de Águas e Clima (APAC)