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Monitoramento feito pela Ufal mostra que Sertão já enfrenta seca grave
Publicado em
14/08/2018 09h31
Atualizado em
18/11/2021 10h46
De acordo com o mapa de monitoramento da cobertura vegetal do estado, cerca de 30% dos municípios de Alagoas já estão secos
08/08/2018
Cerca de 30% dos municípios de Alagoas já estão secos. É o que mostra o atual mapa de monitoramento da cobertura vegetal do Estado, realizado pelo Laboratório de Análise e Processamento de Imagens de Satélites. De acordo com a atual imagem de satélite, registrada de 22 a 27 de julho, dos 102 municípios alagoanos, 30 estão afetados por seca grave ou moderada. Eles estão localizados na mesorregião do Sertão, além de no Agreste, na porção semiárida do Estado.
O mapa mostra, ainda, que as mesorregiões do leste alagoano, assim como boa parte do Agreste, continuam verdes, indicando que a cobertura vegetal está saudável, em razão da estação chuvosa.
A animação com mapas de monitoramento por satélite, de janeiro a julho de 2018, aponta também que, nos meses de abril e maio, as chuvas permitiram a recuperação da cobertura vegetal da maioria dos municípios, incluindo os do Sertão, área mais seca. Porém, desde junho, quando terminou a estação chuvosa no semiárido brasileiro, a seca se espalhou pelo Sertão e Agreste de Alagoas.
Segundo recente pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) sobre o Perfil dos Municípios Brasileiros (Munic), realizada entre 2013 e 2016, o Nordeste foi a região do Brasil que apresentou maior proporção de municípios afetados pelas secas (82,6%).
Alagoas foi o 6º estado do Nordeste a registrar maior proporção de municípios atingidos (77,5%). Porém, apenas 22,5% desses locais possuem um plano de contingência e/ou de prevenção à seca. Tal planejamento é importante para a execução de ações pelas prefeituras, a fim de se minimizar os impactos.
Por fim, a pesquisa mostra que a maioria dos municípios do Nordeste tem priorizado adotar ações emergenciais para evitar ou reduzir os danos causados pela estiagem. Em Alagoas, não é diferente. Uma das ações mais comuns é a distribuição regular de água por meio de caminhões-pipa, método adotado em 58% dos municípios, seguido da construção de poços e cisternas
Situação de Emergência
Apesar da severidade da atual seca na mesorregião do Sertão e parte do Agreste alagoano, de acordo com o Sistema Nacional de Proteção e Defesa Civil, não há reconhecimento vigente de situação de emergência nos municípios do Estado. Porém, na última quarta-feira (1º), 38 municípios de Alagoas tiveram a Situação de Emergência, por causa da seca, reconhecida pelo Governo Estadual. Para que voltem a receber recursos para conviver com a seca, os municípios, agora, aguardam a confirmação pelo governo federal.
A intensidade do impacto do desastre natural para o município é o que leva os gestores a classificarem o prejuízo gerado para a população e infraestrutura locais. O professor Humberto Barbosa explica que são quatro os níveis para se medir os impactos. A Situação de Emergência, por exemplo, é o reconhecimento legal, pelo município atingido, de uma situação anormal provocada por desastres, segundo fatores de intensidade e alcance dos danos (humanos, materiais e ambientais) e prejuízos (sociais e econômicos). As secas e estiagens são consideradas desastres naturais de nível 3, caracterizando, assim, a Situação de Emergência.
"Nesse caso, os danos são importantes e os prejuízos vultuosos, mas suportáveis e superáveis pela comunidade afetada. A situação de normalidade pode ser restabelecida desde que os recursos mobilizados no território do município afetado sejam reforçados e suplementados com o apoio de meios estaduais e federais", destaca Barbosa.
Monitoramento das secas
As secas afetam diretamente a economia, trazendo danos e prejuízos aos seus diversos setores. Segundo Relatório do Centro de Estudos e Pesquisas em Engenharia e Defesa Civil (Ceped), realizado no período de 1995 a 2014, o total de danos materiais e prejuízos públicos e privados causados por desastres naturais, derivados de eventos climáticos no Nordeste, foram estimados em R$ 47 bilhões. Desse total, cerca de 75% estão diretamente vinculados à seca. O valor inclui os prejuízos privados em quatro setores: agricultura, pecuária, indústria e serviços.
Os danos e prejuízos estimados para Alagoas, neste período de dez anos, representam 3,6% do total na região Nordeste. Embora seja um dos estados do Nordeste com os menores números decorrentes de desastres naturais de origem climática, o custo da seca pesa na economia de Alagoas.
"Realizar o monitoramento da cobertura vegetal nos municípios, a exemplo do que vem sendo feito, diariamente, pelo Laboratório de Análise e Processamento de Imagens de Satélites [Lapis], é fundamental para subsidiar o planejamento e a tomada de decisão sobre as melhores ações para convivência e adaptação às secas. Dessa forma, evita-se um maior prejuízo aos setores públicos e privados, além de à população em geral", ressaltou o professor Humberto Barbosa.
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