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BNDES vai ampliar linha de crédito para energia solar
Publicado em
29/08/2018 00h00
Atualizado em
18/11/2021 16h43
Estadão
Vinicius Neder
Rio de Janeiro
23/08/2018
O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) está em negociações para ampliar os financiamentos de projetos de microgeração de energia solar. Recentemente, o banco teve de suspender uma linha de crédito para instalação de painéis solares por causa da alta procura: os recursos terminaram em 45 dias.
Ainda este mês, o banco lançará a linha Finame Energias Renováveis, voltada para empresas, com orçamento de R$ 1 bilhão, enquanto negocia a liberação de mais R$ 208 milhões do Fundo Clima, para pessoas físicas. "A gente vai dobrar a aposta na área solar", disse o diretor de Infraestrutura do BNDES, Marcos Ferrari.
Com o barateamento das placas fotovoltaicas, a energia solar responde pela maioria dos sistemas de microgeração distribuída, em que o cliente da distribuidora de eletricidade produz parte da energia que consome, ganhando desconto na conta de luz. Segundo a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), de junho de 2013 a junho deste ano, o número de conexões de microgeração de energia subiu de 23 para 30.900, sendo 99% com tecnologia solar.
Segundo o presidente da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar), Rodrigo Sauaia, o crédito é fundamental para o crescimento, pois o elevado investimento inicial na instalação inibe a demanda de pessoas físicas e pequenas empresas. Como, após a instalação, o gasto com a conta de luz cai bastante, quem tem acesso a crédito pode pagar as parcelas do financiamento com o valor economizado.
Por isso, a Absolar comemorou quando o BNDES anunciou, no início de junho, que havia mudado as regras do Fundo Clima, para aceitar também pedidos de pessoas físicas. Só que, em 45 dias, o banco de fomento recebeu 130 pedidos e foi obrigado a suspender a chegada de novos projetos. O Fundo Clima é do Ministério do Meio Ambiente (MMA), que define seu orçamento, mas os empréstimos com esses recursos são geridos pelo BNDES. Segundo Ferrari, os valores destinados ao programa são de sobras do orçamento de anos anteriores.
Agora, o BNDES negocia a liberação de R$ 208 milhões do orçamento deste ano. As negociações com o ministério estão avançadas e os novos recursos poderão estar disponíveis antes do fim do ano, disse o diretor. As condições seguem as mesmas anunciadas em junho, com taxa de juros final, já incluindo a remuneração do agente repassador, de 4,03% a 4,55% ao ano, carência de 3 a 24 meses e prazo total de 12 anos.
Investimento
Quando ficou sabendo dessas condições, o consultor Silvio Schaefer, de 62 anos, decidiu instalar placas fotovoltaicas em sua casa de veraneio, na Praia da Baleia, litoral norte do Estado. Schaefer pediu orçamentos em firmas especializadas, que ficaram entre R$ 60 mil e R$ 70 mil. Pelos cálculos, o investimento se pagaria em três a cinco anos, pois a conta de luz poderá cair de R$ 1.200 para R$ 120 por mês.
Schaefer chegou a dar entrada na papelada para pedir o empréstimo, via Caixa Econômica Federal, já que, pela lei do Fundo Clima, o crédito só pode ser repassado por bancos públicos, mas foi surpreendido pela suspensão do programa. "É lamentável que o banco tenha tido recursos para financiar obras no exterior, mas não tenha para isso", afirmou o consultor, avaliando a reabertura da linha de crédito como uma "boa notícia".
Para atender empresas de todos os portes, e deixar a linha do Fundo Clima apenas para pessoas físicas, o BNDES lançará a linha Finame Energias Renováveis. Segundo Ferrari, o orçamento de R$ 1 bilhão poderá ser ampliado caso haja a demanda. As informações são do jornal
O Estado de S. Paulo.