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ESTATÍSTICAS DE SALINIDADE DAS ÁGUAS DE IRRIGAÇÃO DO NORDESTE SEMI-ÁRIDO BRASILEIRO
João Suassuna - Pesquisador da Fundação Joaquim Nabuco
Pierre Audry - Pesquisador do ORSTOM/UFPE
Foram realizadas análises mensais, durante dois anos consecutivos, das águas utilizadas na irrigação de pequenas propriedades do Programa de Desenvolvimento Científico e Tecnológico para o Nordeste - PDCT/NE (Convênio CNPq/BID e as Universidades Federais do Ceará, Paraíba, Rural de Pernambuco e a Escola Superior de Agricultura de Mossoró), nos parâmetros: condutividade elétrica, composição iônica, pH e dinâmica de variação dos níveis dos mananciais, juntamente com o acompanhamento das chuvas.
Trabalhou-se com 13 açudes de pequeno, médio e grande portes, 10 rios perenizados, 5 rios perenes, 10 poços naturais, 28 poços amazonas e 2 poços tubulares, distribuídos nos Estados do Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba e Pernambuco. No total, foram realizadas 1239 análises, sendo 746 completas para os dois anos de observações e 2% eliminadas por serem consideradas inconsistentes.
A seguir, são demonstradas as proporções relativas entre as fontes utilizadas e os respectivos graus de salinidade (figuras A a F), sendo a figura G representativa do grau de salinidade da totalidade das amostras. Esta estatística é a mais sintética possível, tendo sido escolhido o nível mais alto de salinidade atingido por cada fonte, nos anos observados, como sendo o parâmetro limitante para fins de irrigação.
Fig. A
Estes gráficos demonstram que há uma tendência ao aumento da salinidade no sentido da figura A à figura F, aumentando a proporção relativa das águas mais concentradas na seqüência: açudes, rios perenizados, rios perenes, poços naturais, poços amazonas e poços tubulares.
Assim, a figura A indica indica que 15% do total dos açudes apresentam salinidade baixa (CE entre 0 e 250 microsiemens/cm), sendo, esta fonte, a única a apresentar este grau de salinidade; 38% salinidade média (CE entre 251 e 750); 38% salinidade alta (CE entre 751 e 2250) e 8% salinidade muito alta (CE entre 2251 e 5000).
Fig. B
Passando aos rios perenizados, 30% destes apresentam salinidade média, enquanto o percentual caiu para 20% nos rios perenes e 8% nos poços amazonas, sem haver registros desses índices nos poços naturais e poços tubulares.
Em compensação, a proporção relativa de amostras com salinidade alta passou para 38% dos açudes, 50% dos rios perenizados, 60% dos rios perenes, 61% dos poços amazonas e 80% dos poços naturais.
Fig. C
Com relação a salinidade muito alta, 20% do total das fontes, apresentam esse índice, sendo 100% dos poços tubulares, 21% dos poços amazonas, 20% dos rios perenizados, rios perenes e poços naturais e apenas 8% dos açudes.
Fig. D
Houve apenas o caso de um poço amazonas apresentar índices de salinidade considerados excessivamente altos. Se considerarmos os graus de salinidade alto, muito alto e excessivamente alto, iremos observar que estes correspondem a 77% da totalidade das amostras.
Fig. E
Aproveitando as informações dessa pesquisa, recentemente foi defendida uma tese de mestrado no Laboratório de Irrigação e Salinidade da Universidade Federal da Paraíba, onde foram evidenciadas as conseqüências do uso dessas águas em relação ao comportamento das culturas e seus efeitos no solo.
Fig. F
Fig. G
OBS. - Tema apresentado na 45. Reunião Anual da SBPC
Recife, no período de 11 a 16 de junho de 1993.