Importância da geografia na identificação de vulnerabilidades sociais em meio a Covid-19 foi pauta de evento virtual da Fundaj
Primeiro ciclo de palestras da série Pandemia e Sociedade aconteceu nesta sexta-feira (29). Questões indígenas e da população de baixa renda foram discutidas
A geografia não se trata, apenas, de uma extensão territorial. Ela também “entende” características como o contexto cultural, administrativo e tecnológico das áreas delimitadas nos mapas. A partir desses aspectos, a primeira Live da série “Pandemia e Sociedade” tratou sobre questões da saúde em áreas de vulnerabilidade social específicas. Populações indígenas e de baixa renda foram colocadas em pauta. Com o tema “Cartografias da Pandemia: institucionalidades e ativismos no combate à Covid-19”, a Diretoria de Pesquisas Sociais (Dipes) da Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj) promoveu o ciclo de palestras, nesta sexta-feira (29), pelo canal do YouTube da Fundaj.
“A produção dos mapas da pandemia começou a acontecer em tempo recorde neste período de pandemia. Os mesmos passaram a ser também o objeto central do acompanhamento da doença”, afirmou o pesquisador e coordenador do Centro Integrado de Estudos Georreferenciados para a Pesquisa Social (Cieg) da Fundaj Neison Freire. Na palestra dele, foi evidenciada a importância da produção cartográfica no contexto da crise atual.
“Fatores geográficos de vulnerabilidade social, juntamente com os impactos de um desastre não formam um somatório, e sim uma multiplicação. Isso é refletido na economia, política e saúde. Somente a sociedade e seus sistemas de governança podem agir para minimizarem riscos e consequências de um desastre natural”, destacou Neison.
Doutora em Sociologia e professora do Programa de Pós-Graduação em Antropologia da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Vânia Fialho expôs mapas (produzidos por associações em prol dos índios) e falou sobre dados objetivos e subjetivos das populações indígenas em Pernambuco. Ela também tocou no assunto da invisibilidade desse povo em censos e de como isso influencia na criação de políticas públicas específicas para atender as necessidades desse povo. “No contexto de enfrentamento e autoproteção em relação a doença, a luta política dessa população se deslocou um pouco da disputa pelo território para a luta pelo direito à saúde”, destacou a socióloga. Ela apontou também: “precisamos enxergar os dados que revelam as dores enfrentadas e refletir sobre a banalização dessas mortes”.
Já a palestra do doutor em Planejamento Urbano e Regional e pesquisador colaborador na Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) do Rio de Janeiro Heitor Levy Praça, expôs uma pesquisa colaborativa sobre os bairros e as regiões administrativas do Rio de Janeiro. A construção do conteúdo científico foi baseada nos seguintes indicadores: número médio de moradores por domicílio, densidade de pessoas com 60 anos ou mais por km² e taxa de tuberculose por 100 mil habitantes (bairros). Questões que evidenciam a vulnerabilidade social na região. “O conhecimento que geramos serve para informar e orientar as ações de prevenção do poder público. E também para a população, no geral, demandar medidas dos governantes”, afirmou.
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