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Bacia de Barbear
Cobre, século XVII
Rio de Janeiro, RJ
A nossa Bacia de Barbear foi confeccionada provavelmente do século XVII, por autor desconhecido, contudo conhecemos bem seus usos. Como o nome sugere, era instrumento de trabalho utilizado pelos barbeiros e parte destes compunha um segmento específico da mão de obra escravizada, chamados “escravos de ganho”. Tendo maior mobilidade social em relação a outros que habitualmente trabalhavam nas lavouras, os barbeiros escravizados trabalhavam em lojas ou como ambulantes, indo em busca de clientela para, ao final do dia, trazerem os rendimentos para o seu dono ou locatário.
Junto à bacia, os barbeadores carregavam outros utensílios como navalhas, bisturis, linha e agulha, com os quais alguns estariam aptos a realizar pequenos procedimentos cirúrgicos, além de utilizar da Medicina alternativa. E desse modo, numa época em que era caro e escasso o contingente médico formal, esses conhecedores das artes de curar atendiam boa parte dos habitantes menos abastados. Esses barbeiros, presentes desde o século XVII eram tão requisitados, a ponto de haver conflitos com a Sociedade de Medicina e com a Administração nos principais centros urbanos do Brasil. A presença deles e atuação deles foi tratada como questão de saúde pública.
A bacia de barbear em exposição, foi adquirida pelo Museu do Açúcar em 1957, através do leiloeiro Horácio Ernani de Mello, no leilão da coleção Museu Simoens da Silva, no Rio de Janeiro. Registros desta peça nos livros de tombo e catálogos demonstram que circulou entre os acervos do Museu do Açúcar, estando no catálogo de 1969, no Museu Joaquim Nabuco, registrado no catálogo de 1981, e no Museu do Homem do Nordeste, desde 1979.
Síntese a partir do texto de autoria de Alisson Henrique para a publicação 40 Anos em 40 Peças, comemorativa aos 40 anos do Muhne, a ser lançada em breve.