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José Antônio Gonçalves de Mello, o historiador maior
Leonardo Dantas Silva
Dois anos antes da publicação do Manual Bibliográfico de Estudos Brasileiros, um jovem então com 31 anos, autodidata chamado José Antônio Gonsalves de Mello Neto, nascido no Recife em 16 de dezembro de 1916 e falecido na mesma cidade em 7 de janeiro de 2002, revelava ao público interessado no tema o mais completo estudo sobre o período holandês (1630-1654), quando do lançamento do seu livro Tempo dos Flamengos – Influência da ocupação holandesa na vida e na cultura do Norte do Brasil. Rio de Janeiro: José Olympio Editora, 1947. Prefácio de Gilberto Freyre. 328 p. il. (Coleção Documentos Brasileiros; 54).
Como se respondesse aos anseios dos críticos de então, José Antônio Gonsalves de Mello veio revolucionar os estudos sobre o Brasil Holandês, apoiado em extensa bibliografia e na documentação reunida por José Hygino Duarte Pereira na segunda metade do século XIX em arquivos dos Países Baixos.
No seu primeiro livro, aborda ele com maestria a influência dos holandeses na vida urbana e na vida rural, bem como sua atitude para com os negros e a escravidão, para com os índios e a catequese, para com os judeus e as religiões católica e israelita. A obra logo se transformou num clássico, mas sua segunda edição só veio acontecer em 1978, numa tiragem de 5.000 volumes (Coleção Pernambucana, v. 16), seguindo-se de uma terceira edição em 1987, com uma tiragem de 3.000 volumes (Editora Massangana).
O autor do Tempo dos Flamengos veio se transformar, com o passar dos anos, no mais profundo conhecedor do período holandês, desenvolvendo ao longo da vida estudos vários , utilizando-se para isso dos conhecimentos posteriormente obtidos em pesquisas nos arquivos dos Países Baixos (1957-58 e 1962) e de suas constantes investigações em arquivos portugueses, ingleses e espanhóis (Simancas, Sevilha e Canárias).
No seu silêncio, sem fanfarras ou outros apelos à divulgação de sua obra, José Antônio Gonsalves de Mello continuou por toda uma vida trabalhando diuturnamente, no anonimato, sem o apoio e o incentivo que deveria merecer.
Assim ele dedicou mais de meio século à pesquisa histórica, numa busca incessante das raízes de nossa pernambucanidade, revolvendo papeis de há muito esquecidos (considerados até desaparecidos), salvando tanto o perdido como o achado, corrigindo velhos textos, destruindo lendas e ficções, formando discípulos e orientando os mais novos.
José Antônio Gonsalves de Mello se transformou assim numa legenda com seu nome inscrito no panteão dos Grandes de Pernambuco.
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