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Vivenciando a Caatinga é encerrado no Dia Nacional do bioma (28)
O Dia Nacional da Caatinga, celebrado nesta quinta-feira (28), foi coroado com o segundo e último dia do ciclo de debates “Vivenciando a Caatinga”. Durante cinco horas, o público participou de três mesas temáticas sobre educação, conservação do bioma, produção de alimentos em meio a emergências climáticas e a economia circular brasileira. O evento foi promovido pela Coordenação-Geral do Centro de Estudos em Dinâmicas Sociais e Territoriais (Cedist) da Fundação Joaquim Nabuco, no campus Gilberto Freyre da instituição.
Na manhã do segundo dia de programação, foram apresentadas iniciativas voltadas para educação, conservação e produção alimentar, tendo a região do Semiárido como ponto central. Participaram da primeira mesa “Educação Contextualizada no Semiárido”, a antropóloga e pesquisadora da Fundaj, Janirza Rocha Lima; a professora doutora Ana Célia Menezes, da Universidade Federal da Paraíba (UFPB); a secretária de Educação de Afogados da Ingazeira, Wiviane Fonseca; e a servidora da Dipes, Edilene Barbosa.
“Nós acreditamos que para o semiárido é necessário termos uma educação onde a criança aprenda a conhecer e a valorizar o lugar que ela mora. E isso só pode ser aprendido na escola a partir de uma política, pois ela não pode ficar na forma de que um professor possa fazer e outro não”, afirmou Edilene, destacando que a Fundaj tem realizado trabalhos para que os municípios tenham consciência neste sentido e consigam chegar a um projeto de construção para uma política nacional.
Um dos exemplos da construção para o fortalecimento da educação contextualizada ocorre no município de Afogados da Ingazeira, que por meio de uma parceria com a Fundaj participou de um processo de formação continuada com seus professores. “O trabalho da educação contextualizada, seja na escola ou nos espaços formais, é fundamental para fortalecer o pertencimento das pessoas ao bioma da Caatinga”, disse a secretária Wiviane Fonseca.
No momento seguinte do evento, para abordar a temática “Caatinga, Conservação e Produção de Alimentos no Seminário em Tempos de Emergência Climática”, participaram da mesa a Engenheira Agrônoma e coordenadora técnica pedagógica do Centro Sabiá, Maria Cristina Melo; a zootecnista e coordenadora territorial na região do Agreste do Centro Sabiá de Caruaru, Juliana Peixoto; a presidente da Associação Pajeú Lutando pelo Desenvolvimento, Evanice Soares; e a assessora regional de Segurança Alimentar e Nutricional da Cáritas Brasileira Regional Nordeste 2, Maitê Maronhas.
Na ocasião, a coordenadora do Centro Sabiá Maria Cristina lançou a campanha de preservação “Salve a Caatinga”. “Nos últimos 35 anos, o bioma já perdeu mais de 15 milhões da sua floresta original, que equivale a 26%, então é uma perda muito grande. Com isso temos observado uma redução muito grande do volume de água de riachos e rios. Se a caatinga é derrubada, a água desaparece”, alertou.
Diante desse cenário foi destacado o papel da agroecologia como estratégia para conciliar a produção de alimentos à biomassa vegetal, permitindo que as famílias tenham a capacidade de resistir e superar as dificuldades climáticas da região. “Não temos como mudar as características da nossa região, então é preciso conviver com as condições, a partir de uma troca e construção de conhecimentos”, explicou Juliana Peixoto.
A última mesa do encontro falou sobre a “Economia Circular no Brasil: da educação à prática”. O momento apresentou o conceito e o que tem sido feito para difundir a economia circular no país. “Estamos falando de um novo modelo macroeconômico. Será que estamos protegendo o meio ambiente apenas se o destruímos menos? Será que só não estamos retardando a escassez?”, questionou Beatriz Luz, fundadora do Exchange 4 Change Brasil, organização especializada na difusão do conceito. Seu trabalho, junto a sua equipe, é o de adaptar o conceito às várias áreas do mercado e promover soluções inovadoras de reutilização de resíduos. “A economia circular pensa na efetividade dos processos, e não só na eficiência. Trabalhamos com o redesenho, a reavaliação e a redefinição dos processos”, afirmou.
Resumindo os aprendizados que o ramo traz, ela elencou três pontos. É preciso: integrar cadeias no âmbito técnico e econômico; perceber oportunidades em várias cadeias produtivas; e gerar um arranjo geopolítico de investimento e novos comportamentos. Em um segundo bloco de sua apresentação, ela também levantou a importância da educação nesse processo de transição da economia linear para a circular. “Para termos sucesso, precisamos começar com a educação, mas também elencamos mais sete passos seguintes: ganho de escala, investimento, políticas públicas, colaboração e engajamento, comunicação, demonstração de resultados e renováveis”, completou.
Em seguida, a doutora Alvany Santiago, da Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf), em Petrolina, apresentou o trabalho de sua comunidade de aprendizagem sobre a área. “Não somos só um grupo de pesquisa, mas buscamos desenvolver competências para mudanças práticas de comportamento, por isso somos um laboratório'', afirmou. No decorrer de sua fala ela apresentou projetos e bons resultados na difusão e implementação dos conhecimentos. Por meio de palestras, seminários, oficinas, cursos e eventos, sua equipe tem conseguido promover a economia circular.
Depois desse último debate, para encerrar o evento, foi lançado o livro, em formato de e-book: "Sociedade versus Ambiente". Participaram da mesa de lançamento: o economista ecológico e pesquisador aposentado da Fundaj, também responsável pelo prefácio do livro, Clóvis Cavalcanti, e o demógrafo e pesquisador da Fundaj, Morvan Moreira. O material reúne 11 artigos científicos e foi organizado pelo pesquisador aposentado da Fundaj, Antônio Jucá. A obra, publicada pela Editora Massangana, fala sobre os antagonismos e as necessárias complementaridades entre os humanos e a sua base ecológica.
Vivenciando a Caatinga
Ocupando aproximadamente 11% do território nacional, a Caatinga é o único bioma exclusivamente brasileiro. Levando em conta essa especificidade, o “Vivenciando a Caatinga” é um ciclo de debates que foi concebido para evidenciar e discutir a importância da vegetação. Objetivando comemorar o Dia Nacional da Caatinga, a programação aconteceu nos dias 27 e 28 de abril, na Sala Calouste Gulbenkian, campus Gilberto Freyre da Fundaj, em Casa Forte. O primeiro dia do evento girou em torno do turismo, da conservação e valorização da área. Já o segundo focou na educação e economia na região do Semiárido. Confira a cobertura completa do primeiro dia. Confira a cobertura completa do primeiro dia de evento.