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VI Seminário Leitura de Imagens celebra e debate o legado de Nise da Silveira, no campus Ulysses Pernambucano da Fundaj
O Campus Ulysses Pernambucano da Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj) recebeu, entre 17 e 20 de outubro, o VI Seminário Leitura de Imagens: a epistemologia de Nise da Silveira. Organizado pela Sociedade Amigos do Museu de Imagens do Inconsciente (SAMII) e pelo Grupo de Pesquisa Memória, Museus e Patrimônio, e com o apoio do Museu do Homem do Nordeste (Muhne), o encontro teve como principal objetivo discutir textos e pesquisas desenvolvidos a partir das indicações de estudo da médica psiquiatra Nise da Silveira, que foi pioneira no uso terapêutico da arte, ao utilizar atividades expressivas no tratamento.
Uma sessão debate do filme “Nise: O Coração da Loucura”, de Roberto Berliner, na Sala Derby do Cinema da Fundação, precedeu o seminário. Com condução de Eurípedes Júnior, vice-presidente da Sociedade, curador da coleção de esculturas do Museu Nacional de Belas Artes e coordenador do grupo de pesquisa Memória, Museus e Patrimônio (Ibram/CNPq), o debate teve a participação de Gladys Schincariol, psicóloga que trabalhou com Nise nos ateliês terapêuticos do Museu de Imagens do Inconsciente, e do psicólogo Maddi Damião Júnior.
Na sexta-feira (18), uma performance dramática de “Antonin Artaud – Entre a ordem e a vertigem”, conduzida pelo artista Gonzaga Leal e pelo músico Fabiano Menezes, foi responsável por abrir oficialmente o VI Seminário Leitura de Imagens, que pela primeira vez acontece no Recife. Por meio de um vídeo, Cláudio Mele, do Instituto C.G. Jung de Zurique, mostrou o arquivo de imagens do instituto, conectando-o ao trabalho de Nise. Já Gladys Schincariol discutiu o uso das imagens no processo terapêutico.
Participaram da mesa de abertura Henrique Cruz, museólogo do Muhne, Eurípedes Júnior, Christina Penna, secretária geral da Sociedade, de Priscila Moret, coordenadora do Museu de Imagens do Inconsciente, Moneska Toscano, diretora-geral do Hospital Ulysses Pernambucano, e Luana Rotolo, psicóloga do Coletivo Arte-Intervenção. A abertura do evento também contou com a inauguração da exposição “Aquilo que o olhar transvê”, do fotógrafo Rafael Coutinho, na Sala de Leitura Nilo Pereira. Com curadoria do Coletivo Arte-Intervenção, as imagens fazem parte da pesquisa de mestrado de Rafael. A mostra segue aberta para visitação do público geral de forma gratuita até a quarta-feira, 23 de outubro.
No sábado (19), a programação seguiu tratando de temas sobre o inconsciente e as práticas terapêuticas de Nise da Silveira. O turno da manhã contou com mesas a respeito da própria Nise e das imagens do inconsciente, e sobre Jung e os estudos junguianos. À tarde, a terceira e quarta mesa exploraram tanto a obra de Freud e os estudos psicanalíticos, quanto a relação entre arte e educação. Já na manhã do domingo (20), último dia do seminário, os palestrantes abordaram os estudos sobre simbolismo a partir da obra de Nise e debateram sobre criação espontânea e arte bruta.
Agradecendo o apoio da Fundação Joaquim Nabuco na realização do evento, Eurípedes Júnior avaliou o VI Seminário Leitura de Imagens como um sucesso e comemorou a força do grupo de pesquisas na área. “O evento foi um sucesso total, sob todos os pontos de vista, da organização às apresentações. É um momento de grande importância para a saúde mental brasileira ter um grupo de pesquisa avançado nessa época”, afirmou o vice-presidente da SAMII.
Em nome do Coletivo Arte-Intervenção, Luana Rotolo classificou a participação do grupo no evento como uma “grande realização”, destacando seu crescente aprofundamento nos estudos à luz da obra de Nise da Silveira e a parceria com o Museu de Imagens do Inconsciente. “Trazer esse evento [para a Fundaj] é o grande ápice dessa articulação não apenas do Coletivo, mas de todo o campo jung-niseano do Recife, que é bem expressivo.”