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Turma da Jaqueira Segurando o Talo promove sábado de festa na Zona Norte do Recife
Após dois anos sem desfilar, a troça carnavalesca mista “Turma da Jaqueira Segurando o Talo" levou foliões entusiasmados às ruas dos bairros de Casa Forte e Apipucos, na Zona Norte do Recife, neste sábado (11). Os brincantes se concentraram desde as 10h no campus Gilberto Freyre da Fundação Joaquim Nabuco, no bairro de Casa Forte, para aproveitar a programação do 37º carnaval da troça, que iniciou com a participação de uma orquestra de frevo do bairro de Casa Forte e a animação dos Papangus de Bezerros e do tradicional Bloco das Flores.
Funcionários da Fundaj, integrantes da troça e o público geral uniram-se para cair na folia ao som dos ritmos que fazem o nosso carnaval. Os bonecos gigantes de Gilberto Freyre e do maestro Nelson Ferreira acompanharam a festa, animando a primeira parte do desfile, que percorreu a Avenida Dezessete de Agosto, seguindo para a Rua Dr. Seixas, Rua Luiz Guimarães, Rua dos Arcos e retornando pela Avenida Dezessete de Agosto até a esquina do Real Botequim.
Lá, os foliões se juntaram aos quatro trios elétricos que deram continuidade ao cortejo até Apipucos, encerrando a festa na Rua Apipucos, em frente à casa de recepção Arcádia. Nos trios, arrastaram a multidão de brincantes nomes como Silvana Salazar, Marquinhos Balada, cantor da Banda The Rossi, que pertencia à Reginaldo Rossi, e as bandas Beleza Pura e Luará.
"Passamos dois anos sem fazer Carnaval, os bairros do entorno da Fundação Joaquim Nabuco estavam com muita vontade de brincar Carnaval, com muita saudade, não tenho dúvida que o Carnaval de 2023 será um dos maiores da história pernambucana", afirmou Edson Bezerra, presidente da troça e servidor da Fundação. Em sua última edição, no ano de 2020, a troça reuniu mais de 60 mil foliões pelas ruas de Casa Forte e Apipucos.
A grande novidade da edição deste ano ficou por conta da participação especial dos Papangus de Bezerros. Um balé popular com 20 integrantes representou essa tradição do carnaval do interior pernambucano, animando crianças e adultos desde a concentração até o cortejo nas ruas. "A ideia surgiu há 10 anos em trazer para a capital a movimentação carnavalesca que existe no interior do Estado. Inauguramos esse projeto com a vinda dos Caretas de Triunfo, depois os Caiporas de Pesqueira e o Bloco Lira da Tarde, o Homem da Meia Noite e a folia dos Bois de Arcoverde. Dentro do contexto desse carnaval tão rico que temos no interior de Pernambuco, estava faltando a presença Papangus de Bezerros", comenta Edson Bezerra.
Homenageados
Ainda na concentração, foram entregues as comendas aos homenageados deste ano, entre eles o cantor e compositor Rogério Rangel, que venceu a categoria Novo Hino do Talo na I Edição do Concurso Nordestino do Frevo, em 2021, e o cantor Eduardo Moreno, que há 15 anos participa da festa da troça.
"Como homenageado, estou muito honrado, muito feliz. Nós que trabalhamos fazendo frevo, há muitos anos trabalhando pelo Carnaval, fazendo o que gostamos, recebemos essa homenagem com muito carinho e gratidão. O “Segurando o Talo” tem a tradição de arrastar multidões pela rua, isso me deixa muito feliz", disse Rogério Rangel.
Eduardo Moreno destacou a sua afinidade com a troça. "É uma honra ser homenageado. Trabalho representando a cultura popular neste bloco há dez anos. Desde o primeiro ano sigo com a tradição nos trios elétricos. Antes era na frevioca. Construí grandes amizades aqui, me sinto em casa, estou muito feliz”, disse o cantor.
Pelas contribuições prestadas à cultura de Pernambuco e à troça, outros homenageados foram o Bloco das Flores, o deputado federal Carlos Veras, o vereador Samuel Salazar, o empresário Alex Costa e a coordenadora da Coordenação Geral de Comunicação e Mídia (CGCOM) da Fundaj, Karla Veloso.
Segurança
O desfile foi acompanhado por 250 policiais militares do 11º Batalhão da PM, duas ambulâncias, 20 agentes (motos e carros) e 30 orientadores de trânsito da Companhia de Trânsito e Transporte Urbano (CTTU), além de seguranças dos trios elétricos.
Os preparativos para garantir uma folia segura a todos os brincantes começaram na última terça-feira (7), com uma vistoria técnica do trajeto realizada por representantes da PM, Dircon (Controle Urbano do Recife) e CTTU. O objetivo da fiscalização foi identificar e corrigir possíveis irregularidades que comprometessem o desfile do bloco.
Foliões
A animação não faltou aos foliões, que foram se avolumando à medida que o bloco ganhava as ruas. "Sempre ouvi falar sobre a Turma da Jaqueira Segurando o Talo, tenho amigas que vêm há muitos anos e decidi vir. É um privilégio estar aqui, uma troça famosa, tudo maravilhoso, tudo muito lindo. A expectativa era grande e, agora, está sendo uma honra conhecer", disse Cecília Medeiros, que veio de Boa Viagem para curtir a folia em Casa Forte.
Sônia Dantas, servidora aposentada da Fundação Joaquim Nabuco, acompanha a troça desde o início. "Essa troça tem uma importância de vida para mim. Desde que ela começou, ainda embaixo da jaqueira, eu já acompanhava. É parte da história da Fundação e, consequentemente, da minha história, pois foram 42 anos de trabalho na Fundaj, essa troça agrega a comunidade. Hoje, não é só dos servidores, é da comunidade, é de quem quiser vir, é alegria", disse.
No auge dos seus 77 anos, um dos foliões mais agitados da troça, Seu Zito, mostrou malemolência ao sair dançando com as cores da bandeira de Pernambuco estampadas em sua roupa e com a sombrinha de frevo na mão. "Sou conhecido como Zito, tenho 65 carnavais, estou com 77 anos, comecei muito cedo e não pretendo parar. Depois desses dois anos sem Carnaval, estou com uma expectativa boa para esse ano de 2023, para continuar dançando", afirmou Seu Zito.
História da troça
Criada em 1984, A Turma da Jaqueira Segurando o Talo foi idealizada por um grupo de motoristas da Fundaj formado por Edgar Alves da Silva, Ivanildo Roberto da Silva, José Carlos Silva, Paulo Coutinho, Jucilo Coutinho (autor do hino da Turma da Jaqueira Segurando o Talo), Clóvis França e Manoel Cavalcanti, primeiro presidente da troça. Segundo o artigo de Lúcia Gaspar, bibliotecária da Fundação Joaquim Nabuco, e que pode ser conferido no site da Pesquisa Escolar, o nome A Turma da Jaqueira vem do apelido que era dado aos motoristas que, nas suas horas de folga, principalmente depois do almoço, reuniam-se num banquinho que ficava embaixo de uma jaqueira, localizada atrás do Museu do Homem do Nordeste.
Com o passar dos anos, o bloco foi ganhando outras formas, passando a homenagear pessoas e instituições que contribuíram para a valorização da cultura popular pernambucana. Também houve a inserção de bonecos gigantes a exemplo do boneco que retrata o escritor Gilberto Freyre. Além de Manoel Cavalcanti, considerado o presidente perpétuo, a troça teve até hoje dois outros presidentes: Mércia Maria Bezerra Costa e Edson Bezerra da Silva.
"Quando a Turma da Jaqueira surgiu, em 1984, não existia basicamente nenhuma agremiação carnavalesca na Zona Norte do Recife. Era a última fase dos governos militares, mas a semente da troça foi muito bem plantada. Hoje, segundo dados da prefeitura, mais de 70% do carnaval de rua da cidade é feito por blocos e agremiações da Zona Norte. Por isso, somos muito felizes", comentou Edson Bezerra.