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Transformações nos hábitos de leitura provocadas pela tecnologia dominam debates da 3ª Festa Digital do Livro
As experiências diante das mudanças nas plataformas e nos hábitos de ler e consumir arte proporcionadas pela tecnologia dominaram as discussões da 3ª Festa Digital do Livro, evento promovido pela Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj) neste sábado (23), Dia Mundial do Livro. Os três painéis da programação foram exibidos no site do evento https://literaturadigitalfundaj.com.br/, no YouTube da Fundaj, com conteúdo reverberado nas redes sociais da Instituição.
Na fala de abertura, o presidente da Fundaj, Antônio Campos, disse enxergar como tendência para o futuro que a convivência entre as múltiplas plataformas, sem excluir a presença do livro físico, se intensifique. Por isso, destacou, é importante valorizar e fomentar a sede de conhecimento. "Essa temática é de grande importância. Sou um apaixonado pelo livro e acho que o conhecimento é o que diferencia o homem", afirmou.
Antes dos debates, o chefe do Gabinete da Presidência da Fundaj, Marcus Prado, conduziu uma homenagem à escritora Lygia Fagundes Telles, falecida no último dia 3 de abril. "Tive o prazer, a honra, de conhecê-la pessoalmente, em um festival como este", contou e, em seguida, leu um texto sobre a romancista.
Os encontros foram mediados pelo professor e cineasta Adriano Portela, com curadoria da produtora cultural Patrícia Guedes. No primeiro painel, "Literatura e a Era Digital", a influenciadora Mell Ferraz, as escritoras Margarett Leite e Maria João Cantinho e o fundador do Clube dos Autores, Ricardo Almeida, discutiram o tema, refletindo sobre o futuro dos livros físico e digitais e dos hábitos de leitura.
"Os portugueses são mais conservadores, ligados ao livro impresso. Mas há uma nova geração que já lê muito o livro digital. Penso que as tecnologias têm a tendência para conquistarem o seu lugar no mercado editorial", observou Maria João Cantinho. "O importante é que se consiga trafegar pela história, e não pelo formato em que essa história é contada", defendeu Ricardo Almeida.
Já o segundo painel teve como tema "Arte Digital (NFT)", com uma discussão bastante atual sobre o token não fungível (NFT) e o impacto dessa nova realidade no mercado das artes. Entre os participantes, estiveram a cantora Erica Natuza; o sócio-fundador da Roadmaps, Siddartha Moraes; o professor Fábio Paiva (Uninassau); e o ilustrador, quadrinista e autor de literatura infantil Laerte Silvino. "A arte é digital, principalmente a música. A maior distribuição que a gente faz no nosso trabalho é por meio de ferramentas digitais. E o meu interesse em NFT é justamente a possibilidade de você ter o produto lá, seu, original", argumentou Erica Natuza.
Por fim, o terceiro painel, "Ferramentas Digitais", reuniu a publicitária Larissa Picchioni; a professora de psicologia Flávia Peres; a diretora de Negócios e Relacionamento da Berlim Digital, Isabela Andrade; e a escritora e produtora cultural Adriana Mayrinck, que falou de Portugal, onde mora.
"[Há] o objeto livro, que, de algum modo, é um emblema da indústria gráfica, e nós vemos um movimento de livro digital muito forte, que tem um potencial de desenvolvimento. São dois artefatos que podem perfeitamente conviver. E nossas mentes se adaptam a esses diferentes processos cognitivos de relação com a leitura", ponderou Flávia Peres. Adriana Mayrinck ressaltou o caráter versátil do trabalho de difusão do livro como produto nas redes sociais. "Ele (o livro) pode ser experienciado de várias formas e pode ser perpetuado em vários lugares por culturas diferentes", recordou.