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Trabalhos premiados no Concurso de Ensaios Aécio de Oliveira resgatam histórias do Muhne
A utilização do vasto acervo do Museu do Homem do Nordeste (Muhne) para a construção de um projeto de pesquisa que dialoga com a história da região garantiu à historiadora e professora Juliana Ramos e ao escritor, antropólogo e professor de museologia Bruno Brulon a premiação no Concurso de Ensaios Aécio de Oliveira, que fez parte da celebração pelos 40 anos de fundação do Muhne.
O trabalho da pernambucana Juliana Ramos, natural do Recife, é fruto de uma pesquisa realizada para dissertação de mestrado. Intitulado "Museu do Homem do Nordeste: Narrativa e Memória", ele investiga as práticas museológicas que eram desenvolvidas pelo Museu por meio do Departamento de Museologia da época. “O objetivo foi compreender como os museólogos e pesquisadores que pertenciam a esse extinto departamento produziam/impactaram as exposições do Muhne. Para isso tive a preocupação de compreender quem eram esses pesquisadores, como foi a trajetória acadêmica de cada um e como se inseriram no antigo Instituto Joaquim Nabuco de Pesquisas Sociais", explicou Juliana.
Para ela, o certame funciona como um meio de fomento à pesquisa. "O Concurso de Ensaios Aécio de Oliveira promove um debate sobre as práticas preservacionistas brasileiras de forma descentralizada, além do fomento à pesquisa científica e acadêmica em áreas de interseção, como a museologia e a história. A ação estimula o desenvolvimento do conhecimento, da ciência e, sobretudo, da educação", enfatiza a historiadora.
Para o carioca Bruno Brulon, natural de Niterói, o Muhne foi uma das sedes de suas pesquisas arquivística e campo, realizadas entre 2018 e 2019. O resultado consta no trabalho premiado "A viagem de Exu: transferência de autoridade e descolonização da matéria no Museu do Homem do Nordeste", que foi construído também com base em atividades desempenhadas por Bruno no campus da Fundaj, em Casa Forte, e no Sítio de Pai Adão, em Água Fria. "Considero o prêmio como uma vitória coletiva. O trabalho trata sobre a formação da coleção de 'cultura afro-brasileira' no Muhne, considerando os processos de co-curadoria e transferência de autoridade que se deram no final dos anos 1970. Fiz uma análise da 'biografia' de um assentamento de Exu produzido pelo babalorixá Manoel do Nascimento Costa, ou Manuel Papai, do Ilê Obá Ogunté, conhecido como Sítio de Pai Adão. Chamamos a atenção para um trabalho museológico precursor que marca a história da museologia no Brasil", destacou Bruno.
O prêmio
O Concurso de Ensaios Aécio de Oliveira foi idealizado em 2019. O anúncio oficial do resultado aconteceu virtualmente, no dia 13 de dezembro, no canal da Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj) no YouTube. Formada por sete professores doutores em atuação em universidades e instituições de pesquisa, a Comissão Julgadora foi responsável por escolher os/as vencedores/as, que receberam um prêmio individual de R$ 10 mil. As temáticas do concurso foram as seguintes: Olhares sobre a Coleção; História e Memória Institucional; Ações museológicas do Muhne e os discursos sobre a Região Nordeste. Cada participante teve o direito de registrar um projeto, conforme oficializado em edital. O certame integrou as comemorações dos 40 anos do Muhne, equipamento da Fundaj que teve Aécio de Oliveira como primeiro diretor em 1979.