Notícias
Sucesso da mostra “Ocupe Estelita +10” no Cinema da Fundação
“Ocupar, resistir. Rememorar, persistir”. Para marcar uma década do Movimento Ocupe Estelita, a Sala Porto do Cinema da Fundação recebeu a mostra “Ocupe Estelita +10” . Realizada no domingo (27), a mostra contou com a exibição de nove curtas-metragens, seguida de debate com representantes do movimento e cineastas. O Cinema da Fundação é um equipamento cultural vinculado à Diretoria de Memória, Educação, Cultura e Arte (Dimeca) da Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj).
Os curtas-metragens projetados foram: [projetotorresgemeas]”, de 2011 (Coletivo); “Estelita Fight the Power!”, 2014 (Filipe Marcena); "Brega protesto, sem destruição", 2019 (Coque Vídeo); “Novo Apocalipse Recife”, 2015 (Movimento Ocupe Estelita e TCMPP Empatando Tua Vista); “Ação e Reação”, 2014 (Marcelo Pedroso e Pedro Severien); “Salve o Estelita, com direito a rolezão no Shopping Riomar”, 2015 (Ernesto de Carvalho e Leon Sampaio); “Recife, Cidade roubada”, 2014, (Ernesto de Carvalho, Leon Sampaio, Luis Henrique Leal, Marcelo Pedroso e Pedro Severien); “Cabeça de Prédio”, 2015 ( Movimento Ocupe Estelita); e “Das Águas”, 2023 (Adalberto Oliveira e Tiago Martins Rêgo).
O debate, realizado logo após a exibição dos filmes, foi mediado pelo sociólogo e integrante do Ocupe Estelita Chico Ludemir, que falou sobre o papel da exibição dos vídeos na luta do movimento. “Na sessão pudemos reviver, representar e debater os filmes com as pessoas, além de também convidar para essa celebração e para dar continuidade a luta por uma cidade discutida por todos, que é permanente”, disse o artista, acrescentando que além de rememorar o Ocupe Estelita, a mostra foi responsável por apresentar a magnitude do levante aos mais jovens, que não integraram a luta em 2014.
Diretor da Dimeca, Túlio Velho Barreto falou sobre como a mostra atua na preservação da memória do “Ocupe Estelita”. “Um dos aspectos que a exibição segue é o da memória em recuperar uma luta que tem muito impacto na cidade e deixa como legado essa ideia de pertencimento e de pensar a cidade de outra forma, tentando sensibilizar ou fazer com que o poder público pense também na participação do povo na ocupação desses espaços”, observou, ressaltando também o aspecto geracional. “Tem pessoas que não participaram do processo e que agora, dez anos depois, tomam conhecimento do que foi a mobilização em torno daquele espaço que, infelizmente, hoje está sendo ocupado de uma forma que não atende aos interesses da maioria da população.”
Ernesto Barros, do Cinema da Fundação, destacou a perenidade dos curtas exibidos na mostra. “A gente sempre acha que os filmes perdem o valor logo depois que estreiam, mas esses filmes vão ficar como uma prova de que essa geração teve um papel muito grande nessa luta para fazer com que a cidade seja respeitada e ocupada democraticamente”, ressaltou.
O Movimento
O Movimento Ocupe Estelita é uma organização surgida em 2012 contra o Projeto Novo Recife – composto por 12 prédios de até 40 andares, situados no terreno do Cais José Estelita, adquirido em leilão, em 2008, pelo Consórcio Novo Recife. Desde que foi apresentado à população, em audiência pública realizada no dia 22 de março de 2012, um grupo de pessoas se articulou em resistência ao projeto no Recife. Intitulados Movimento Ocupe Estelita, atuaram em contraposição ao crescimento desordenado que o Novo Recife representa, assentados no direito à cidade, e exigindo um processo de participação popular, o cumprimento das legislações vigentes e denunciando irregularidades no processo