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Sessão Literatura em Tela une educação e cultura no Cinema da Fundação
A Sala Derby do Cinema da Fundação recebeu, na terça-feira (20), a sessão Literatura em Tela, projeto coordenado pela Unidade de Artes Visuais. Foi um momento rico em aprendizado, com a exibição do premiado filme "A Hora da Estrela" (1985), seguida de uma aula dinâmica conduzida por Nathalie Alves, arte-educadora da Unidade de Artes Visuais da Fundaj. O Cinema da Fundação e a Unidade de Artes Visuais são vinculados à Diretoria de Memória, Educação, Cultura e Arte (Dimeca) da Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj),
O filme "A Hora da Estrela" , de Suzana Amaral, que rendeu o Urso de Prata de Melhor Atriz a Marcélia Cartaxo no Festival de Berlim, encantou a todos. Na trama, Marcélia interpreta Macabéa, uma jovem nordestina e datilógrafa no Sudeste que sonha com a felicidade. Após a sessão, o público discutiu a obra de Clarice Lispector, numa aula enriquecedora conduzida por Nathalie Alves, monitora da Unidade de Artes Visuais.
"A proposta do 'Literatura em Tela' na sessão de hoje foi explorar aspectos da obra de Clarice, tanto no filme quanto no livro, estabelecendo um paralelo entre eles. A ideia é, após a sessão, realizar uma aula sobre o que foi visto e lido, sabendo que o cinema pode alcançar mais do que a leitura. Tentamos, assim, despertar neles o desejo de ler o livro através do cinema", explicou Nathalie.
A educadora trouxe ao debate com os estudantes uma questão do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) sobre a obra e também abordou a trajetória da autora, a Geração de 1945, o Modernismo, a ruptura com o enredo factual e o fluxo de consciência presentes na obra de Clarice.
"Achei a sessão magnífica e dinâmica. Na escola, temos a experiência da leitura e hoje tivemos a experiência do cinema. São duas perspectivas diferentes, mas complementares. Foi muito interessante ver como a diretora do filme optou por uma abordagem diferente da de Clarice no livro", comentou Sâmia Freitas, estudante do terceiro ano do Ensino Médio no Colégio Avance.
O filme contou com recursos de acessibilidade comunicacional, como Audiodescrição (AD) para pessoas cegas ou com baixa visão, Língua Brasileira de Sinais (Libras) para pessoas surdas, e Legenda para surdos e ensurdecidos (LSE). A aula que se seguiu também teve interpretação em Libras, realizada por Yastricia Santos e Júlia Dias, da equipe de acessibilidade da Fundaj.
Pedro Oliveira, 20 anos, estudante da Escola de Referência em Ensino Fundamental e Ensino Médio Governador Barbosa Lima, destacou a importância da sessão para o aprendizado de novas palavras. Surdo, ele afirmou: "Eu assisti ao filme, entendi a história e gostei bastante. Teve um momento em que não havia muitas falas, mas consegui compreender. A história de Macabéa me marcou muito, especialmente a sua inocência e como ela se transforma. Ter essa experiência de aula dentro do cinema foi muito importante. Houve palavras que eu não conhecia, como 'epifania', mas fui entendendo de acordo com a aula e o contexto", concluiu.