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Sessão debate na Fundaj leva ao público reflexões sobre demarcação de territórios indígenas e atual situação dos povos
A relação entre a demarcação de territórios indígenas, a atual situação dos povos, as fronteiras e a Terra foi discutida na última quinta-feira (25) na Sala João Cardoso Ayres, localizada no campus Ulysses Pernambucano da Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj), no Derby. A instituição recebeu uma sessão debate gratuita do longa-documental “Gyuri”.
O título da cineasta pernambucana Mariana Lacerda aborda uma linha geopolítica improvável entre a pequena aldeia húngara de Nagyvárad e a Terra Indígena Yanomami, na Amazônia brasileira, é traçada a partir das vivências de Claudia Andujar, uma ativista sobrevivente da Segunda Guerra. Exilada no Brasil, Claudia dedicou a vida à salvaguarda dos povos Yanomami. A narrativa circula entre a história da vida da ativista e do seu encontro com os povos Yanomamis.
Após a exibição, a Fundaj deu voz a reflexões e provocações acerca das temáticas do filme. O encontro foi mediado pela pesquisadora e coordenadora do Centro de Estudos em Dinâmicas Sociais e Territoriais (Cedist) da Diretoria de Pesquisas Sociais (Dipes) da Fundaj, Edneida Rabêlo Cavalcanti, e contou com a presença do antropólogo e pesquisador da Fundaj, Pedro Silveira, e pela mestra em História, Thyara Freitas (Povo Pankararu).
O pesquisador da Fundaj destacou a estratégia da narrativa de não levar as desgraças que estavam acontecendo com os Yanomami e sim a potência deles como modo de viver e modo de existir, na linha de frente pela defesa dos seus direitos. “Eu acho que é um filme sobre a potência do encontro da Cláudia com os Yanomami e, em especial, com Davi Kopenawa”, refletiu.
Traçando um paralelo com outros povos indígenas no Brasil, Thyara provocou questões acerca da demarcação de território indígena como problema em todo o país e a lógica da desumanização para práticas violentas e isenção do Estado de garantir direitos desses povos.
Para o professor doutor Moisés Santana, pró-reitor de Extensão, Cultura e Cidadania da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), há uma lógica violenta que desenraiza os povos e produz efeitos de crise aprofundada. Ele pontuou ainda a necessidade de debates como esse para que as instituições saiam de um “necroadormecimento” e “acordem” diante das situações como a dos Yanomami. Por fim, o professor celebrou a obra enquanto espaço do encontro. “O filme mostra a importância de uma narrativa que cria conexão e toca as pessoas para conversar”, aplaudiu.
A sessão especial gratuita integrou a programação da “Jornada do Dia da Terra” promovida UFRPE, numa parceria com a Fundaj e instituições como a Rede Brasileira de Instituições de Ensino Superior para o Desenvolvimento Sustentável (UniSustentável), a ONG Dia da Terra, o Centro Sabiá e o Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra (MST).