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Sessão debate do documentário “Maré do Peixe” mostrou cultura e saberes da lida com o mar
O fascinante universo da pesca artesanal tomou o Cinema da Fundação com a sessão debate do documentário “Maré do Peixe”, na terça-feira (19/11), no Campus Ulysses Pernambucano, localizado no bairro do Derby. Realizado pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e pelo Instituto Brasil Plural INCT Brasil Plural, o filme foi exibido como parte da 27ª edição do ciclo de debates De Frente pra Costa, promovido pela Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj), que aborda questões litorâneas e pesca artesanal.
A sessão contou com a presença de Rafael Devos e Gabriel Coutinho Barbosa, professores do Departamento de Antropologia da UFSC e realizadores do documentário. O debate é uma parceria entre as duas coordenações da Diretoria de Pesquisas Sociais (Dipes) da Fundaj: o Centro de Estudos de Cultura, Identidade e Memória (Cecim), coordenado por Darcilene Gomes, e o Centro de Estudo em Dinâmicas Sociais e Territoriais (Cedist), com coordenação de Edneida Cavalcanti.
Também participaram do evento como convidados a pesquisadora Beatriz Mesquita, da Fundaj, e Edimburgo Muniz, da Associação de Pescadores de Carne de Vaca (PE). No bate-papo, Beatriz destacou a importância de mostrar as tecnologias e costumes da pesca artesanal. “Acho que quem é da pesca artesanal precisa que isso seja mostrado para a sociedade. Porque se fala muito na bolha de quem já conhece, um filme como esse pode extrapolar essa bolha e mostrar a importância da pesca para quem está de fora”, pontuou
Com mediação do pesquisador Pedro Silveira, da Dipes/Fundaj, os diretores falaram sobre a riqueza do universo cultural apresentado nas praias visitadas. “O filme é resultado de uma pesquisa que iniciamos entre 2014 e 2015. Começamos pela Baía da Traição, no litoral da Paraíba, com interesse em técnicas de navegação e pesca. A partir de interações com os pescadores locais, fomos levados a Touros, no Rio Grande do Norte”, destacou Gabriel Coutinho Barbosa. Após pausa durante a pandemia, as filmagens foram retomadas em 2023.
“É muito especial estar aqui com vocês. É uma maneira de conversarmos sobre alguns assuntos que são específicos da beira do mar, da relação com os ventos, as marés e os pesqueiros, que é muito diferente dos nossos trabalhos com a pesca no Sul do Brasil”, disse Rafael Devos.
A percepção dos jangadeiros sobre o ambiente e seu manejo dos instrumentos compõem um rico traço cultural, que também favorece a sustentabilidade e a convivência harmônica do homem com o ambiente. Por meio de imagens à beira do mar, nas jangadas e também durante pescas subaquáticas, é possível enxergar detalhes pouco conhecidos da prática da pesca artesanal, como a relação dos pescadores com os ventos e as marés.
No evento, Edimburgo Muniz trouxe ainda o importante olhar de quem conhece de perto o ofício do mar. “As pessoas vêem que o peixe chega na mesa, mas não sabem e não procuram saber como ele chegou. Nada do que você traz do mar é fácil. Tudo tem sua logística. Tudo é uma arte”, ressaltou.