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A construção de uma família a partir do afeto entre os amigos norteia o longa-metragem “Kasa Branca”, do diretor e roteirista Luciano Vidigal, que participou de uma sessão debate, na última terça-feira (18), na Sala Derby do Cinema da Fundação, equipamento vinculado à Diretoria de Memória, Educação, Cultura e Arte (Dimeca) da Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj). Na ocasião, o diretor dedicou o filme ao cineasta Cacá Diegues, que morreu aos 84 anos no último dia 14 e foi produtor associado de “Kasa Branca”. O longa conta a história de Dé, um jovem da periferia do Rio de Janeiro que se esforça para aproveitar ao máximo o tempo com a avó Dona Almerinda, que tem a doença de Alzheimer em estágio avançado.
Durante a sessão debate, mediada pelo assistente de programação e curadoria do cinema, João Rêgo, o diretor de “Kasa Branca” destacou o papel do cinema para a construção do imaginário coletivo. “Muita coisa precisa ser desconstruída na nossa sociedade, entre elas a forma como os corpos pretos aparecem no audiovisual. Eu sou um cara preto que estuda cinema e a gente precisa lutar para não ser violentado na tela. Eu queria muito que esse corpo preto do Dé (Big Jaum), gordo, jovem e periférico tivesse o lugar de protagonismo”, revela o cineasta.
No Festival do Rio 2024, “Kasa Branca” levou os prêmios de melhor ator coadjuvante, melhor fotografia e melhor trilha sonora e fez de Luciano Vidigal a primeira pessoa negra a vencer o Troféu Redentor de melhor direção na competição principal. “Esse filme é um divisor de águas na minha vida. Com esse longa, eu passei a ter a autoestima trabalhada num lugar de positividade. Ele me ensinou a enxergar a minha potência e as minhas responsabilidades como homem preto cineasta oriundo de favela. Eu tenho muito mais estímulo para continuar, apesar das dificuldades”.
Inspirado em histórias reais retratadas com muita delicadeza, o longa recebeu outros 11 prêmios e sua produção gerou 600 empregos diretos. Escrever histórias respeitosas, cheias de afeto e que valorizam sua ancestralidade é uma marca do trabalho de Luciano Vidigal, que assinou a direção e o roteiro do curta-metragem de ficção “Lá do Alto”, com o qual conquistou mais de 40 prêmios em festivais nacionais e internacionais. “Kasa Branca” é o primeiro longa-metragem do carioca, que também dirigiu um dos episódios do longa “5X Favela – Agora por Nós Mesmos”, produzido por Cacá Diegues e exibido em Cannes, e, ao lado de Cavi Borges, também dirigiu o documentário “Cidade de Deus – 10 Anos Depois”.