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Servidor aposentado da Fundaj faz restauros em obras danificadas pelas enchentes no Rio Grande Sul
Professor em conservação e restauração em livros raros, o pernambucano Eutrópio Bezerra, servidor que durante muitos anos atuou no Laboratório de Pesquisa, Conservação e Restauração de Documentos e Obras de Arte Antônio Montenegro (Laborarte) da Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj) e possui larga experiência em recomposição de obras danificadas por inundações, foi contratado pelo Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região do Rio Grande do Sul (TRT4RS), em Porto Alegre. Seu trabalho será o de restaurar o acervo documental atingido pelas enchentes em abril passado. O que inclui processos que, pelo valor histórico, receberam o selo “Memória Mundo” da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), sendo considerados Patrimônio da Humanidade.
Para Bezerra, apesar do longo período em que os documentos ficaram submersos e sujeitos à proliferação de mofo, é grande a possibilidade de restauração. “Em princípio, temos um ano de trabalho pela frente, mas só o tempo dirá o quanto esses serviços vão durar. Todo procedimento se concentra na conservação preventiva. Então, estamos fazendo a higienização, a secagem, os primeiros socorros e o treinamento das equipes. A partir de cada diagnóstico é que vamos saber qual técnica utilizar de acordo com o estado que cada volume apresenta. Posso dizer, que já estou usando técnicas, altamente sofisticadas”, explicou o professor.
Todo o desenvolvimento das atividades para o resgate dos documentos do Arquivo-Geral, estimado em cerca de um milhão de processos, segue o plano de ação do grupo composto por membros das Comissões de Gestão da Memória (CMEMO), de Avaliação de Documentos (CPAD), e servidores da Secretaria Processual, Gestão Documental, Arquivos e Memorial. O transporte é feito por etapas, de acordo com o cronograma da Secretaria de Manutenção e Projetos do TRT.
Especialidade
Atualmente aposentado, durante muitos anos, Eutrópio Bezerra fez parte do quadro de servidores da Fundaj, trabalhando no Laborarte, um equipamento vinculado ao Museu do Homem do Nordeste (Muhne), que por sua vez é ligado à Diretoria de Memória, Educação, Cultura e Arte (Dimeca) da Fundaj. Em seguida, fez especialização em Patrimônio Documental, Bibliográfico e Artístico, no Laboratório de Conservação e Restauração Barbáchano & Beny Patologia y Restauración, em Cercedilla, na Espanha. Posteriormente, voltou à Fundação Joaquim Nabuco e trabalhou na conservação do acervo.
De 2021 a 2023, coordenou o projeto de conservação e restauração do Arquivo Público de Salvador-BA, em acervo do século XVII, que tem também o selo “Memória Mundo” da UNESCO. “O TRT do Rio Grande do Sul, conheceu o meu trabalho, através da minha participação na recuperação documental do Tribunal Regional do Trabalho da 6ª Região de Pernambuco (TRT6PE), nas enchentes de 2011 e 2017". Eutrópio Bezerra é reconhecido no Brasil e internacionalmente pela especialidade do seu trabalho.