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Sensibilidade e conexão entre pais e filhos marcam “A filha do palhaço", do diretor cearense Pedro Diógenes
Diretor e roteirista de oito longas-metragens e realizador de 11 curtas, formado pela primeira turma da Escola de Audiovisual de Fortaleza em 2008, Pedro Diógenes, que já trabalhou como técnico de som em mais de 60 filmes, participou, no último dia 4, de um bate-papo com o público, após a exibição do seu longa “A filha do palhaço” (2022). Realizado na sala Porto do Cinema da Fundação, equipamento cultural vinculado à Diretoria de Memória, Educação, Cultura e Arte (Dimeca) da Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj), o debate foi mediado pelo curador do Cinema da Fundação, Ernesto Barros.
Após os créditos finais, a plateia aplaudiu com vigor a obra inspirada na vida do ator Paulo Diógenes, primo do diretor, que homenageia artistas que vivem do humor no Ceará. Ao longo do filme, as revelações aproximaram os personagens e sensibilizaram o público, surpreendido pela forma como o cineasta conduziu a história, cuja protagonista é Joana, uma adolescente de 14 anos que aparece para passar uma semana com o seu pai que mal a conhece.
Ao iniciar o debate, Ernesto Barros fez uma retrospectiva da carreira de Pedro Diógenes, que integrou o coletivo Alumbramento entre 2010 e 2016 e atualmente faz parte do grupo cearense Marrevolto Filmes. “Com a “A filha do palhaço”, o cineasta assume um tom diferente e quebra barreiras ao tratar problemas familiares. A obra sai do experimentalismo, do gueto, características de filmes anteriores do diretor, e alcança um número muito maior de pessoas”, comenta Barros.
Desde que começou a estrear nos festivais, o filme chamou bastante atenção e tem sido bem recebido pela crítica e pelo público. A obra é movida por muitas inquietações, como o relacionamento entre pais e filhos. “A paternidade é um tema muito próximo para mim e para todo mundo. Tem relação com o nascimento da minha primeira filha, mas também com a morte do meu pai. Eu estava pensando na paternidade tanto no sentido de presença quanto no sentido de ausência”.
Durante o debate, Pedro Diógenes, compartilhou como foi o processo para construção do roteiro de “A filha do palhaço”. “Comecei a escrever o roteiro em 2012 e essa demora levou fez com que o roteiro fosse mais trabalhado em cima da dramaturgia e dos personagens. Eu estava a fim de experimentar essa conexão mais direta com o expectador”.
Filmar a cidade de Fortaleza também é algo que motiva Pedro Diógenes e ele faz questão de colocar a cidade em seus trabalhos. “Eu quis falar sobre o humor, que no Ceará é algo muito presente e importante, e mostrar o que está por trás desse trabalhador, que tem que fazer as pessoas rirem, e o que acontece depois que ele tira a maquiagem e desce do palco”. Eleito pelo júri popular como melhor filme na Mostra de Cinema de Tiradentes e na Mostra de Cinema de Gostoso, além de ter sido exibido em diversos festivais nacionais, “A filha do palhaço” estreou nos cinemas do país na última semana de maio e segue em cartaz na sala Porto do Cinema da Fundação, com sessão nesta terça (11), às 19h, e na quarta (12), às 15h15.