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Seminário realizado na Fundaj trouxe perspectivas diversas sobre a situação do artesanato no Nordeste
Com amplo debate sobre o artesanato e a condição artesã no Nordeste, a Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj), por meio da Diretoria de Pesquisas Sociais (Dipes), promoveu ao longo dos dias 26 e 27 de fevereiro, na sala Gilberto Osório, no Campus Apipucos, o Seminário de Acompanhamento do Projeto Artesanato no Nordeste Hoje.
No encontro, que contou com a presença de pesquisadores de diversos estados e instituições, foram apresentados os resultados parciais de subprojetos realizados até o momento, com o objetivo de reunir as contribuições por meio da troca de experiências.
"A gente fica muito feliz com o evento. Ele foi pensado como uma atividade de acompanhamento e acabou tomando uma proporção com a participação de outros atores de fora da universidade, da Secretaria de Cultura, pessoal do sindicato dos artesãos, parceiros não previstos e isso mostra a importância do tema. Mostra que é importante a gente consolidar espaços de diálogo sobre esse tema, e a Fundação Joaquim Nabuco tem esse histórico. A instituição tem esse papel de ser um fórum, um lugar para se discutir, para se dialogar, um ponto de encontro do debate acadêmico e não acadêmico. A gente fica muito feliz, a gente sai revigorado e animado em continuar a pesquisa e seguir com o processo de escuta entre os pesquisadores membros do projeto e com essa participação desses outros atores", afirmou o pesquisador da Fundaj Diogo Helal, coordenador do encontro.
Além da Fundaj, participam do estudo a Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Universidade Federal da Paraíba (UFPB), Universidade Federal do Cariri (UFCA), Universidade Federal de Alagoas (UFAL) e Universidade Federal do Maranhão (UFMA).
"O seminário dá sequência a uma trajetória de eventos. O primeiro encontro foi em Pernambuco, em 2022. Houve um segundo, em João Pessoa, na UFPB, um terceiro, em Maceió, na UFAL, e hoje realizamos o quarto da sequência. Esse, em particular, teve esse caráter de apresentação de avanços, com resultados preliminares, teve esse componente novo para a trajetória do projeto, pois foi a primeira vez que a gente se reuniu para apresentar os nossos avanços. Então, ele é fundamental para que haja essas inspirações cruzadas em relação ao que cada um está fazendo em cada estado e de que modo isso inspira os outros nas suas trajetórias investigativas", afirmou o professor Márcio Sá, da Universidade Federal da Paraíba, um dos coordenadores do evento.
Sessões
A atividade foi dividida em sessões que abordaram “As Políticas Públicas e o Artesanato” e “O Artesanato e a Condição Artesã”. Na segunda-feira (26), os pesquisadores da Fundaj Diogo Helal e Cátia Lubambo (Fundaj) e o professor Márcio Sá compuseram a mesa de abertura ao lado do chefe de gabinete da Presidência da Fundaj, José Amaro Barbosa, que representou a presidenta da Fundação, a professora doutora Márcia Angela Aguiar.
Na ocasião, foram realizadas exposições pelo professor Márcio Sá, pela professora Jesuína Ferreira (UFCA) e pela professora Milka Barbosa (UFAL). Foram abordadas as condições artesãs a partir de perspectivas da Paraíba, do Cariri, no Ceará, e de Alagoas, com temas como ausência de políticas públicas concretas, falta de reconhecimento e valorização da profissão, espaços de comercialização, desenvolvimento de centros de artesanato e as relações de trabalho e de gênero, abordando o papel das mulheres no artesanato.
Já a manhã da terça-feira (27) foi marcada por apresentações de trabalhos e discussões sobre “Artesanato e Políticas Públicas”. Na primeira apresentação, Tiago Barbosa, mestrando em Administração na UFPE, apresentou os resultados preliminares da pesquisa sobre “O Papel do Sebrae na implementação do Programa do Artesanato Brasileiro no Nordeste".
Seguindo com as apresentações, Samuel Brandão, bolsista da Iniciação Científica da Fundaj, explanou os resultados preliminares do trabalho sobre “A implementação de Políticas Públicas voltadas ao artesanato durante a Pandemia de Covid-19”. Victor Caldas, por sua vez, também bolsista da Fundaj, falou sobre “Artesanato e Políticas Públicas: aproximação a partir de uma revisão de escopo da literatura nacional". Diogo Helal foi o orientador desses três primeiros trabalhos.
Fechando as apresentações da manhã, os pesquisadores da Fundaj Cátia Lubambo e Diogo Helal apresentaram os resultados preliminares sobre “Programa do Artesanato Brasileiro: qual tem sido a inserção na esfera das políticas públicas de patrimônio imaterial na região Nordeste?”. Na tarde da terça-feira (27) foi realizada a última sessão. A primeira apresentação, realizada por Ednaldo Júnior e Denise Souza (UFPE), abordou “O impacto da Fenearte para as condições de vida e trabalho dos(as) artesãos(ãs) pernambucanos(as)”. Em seguida, o professor titular da Universidade Federal do Maranhão Giovanni Boaes apresentou “Retratos socioetnográficos do CEPRAMA: contextos da condição artesã em São Luís-MA”.
Representando o Sindicato dos Artesãos de Pernambuco, Lúcia Leite trouxe um olhar da classe sobre o tema debatido. "Para mim foi uma surpresa positiva esse encontro. São muitas pesquisas feitas sobre artesanato, mas a gente, artesão, não tem oportunidade de participar. Então, foi muito bom. A equipe maravilhosa, o projeto ainda está em fase de acabamento, de finalização, e foi uma oportunidade para esclarecer algumas coisas, como artesão, sobre o que a gente sofre, sobre a falta de um apoio, e precisamos de pesquisa para poder chegar até o governo e dizer: 'Olha, tem dados científicos sobre esse fato'. O que eu constatei também é que a carência não é só de Pernambuco. A carência de apoio é principalmente do Nordeste. Os trabalhos precisam ouvir a parte mais interessada, que é o ator principal, o artesão", concluiu.
Agora, os pesquisadores seguem com o cronograma estabelecido, com uma visita técnica já nesta quarta-feira (28), no Agreste de Pernambuco, para verificar a situação do artesanato nas cidades de Caruaru e Bezerros. Também serão realizadas mais à frente visitas técnicas no Ceará e no Maranhão. A primeira etapa do relatório deve ser finalizada neste ano e o trabalho tem a previsão de finalização no ano que vem.