Notícias
Seminário na Fundaj aborda problema da automutilação nas escolas e discursos dos estudantes sobre a temática
O discurso dos adolescentes do Recife sobre automutilação e a necessidade de uma rede integrada para lidar com esses casos foi o tema do Seminário “Violências autoprovocadas na adolescência: Conceitos e Rede de Assistência”, promovido pela Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj), por meio da Diretoria de Formação Profissional e Inovação (Difor). Aberto ao público, o evento foi transmitido pelo canal da Fundaj no YouTube e faz parte da programação do minicurso "Automutilação em contextos escolares", incluído nas atividades do Mestrado Profissional de Sociologia em Rede Nacional (ProfSocio).
Conduzido pelo especialista em saúde mental Henrique Landim Santos e mediado pela mestranda do Mestrado Profissional de Sociologia em Rede Nacional (ProfSocio) da Fundaj, Fabiane Amorim, e pelo Coordenador Geral de Cooperação e Estudos de Inovação Alexandre Zarias, o debate abordou como os setores da educação, saúde e assistência social, podem atuar de forma conjunta para promover um serviço melhor para a população.
A apresentação de Henrique, que representou a Coordenação de Saúde Mental do Recife e o Grupo de Pesquisa em Violências Autoprovocadas levou em conta um fato que atualmente é visto como algo extremamente necessário: a intervenção quanto às lesões autoprovocadas, que deve ser entendida como um conjunto de instituições, ideias e práticas, que tentam lidar com o comportamento autolesivo. Para compreender os discursos de professores e alunos de escolas públicas estaduais do Recife sobre automutilação, o pesquisador entrevistou 521 adolescentes de duas escolas públicas da capital pernambucana.
Landim também abordou em sua apresentação a importância da Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) e dos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), estes últimos como espaços de acolhimento ao sofrimento psíquico. “O SUS nos impõe muitos desafios e saúde mental é um dos espaços de maior desafio, mas eu aposto que o SUS é uma solução com problemas e não um problema com solução”, afirmou.
O seminarista observou que muitos alunos consideram a discussão sobre autolesão ou automutilação nas escolas um tabu. Frequentemente, esses estudantes estabelecem laços mais rápidos e abertos com profissionais dos serviços gerais ou da cantina do que com o corpo docente. Diante disso, ele destaca a importância de integrar toda a comunidade escolar na abordagem deste tema sensível, visando criar um ambiente de suporte e compreensão.
Coordenadora do minicurso “Automutilação em contextos escolares”, Fabiane Amorim ressaltou: “Por causa do tabu, as escolas se eximem de conversas sobre isso com os educadores, com as famílias e com os estudantes. Enquanto educadores, não somos preparados para lidar com essa situação. Esse debate precisa chegar”. Alexandre Zarias aplaudiu a iniciativa que destacou que este “é um tema que não se pode silenciar, é preciso debater, pois as pessoas têm muita curiosidade e pouco conhecimento sobre a temática”.