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Seminário discute vigilância de óbitos de mães, fetos e recém-nascidos no contexto da pandemia de covid-19
A vigilância da mortalidade materna, infantil e fetal durante a pandemia de covid-19 foi o tema central do Seminário Mortalidade Materna, Infantil e Fetal e Atuação da Vigilância de Óbitos no Contexto da Pandemia pela Covid-19 realizado na quinta-feira (7) pela Diretoria de Pesquisas Sociais (Dipes) da Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj). O evento, cuja programação se estendeu durante o dia, aconteceu na Sala Aloísio Magalhães, no Campus Ulysses Pernambucano da Fundaj, no bairro do Derby.
Confira como foi o primeiro dia do Seminário: Fundaj realiza debates e oficinas de vigilância do óbito infantil e fetal, no Derby — FUNDAJ
O Seminário é parte das ações da pesquisa “Análise da mortalidade materna, fetal e infantil por covid-19 no estado de Pernambuco”, da Fundaj com apoio da Fundação de Amparo à Ciência e Tecnologia de Pernambuco (Facepe). O encontro, que também marca os 20 anos da vigilância do óbito fetal e infantil do Recife, tem como principal objetivo discutir as repercussões da pandemia na mortalidade de mães, fetos e recém-nascidos.
Pesquisadores, gestores, profissionais e estudantes da área da saúde lotaram a Sala Aloísio Magalhães durante a mesa de abertura, que contou com a participação da presidenta da Fundação Joaquim Nabuco, a professora doutora Márcia Angela Aguiar, da diretora em exercício da Dipes, Darcilene Gomes, e da pesquisadora da Fundaj e integrante da comissão organizadora do seminário, Cristine Bonfim. Também estiveram presentes na mesa de abertura Enildo Meira, representando a superintendência estadual do IBGE, Bruno Ishigami, secretário-executivo de Vigilância em Saúde e Atenção Primária da Secretaria Estadual de Saúde de Pernambuco, Marcela Abath, secretária executiva de Vigilância em Saúde da Secretaria de Saúde do Recife, Sandra Valongueiro, representante do Comitê Estadual de Estudos da Mortalidade Materna, e Madalena Oliveira, representante do Comitê Estadual de Prevenção e Redução da Mortalidade Infantil e Fetal de Pernambuco.
A presidenta da Fundaj ressaltou a amplitude e alcance do tema. “O seminário chama a atenção para o fato de que [esta mortalidade] não é só um problema de saúde; é um problema sobre como o Estado brasileiro trata as questões fundamentais do ponto de vista da população e da dignidade humana”, pontuou. Para a diretora em exercício da Dipes, tanto o seminário quanto a pesquisa desenvolvida na Fundaj têm muitos méritos. “Talvez, o maior [mérito] seja estarmos aqui lembrando como a pandemia foi ruim e como as pessoas que poderiam ter feito a diferença naquele momento não fizeram”, afirmou Darcilene Gomes.
Já a pesquisadora Cristine Bonfim destacou a importância de “vestir a camisa” e defender a vigilância do óbito enquanto política pública de saúde. “Trouxemos para a mesa os dois comitês [da vigilância do óbito materno, fetal e infantil] porque entendemos que defender o SUS e a saúde das mulheres e das crianças faz parte do nosso cotidiano e da nossa agenda de trabalho e política”, disse.
Durante a manhã, houve também o lançamento de um dossiê sobre o tema do seminário no Cadernos de Estudos Sociais, periódico científico da Editora Massangana. Com mediação do coordenador da editora, Cristiano Borba, a pesquisadora Isabel Raposo, da Dipes/Fundaj falou sobre o processo de elaboração do dossiê e do editorial que abre o primeiro volume da 38º número da revista, que inclui quatro artigos que foram apresentados durante as sessões do evento. Ela também saudou os pesquisadores envolvidos na produção do material, incluindo Cristine Bonfim, da Fundaj, Barbara de Queiroz Figueirôa, da UFPE, e Leila Katz e Paulo Germano de Frias, do IMIP.
Sessões
O seminário seguiu com seis sessões que apresentaram dados e visões diversas a respeito da vigilância do óbito materno, fetal e infantil, bem como a repercussão da pandemia de covid-19 nesse contexto. Sandra Valongueiro apresentou a perspectiva do CEEMM-PE sobre a mortalidade de mães durante e após a pandemia Já Izabel Guimarães Marri, do IBGE, e Morvan de Mello Moreira, pesquisador aposentado da Fundaj, compuseram a segunda sessão, apresentando tanto os dados de nascimentos no país durante a emergência de saúde quanto às trajetórias temporais das concepções durante a Zika e a Covid-19 no Nordeste.
A terceira sessão contou com os trabalhos de Aglaêr Alves da Nóbrega, do Ministério da Saúde, sobre a mortalidade fetal e infantil no país, e de Betine Pinto Moehlecke Iser, da Universidade do Sul de Santa Catarina, sobre os índices de prematuridade no Brasil antes e depois da pandemia. Ao longo do seminário, os participantes também discutiram os desafios na vigilância do óbito fetal e infantil, que vão desde a participação dos médicos à necessidade de agilizar o acesso aos prontuários, estabelecer o monitoramento das recomendações, retomar, fortalecer e trazer à tona o comitê de estudos na atenção básica.
Os debates ao longo de todo o seminário reforçaram e fortaleceram a responsabilidade social dos profissionais, principalmente daqueles do Sistema Único de Saúde, que destacaram, em toda a programação, que um único óbito não pode ser admitido, mas sim discutido para que não seja repetido. “Fizemos pesquisa, produto acadêmico e devolvemos os resultados para os profissionais da saúde com o seminário, mas a nossa missão não terminou aqui e a gente tem muito mais para discutir e fazer”, pontuou Cristine Bonfim ao final do evento.