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Saberes populares e educação dialogam com público em seminário na Fundaj
Novos diálogos comunitários e educativos no quinto dia do Seminário “Uma Década em Transformação: Celebrando 10 Anos de Educação, Culturas e Identidades”! Nessa sexta-feira (6/12), as atividades foram realizadas na Sala Aloísio Magalhães, do campus Ulysses Pernambucano da Fundaj, no Derby. Em mais um dia de diálogo sobre coletividade, teve continuidade a programação do “Seminário Internacional Comunidades Educativas: O que pode um encontro?”. O evento foi uma realização do Centro de Estudos de Cultura, Identidade e Memória (Cecim) da Diretoria de Pesquisas Sociais (Dipes) da Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj). O encontro também integrou a celebração dos 10 anos do Programa de Pós-Graduação em Educação, Culturas e Identidades (PPGECI),, mestrado associado da Fundaj com a Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE).
Com mediação do pesquisador Maurício Antunes (Fundaj), a mesa “Aprender em comunidade e com comunidades: arte e cultura no Alto José do Pinho” abriu as atividades, com fala do professor, ator e poeta Jailson de Oliveira, do Coletivo de Cultura Poesis, sediado na comunidade. Em um diálogo com intervenções performáticas, o palestrante celebrou o saber popular coletivo sobre diversos vieses, ao apresentar as produções literárias e poéticas do Poesis e também relembrar diversas iniciativas culturais comunitárias periféricas surgidas no Recife. Seu discurso abordou as fronteiras entre saber popular e acadêmico, o peso das desigualdades raciais e de classe nas comunidades periféricas e a arte e comunhão dos locais. “O Alto José do Pinho é um território imensamente rico e miserável. Faminto de si mesmo, embora alimentador de toda a cidade”, declarou.
Também contribuiu para o diálogo a mesa “Aprender em comunidade e com comunidades: escolas comunitárias do Recife”, com mediação do Profº Rui Mesquita, da UFPE. A palestrante Lúcia dos Prazeres, mestra em Ciências da Religião pela Unicap/PE e criadora do Centro Maria da Conceição, destacou a riqueza dos saberes populares. Também caracterizou a educação para além do simples aprendizado em sala de aula, com espaço para participação da família e promoção da dignidade humana, com proatividade e confronto do poder público, se necessário, para esse objetivo. Para Lúcia, educação “tem que ser prazer e tem que ser envolvimento”.
As atividades matinais foram encerradas pela mesa “Aprender em comunidade e com comunidades: experiências desenvolvidas na cidade de Uidá/Benin”, com fala de Silvestre Edjekpoto, pesquisador especialista em patrimônio cultural e turismo. Com mediação da Profª Joana D’Arc Lima (UFPE), o profissional abordou a diversidade espacial e cultural do país africano, com influências, inclusive, afro-brasileiras. Foram retratadas perspectivas culturais da cidade de Uidá, em que a educação é vista como uma responsabilidade coletiva da comunidade, além da família.
Feminismo e educação
O penúltimo dia de seminário contou, ainda, com a conferência “Feminismo é luta por direitos humanos e mais que humanos”, ministrada virtualmente por Márcia Tiburi e coordenada por Hugo Monteiro. A filósofa e professora refletiu sobre a educação a partir do feminismo e dos processos nos quais se exercita o poder. “Feminismo pra mim é uma nova organização da sociedade que visa superar o sistema de injustiça de maneira geral”, afirmou.
Tiburi falou, ainda, sobre os ataques à educação no Brasil e em todo o mundo. Para ela, “a educação foi vítima de tentativa de rebaixamento do seu caráter emancipatório e libertador em função da sua potência”. A professora falou sublinhou que a educação é disputada pelo patriarcado, pelo racismo e pelo capacitismo.
Ela também abordou o conceito de ecologia, dizendo que “ecologia implica pensar não apenas no meio ambiente, mas também nas chances das espécies sobreviverem diante do terrorismo humano perpretado contra sua própria espécies e contra outras espécies”.
Partilha e celebração
As atividades do dia tiveram um encerramento festivo, com um momento cultural, onde os participantes dançaram e cantaram ciranda, sendo um momento de partilha e acolhimento. Os egressos compartilharam suas experiências no PPGECI. Hugo Monteiro relembrou a história e atuação do programa ao longo dos anos. Já Moisés Santana falou sobre o diálogo interinstitucional entre Fundaj e UFRPE. “Levou um tempo pra a gente amadurecer como fazer o nosso programa nascer e funcionar”, afirmou. O professor também destacou o aprendizado entre discentes e docentes durante cada mestrado. “Eu me sinto egresso de cada turma porque em cada mestrado a gente aprende muito. A gente tem um programa que aprende com as vidas e as histórias de cada um”, explicou.
Luciana Rosa Marques, coordenadora-geral da Escola de Governo da Fundaj, afirmou: “Estamos aqui para apoiar e dar a ajuda que se fizer necessária”. Já a coordenadora de Atividades do Curso de Pós-Graduação da EIPP, Ana Paula Abrahamian, ressaltou que “uma pesquisa não nasce fora da gente, e sim dentro”. Para finalizar o dia, o público assistiu a apresentações culturais de capoeira e coco.