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Representante do Instituto Moreira Salles visita acervos da Fundaj
Eternizado pela captura fotográfica, o cotidiano do Brasil durante a Primeira República (1889—1930) pode ser revisitado nos acervos disponíveis em diversas cidades do País. Em Pernambuco, as principais coleções desta época estão no Centro de Documentação e de Estudos da História Brasileira (Cehibra), da Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj). Motivo que trouxe uma represente do Instituto Moreira Salles (IMS) e um especialista em fototografia para uma visita à Villa Digital, um espaço de promoção e difusão do acervo histórico-documental da Fundaj, nesta segunda-feira (13), e que resultará em uma colaboração.
A curadora de artes Heloisa Espada, do IMS, prospecta a produção fotográfica e o processo de urbanização nas capitais Recife, Rio de Janeiro, São Paulo, Belém, Manaus, Porto Alegre e Belo Horizonte. Ela conta com a consultoria do historiador visual Maurício Lissovsky. O resultado desta investigação resultará em uma exposição do IMS, prevista para outubro de 2022. A curadora explica que duas mostras da instituição serão promovidas no próximo ano, em diálogo com a celebração do centenário da Semana de Arte Moderna de 1922, de São Paulo. Um marco do modernismo brasileiro.
“A ideia é pensar que fotografia era essa, que não estava na Semana de Arte Moderna, mas que foi feita neste período. É um momento de popularização da técnica, quando os amadores começam a ter suas câmeras, e ela se torna presente na sociedade por causa das revistas e dos cartões postais. Estamos observando esse mundo virando imagem”, explica Heloisa Espada. “As cidades escolhidas servem de estudo de casos e podem revelar coisas para olharmos como um todo. Já podemos apontar que muitos fotógrafos foram também os primeiros cinegrafistas.”
Consultor do projeto, Lissovsky aponta que o recorte foi definido a partir da leitura semiótica dos primeiros acervos. “O que estamos procurando é não olhar para esta época à luz do que vai acontecer depois, mas exatamente quais são as linhas de força dessas imagens. Qual o lugar que a fotografia queria se afirmar? Em que operações retóricas ela entraria? Foi assim que chegamos ao tema da cidade. Não será uma exposição enciclopédica, com um panorâma gigante. Para cada cidade queremos duas ou três histórias fortes, que podem ser de um acontecimento ou de um fotógrafo.”
A coordenadora do Cehibra, Albertina Malta, fala da importância da parceria com o Instituto Moreira Salles. “Ceder imagens, documentos, audiovisual para esse projeto é de uma felicidade enorme, porque será mais uma forma de difusão do nosso acervo, que é público”, afirma. “A fotografia está entre os acervos mais fortes da Fundação Joaquim Nabuco e as coleções que temos oportunidade de mostrar, principalmente neste recorte, são preciosidades. Documentos únicos que falam da história da fotografia brasileira, na qual a pernambucana tem uma importância indiscutível.”
Albertina destaca a coleção do fotógrafo e colecionador Benício Dias, composta por registros importantes do Recife e produções de profissionais internacionais que vieram da Europa abrir seus estúdios na capital pernambucana. Ela recorda que esta não é a primeira vez que a Fundaj colabora com o IMS. A Coleção Manoel Tondela, do Cehibra, já integra o portal digital Brasiliana Fotográfica, criado pela Biblioteca Nacional e pelo IMS, onde estão reunidos acervos fotográficos do Brasil e do exterior. “A gente pretende dar continuidade a esta parceria e colocar mais documentos”, conclui.