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Relatório de pesquisa sobre mudança curricular do ensino médio é apresentado na Fundaj
Os resultados da pesquisa documental realizada pela Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj), sobre o processo de mudança curricular na área de Ciências Humanas Sociais Aplicadas como proposta de contribuição, para uma educação crítica humanista, considerando o momento de implementação da reforma do Ensino Médio, iniciada em âmbito nacional, em 2022, foram apresentados, na quinta-feira (28), no Seminário Humanidades no Ensino Médio, ocorrido na sala Calouste Gulbenkian, no Campus Gilberto Freyre, em Casa Forte.
Na abertura do encontro, o diretor de Pesquisas Sociais, Wilson Fusco, ressaltou que a Fundaj, por meio da Diretoria de Pesquisas Sociais (Dipes), tem focado bastante os seus estudos nas demandas diretas da sociedade e que assim, espera poder contribuir com o sistema educacional brasileiro. O Seminário também contou com a participação da educadora Marie Jane Soares Carvalho, que colaborou com a equipe de pesquisa, produzindo uma revisão sistemática sobre a “Formação do pensamento crítico - experimentos de formação no contexto escolar".
Em seguida, a coordenadora do Grupo de estudos e pesquisas em políticas, práticas e conteúdos curriculares em Humanidades na escola (gepecH), Viviane Toraci, falou sobre os objetivos específicos do estudo, que teve início em fevereiro de 2022, quando foi aprovado pelo Conselho Diretor (Condir) da instituição. Ela enfatizou a sistematização dos processos estaduais de mudança curricular, com destaque para a Sociologia, a análise das condições que o debate, a elaboração e a definição se deram, a análise dos recursos didáticos da área de Ciências Humanas e Sociais Aplicadas aprovados no Plano Nacional do Livro e Material Didático (PNLD) 2020, no que se refere às presenças e ausências das Ciências Sociais e a pesquisa e o desenvolvimento de propostas de literacias críticas nos campos literário-informativo e imagético para professores.
De acordo com o estudo, a análise do processo de construção curricular não pode se basear nos aspectos puramente técnicos, porque envolve disputas epistêmicas, metodológicas e ideológicas. É preciso considerar o ambiente sociocultural e político de formulação das normativas curriculares e o debate técnico referente a modelos curriculares e sua operacionalização.
A pesquisa foi desenvolvida em três ações. A primeira, coordenada pelo pesquisador Joanildo Burity, reuniu professores e pesquisadores de todos os estados brasileiros, além do Distrito federal, para analisarem os documentos curriculares e as condições de produção e implementação dos currículos estaduais, exigidos pela Lei 13.. 415/2017, realizando esse registro histórico do momento de implementação da reforma, que agora sofrerá novas reformulações.
Na Ação II, coordenada pelo pesquisador Alan Monteiro e pelo diretor de Memória, Educação, Cultura e Arte (Dimeca), Túlio Velho Barreto, o levantamento foi realizado tendo em vista as Ciências Sociais no PNL, para o Ensino Médio, à luz da Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Foram observadas as características dos novos livros didáticos agora organizados por áreas dos conhecimentos. Os pesquisadores ressaltaram a expressiva diminuição dos conteúdos textuais dedicados a cada área e a dificuldade dos professores em utilizarem os livros em suas atividades pedagógicas.
A terceira Ação buscou imaginar outras possibilidades de recursos didáticos e práticas pedagógicas a partir da compreensão do modelo de educação pública que estava em construção, trazendo inovação pedagógica ao conceber novas práticas para construção de protótipos que incluem as Tecnologias Digitais de Informação e Comunicação (TDIC) no contexto da Sociedade do Conhecimento. Esses protótipos representam aprendizados passíveis de novas aplicações. A ação foi coordenada por Viviane Toraci, e realizada no âmbito do Laboratório Multiusuários em Humanidades (multiHlab), que conta com apoio da Fundação de Amparo à Ciência e Tecnologia do Estado de Pernambuco (Facepe).
Na ocasião, a pesquisadora Cibele Barbosa, integrante do projeto, falou sobre a experiência ImageH, que permite testar linguagens e oferecer conteúdos originais, para melhor compreensão do uso de imagens, proporcionando reflexões sobre a cultura visual, para estudantes e professores. Também foram apresentados os resultados do protótipo mediaLit, que contou com a participação dos pesquisadores Rodrigo Assis (ISCTE/Portugal) e Patrícia Bandeira de Melo (Fundaj), trabalhando metodologias de ensino de base freireana, para abordar o letramento midiático e digital de professores da Educação Básica.
Viviane finalizou a apresentação informando que outros protótipos foram desenvolvidos durante os três anos da pesquisa, os quais serão detalhados no relatório final da pesquisa e no site do multiHlab. O relatório final com os resultados da pesquisa será publicado pela Fundaj no início de 2025. O Seminário foi transmitido pelo You Tube e está disponível pelo endereço https://www.youtube.com/watch?v=IndrHNz3NVs