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Relação entre educação e o território foi tema de debate na Fundaj nesta quinta-feira (14)
A manhã desta quinta-feira (14) foi marcada por diálogos e trocas de experiências sobre educação e territórios pesqueiros, na Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj). Chegando a sua 26ª edição, o Ciclo de Debates De Frente pra Costa, promovido por meio do Centro de Estudos em Dinâmicas Sociais e Territoriais (Cedist), da Diretoria de Pesquisas Sociais (Dipes), foi realizado na Sala do Centro Integrado de Estudos Georreferenciados para a Pesquisa Social (CIEG), localizada no Campus Anísio Teixeira da Fundaj, em Apipucos.
O encontro contou com a mediação da pesquisadora da Fundaj e Conselheira da APA Costa dos Corais Solange Coutinho, como palestrante a Professora Roberta Sá Leitão Barboza, da Universidade Federal do Pará (UFPA), e como comentador o Professor Marcílio Barbosa Nascimento, Coordenador de Educação Ambiental da Rede de Educação do município de Goiana-PE e Conselheiro da Resex Acaú Goiana.
Para abordar a temática “Áreas Protegidas como Lugares Educadores: produção de material didático a partir dos territórios”, a professora da UFPA apresentou um projeto implementado no município de Bragança, no Pará, chamado Educapesca que além de ser um projeto de alfabetização de pescadores e pescadoras também faz o acompanhamento nas escolas, o programa introduz ao público conceitos de identidade e pertencimento ao território, turismo educativo e aquecimento global.
“Como os professores poderiam planejar a participação dos alunos de forma efetiva?”, questionou a palestrante. Partindo dessa pergunta, Roberta expôs alguns dos resultados obtidos com o Educapesca, como a produção de materiais didáticos - jogos da memória, cartilhas e quebra-cabeças. “Temos incentivado que eles produzam materiais a partir das discussões em sala de aula. Eles produziram com os próprios materiais que usam para pesca e passaram a perceber a importância de se trabalhar o cotidiano em sala de aula. A ideia é fomentar uma discussão”, contou.
O comentador da palestra, Marcílio Barbosa, destacou a importância do trabalho interdisciplinar desenvolvido pela professora e a necessidade da evidência da relação com a natureza e o que ela traz de pertencimento. “Isso é educação ambiental na alma dessas pessoas. Elas passam a dialogar e entender como objeto o espaço geográfico e social dessas relações”, parabenizou.
Para a coordenadora da mesa, Solange Coutinho, a escolha da temática partiu de um dos objetivos da pesquisa “Unidades de Conservação como Lugares Educadores”, coordenada por ela, que é produzir material didático voltado para contexto de Áreas Protegidas. “O que vamos buscar é a necessidade de transformar a educação, a partir dessa percepção de todas as pessoas que lidam com a educação formal e não formal”, ressaltou.
O evento contou com a presença de pesquisadores interessados na temática e, ao fim das apresentações, se transformou em uma roda de diálogos. A pesquisadora Edneida Cavalcanti (Cedist/Dipes) aplaudiu o projeto apresentado pela palestrante. “Chama atenção o potencial que a gente tem e, por outro lado, às vezes uma dificuldade de conectar o que pulsa no território para dentro da escola, da grade curricular. Ainda temos dificuldade dessa compreensão de que o tema ambiental, socioambiental e socioecológico não é atributo do professor de geografia ou biologia, ele pode ser apropriado por diversas áreas do conhecimeto”, afirmou.
Sobre o De Frente Pra Costa
O Ciclo de Debates De Frente Pra Costa é parte do conjunto de atividades que, sistematicamente, desde o ano de 1994, a Fundação Joaquim Nabuco, através do Cedist/Dipes, vem organizando e desenvolvendo pesquisas e encontros científicos sobre os ambientes costeiros e ribeirinhos no contexto da pesca artesanal no Brasil, particularmente na Região Nordeste.
Essas ações foram promovidas por iniciativa própria e também de forma articulada com outras instituições, o que possibilitou à Fundaj acumular capacidades, produzir novos conhecimentos e inserir-se de forma ativa no debate sobre o tema, bem como contribuir na formação de novos pesquisadores e tornar-se uma referência na área da pesquisa socioecológica acerca do assunto.