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Primeiro módulo do curso “22-22-22: modernidades, modernismos e contemporaneidade” é concluído com aula sobre museus e representações
“Museus e representações do Estado Imperial” foi o tema da aula ministrada pelo pesquisador Dr. José Neves Bittencourt, na quinta-feira (29), que concluiu o primeiro módulo do curso “22-22-22: modernidades, modernismos e contemporaneidade”, realizado pelo Museu do Homem do Nordeste (Muhne).
Museu Histórico Nacional, período colonial e representação dos povos negros em museus foram apenas alguns dos pontos abordados na brilhante explanação de Bittencourt, que é pesquisador do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).
O professor explicou que a linguagem do Museu ao fim do regime militar no Brasil ainda era a mesma implementada em 1922, marco da comemoração do centenário da independência no País.
“Se gerou uma linguagem museológica, bibliográfica e expográfica que persistia até 1988. Por mais de 50 anos, o museu não mudou, ele mudou as exposições, mas a linguagem era a mesma estabelecida em 1922 e, nessa medida, dizia que era incompatível a abordagem do negro sem ser como trabalho escravizado, o que explica as enormes coleções neste País inteiro, essas enormes coleções, de objetos de suplício, de tortura, expostos como cultura material pertencente ao negro”, explicou o historiador.
José Neves destacou a exploração europeia nas colonias. “O Museu do Homem, em Paris, teve enormes coleções de arte, bem construídas, mas não deixavam ter essa característica, as obras reunidas nas colônias. Era assim que o negro era lido nas exposições e, inclusive, no Brasil nem mesmo eram vistos como seres humanos”, comentou.
Por fim, o professor disse que, para entendermos nossa modernidade, precisamos olhar por trás do drama brasileiro. “É preciso entender o que encontramos da nossa sociedade no final dessa trajetória, que começa efetivamente como nação em 1500, com a expansão europeia que traz os brancos, e prossegue aos trancos e barrancos até 1822, quando se cria uma comunidade nacional. Em seguida, se comemora uma modernidade, que é uma falácia, em 1922, e se estende até aqui, com todos os problemas, questões, problemáticas e vamos encontrar representadas em algumas instituições, entre elas esses museus”, concluiu.
O curso, realizado no campus Ulysses Pernambucano da Fundaj, no Derby, ainda terá dois módulos, divididos em oito sessões, que ocorrerão nos meses de outubro e novembro. As inscrições podem ser realizadas pelo Sympla.