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Presidenta da Fundaj participa da posse de Lilia Moritz Schwarcz na ABL
A presidenta da Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj), a professora doutora Márcia Angela Aguiar, participou, a convite, da cerimônia de posse da historiadora e antropóloga Lilia Moritz Schwarcz na Academia Brasileira de Letras (ABL). A cerimônia foi realizada na sexta-feira (14), no Petit Trianon, na sede da ABL, no Rio de Janeiro.
Entre os convidados: a ministra do Supremo Tribunal Federal e presidente do TSE, Carmem Lúcia, o ministro dos Direitos Humanos e da Cidadania, Silvio de Almeida, e o presidente do Banco Nacional do Desenvolvimento Social (BNDES), Aloizio Mercadante. Lilia Schwarcz foi eleita em março para a 9º cadeira da Academia Brasileira de Letras. A vaga foi aberta com o falecimento do acadêmico Alberto da Costa e Silva, que também era historiador.
A presidenta Márcia Angela Aguiar ressaltou a importância da indicação de uma renomada intelectual engajada nas lutas em prol de uma sociedade justa e igualitária. Na oportunidade, a presidenta dialogou com o ministro Silvio Almeida e com Aloizio Mercadante sobre assuntos de interesse da Fundação Joaquim Nabuco.
Quinta integrante feminina da atual configuração da Academia, que conta com 40 imortais, sendo 35 homens e cinco mulheres, Lilia Schwarcz é professora da Universidade de São Paulo e da Universidade de Princeton, nos Estados Unidos. Tem mais de 30 livros sobre a história do Brasil, sendo obras que criticam as desigualdades de gênero ou raciais que marcaram o Brasil ao longo dos séculos.
Discurso
No discurso de posse, Lilia lembrou as três tentativas frustradas de Lima Barreto, um autor negro que denunciou o racismo da sociedade brasileira em seus escritos, de ingressar no quadro da ABL. “É paradoxal pensar que dois de seus biógrafos, o jornalista e escritor Francisco de Assis Barbosa, autor de biografia fenomenal sobre o autor de Policarpo Quaresma e responsável pela retomada da obra de Lima, e eu mesma, aqui estamos (morto em 1991, Barbosa tornou-se imortal da ABL em 1971). Penso que não será coincidência, tampouco, sermos brancos!”, afirmou. A antropóloga acrescentou que também deve ao “velho Lima” o seu assento na ABL.
Sobre a questão de gênero, Lilia ressaltou o fato de ser apenas a 11ª mulher a receber o título de imortal da ABL, uma instituição fundada nos idos de 1897 e que só aprovou a entrada feminina a partir de 1976. “"Nós somos maioria nesse país. Mas somos uma maioria minorizada na representação. E representação não é só poder, representação é verdade, é conhecimento, então acho que o papel das mulheres é fundamental para destacar que nós queremos mesmo é igualdade. Igualdade com diferença", disse.
A academia levou 80 anos para abrir as portas às escritoras brasileiras. Rachel de Queiroz foi a primeira mulher a se tornar imortal, em 1977. Há mais de um século, o ambiente da academia é predominantemente masculino. Até hoje fizeram parte da academia 257 escritores do sexo masculino. "A gente sempre esteve preocupado com essa questão e agora a gente vai tentar aumentar isso gradativamente. Temos que buscar a maior representação feminina e nós vamos", disse o presidente da ABL, Merval Pereira.
(*) Com informações da Academia Brasileira de Letras