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Premiação reuniu destaques do frevo em data que homenageou o ritmo e manifestação
Clarinete, flauta, trombone, trompete e outros tantos instrumentos preparados. Aos primeiros movimentos do maestro Marco César, as cambalhotas sonoras do frevo tomaram os jardins do Complexo Cultural Gilberto Freyre, da Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj), nesta terça-feira (14). A festa em comemoração ao Dia Nacional do Frevo, celebrado nesta data, ganhou ares de solenidade especial pela premiação dos vencedores do Concurso Nordestino do Frevo, promovido pela Diretoria de Memória, Educação, Cultura e Arte (Dimeca), da Fundaj. A iniciativa contou com 272 inscritos, mas só 12 subiram ao palco para receber os troféus de vencedores.
Em sua fala, o presidente da Fundaj, Antônio Campos, parabenizou todos os concorrentes e vencedores. “Este evento é um ato de resistência. Evidencia que a nossa cultura e os nossos criadores estão mais que vivos, estão mostrando sua enorme força”, declarou. Antônio lembrou também a recente revalidação do frevo como Patrimônio Imaterial pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). “Este evento já é um sucesso pelo que revela dos vencedores, entre os nomes conhecidos e os novos expoentes deste gênero que é tão difícil e tem várias expressões, não somente na música, mas também na dança”, disse o diretor da Dimeca, Mario Helio.
Na abertura, coube ao Coral Edgard Moraes a apresentação das composições premiadas na categoria Frevo de Bloco. O primeiro lugar “É Fantasia”, do artista Getúlio Cavalcanti, o segundo “Boêmio Sentimental”, do músico e educador Alexandre Rodrigues e do mestre Heleno Ramalho, e o terceiro “Martelo”, do diretor musical Rafael Marques e do músico Zé Manoel. Após a execução de cada uma das três colocadas, os compositores vencedores subiram ao palco para receber o troféu de participação. A apresentação completa pode ser conferida no canal da Fundaj, no YouTube.
O artista Edcarlos emprestou sua voz para a apresentação de “Biscuit de Elefante”, terceiro lugar na categoria Frevo Canção. Uma interpretação lhe rendeu o prêmio de Melhor Intérprete. A canção é de autoria de Fátima de Castro e João Araújo. Em um momento emocionante e frenético, os segundo e primeiro colocados, “O amor do folião” e “Frevo Rei”, respectivamente, foram apresentados pelos seus compositores e vencedores, os artistas Carlinhos Monteverde e Marcos de Lima. A execução ficou por conta da Orquestra do Maestro Duda, o grande homenageado da edição. Todos receberam os troféus na sequência de cada apresentação.
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O artista Rogério Rangel apresentou o novo hino da Turma da Jaqueira Segurando o Talo. Ele recebeu o troféu das mãos do secretário de Cultura de Pernambuco, Gilberto Freyre Neto, neto do sociólogo que também é homenageado na composição. Na categoria Frevo de Rua não foi diferente, o saxofonista Clênio Lima lembrou os mestres da música e reverenciou o Maestro Duda logo após a execução de “Três amores”, composição com a qual conquistou o terceiro lugar na categoria Frevo de Rua. Luciano Magno apresentou “Moraes, Carnaval no céu”, homenagem ao músico Moraes Moreira, com a qual conquistou também o prêmio de Melhor Arranjo.
Dentre os ganhadores do Concurso Nordestino do Frevo, figuram estes nomes cuja contribuição com o ritmo e manifestação é antiga. A exemplo do compositor Jota Michiles, autor de “Diabo Louro”, eternizada na voz de Alceu Valença. Ao lado do filho César, Jota assina o frevo “Caceteiro”. “Fui menino ouvindo os grandes frevistas do passado: Capiba, Nelson Ferreira, Zumba, Levino, o malabarismo de Jackson do Pandeiro. O frevo que nasceu nas ruas do Recife para mim é tudo”, disse, antes de falar da paixão por todas suas composições. César não escondeu a honra de dividir o prêmio com o pai. “Desde menino me encanto com as melodias e fraseados. Hoje sou grato.”
Na disputa, houveram também aqueles que faziam sua primeira incursão no ritmo. É o caso do músico gravataense Marcos de Lima, que dedicou a maior parte da carreira ao xote, forró e baião. Só há dois anos, ele escreveu seu primeiro frevo. Para ele, o Concurso Nordestino do Frevo é também sua chancela no gênero. “A conquista de um primeiro lugar dentro de um cenário de tantos compositores grandiosos é uma honraria. Venho de outros lugares, mas sempre como ouvinte do frevo. Desde o projeto Asas da América até as letras frenéticas do Michiles. O meu trabalho precisava disso. ‘Frevo Rei’ é o meu sexto frevo, mas acho que isso já estava no meu sangue.”
Para relembrar
O Concurso Nordestino do Frevo foi lançado pela Diretoria de Memória, Educação Cultura e Arte (Dimeca) em fevereiro de 2021. Ao todo, 272 candidatos de sete estados do Nordeste do Brasil inscreveram composições na disputa. Pernambuco liderou o número de inscrições, com 256. A categoria que recebeu mais composições foi Frevo Canção (92), seguida por Frevo de Bloco de Frevo de Rua, com 79 cada, e o novo hino da Turma da Jaqueira Segurando o Talo, com 19 obras. Além das premiações em dinheiro, um álbum será produzido. Os prêmios foram de R$ 10 mil para o primeiro lugar, R$ 8 mil para o segundo e R$ 6 mil para o terceiro.