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Pré-estreia do documentário “Clarice Lispector – A Descoberta do Mundo”, no Cinema da Fundação, foi um mergulho na intimidade da escritora
O documentário “Clarice Lispector – A Descoberta do Mundo” teve sessão especial de pré-estreia, nesta quarta-feira (7), no Cinema da Fundação, na Sala do Porto, no Bairro do Recife.
O ensaio documental foi criado a partir de uma seleção de depoimentos da escritora ao Museu da Imagem e do Som (MIS) e entrevistas com amigos e familiares em uma costura poética visual de trechos adaptados à sua obra.
Com grande público, visto que os ingressos estavam esgotados, a sessão foi um verdadeiro mergulho na intimidade de uma mulher enigmática, que escreveu sobre temas complexos de forma clara.
O encontro teve participação especial na plateia, tanto de familiares quanto de amigos pessoais de Clarice Lispector.
"É uma obra espetacular, muito bem feita, de uma seriedade enorme. Conheci Clarice nos anos 70, fiz estágio no Rio de Janeiro, e foi tudo ótimo, ela me dizia que amava o Recife, ficou uns dias conosco, era tudo para ela, e vi essa realidade no documentário, um filme que vai ao mundo todo, tenho certeza", disse Sérgio Choze, primo-segundo da escritora, que estava acompanhando de sua mãe, Vera Lispector Choze, prima de Clarice.
O presidente da Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj), Antônio Campos, e o coordenador do Cinema da Fundação, Ernesto Barros, também marcaram presença.
"A Fundaj fez diversas homenagens a Clarice nos últimos anos, mas nunca é demais homenagear essa grande escritora brasileira e de todo o mundo que é Clarice Lispector", disse Antônio destacando que a Fundação participa da Hora de Clarice em homenagem à escritora lançando um vídeo em sua rede social relembrando algumas ações que exaltam o legado da escritora, no próximo dia 10 de dezembro, quando se marcam 102 anos do seu nascimento.
Debate
Logo após a sessão, houve um bate-papo sobre o filme com a diretora Taciana Oliveira e a roteirista Teresa Montero, com mediação de Beto Azoubel, coordenador de Literatura da Secult-PE. Na ocasião, a diretora agradeceu ao Cinema da Fundação pelo espaço e explicou sua escolha pelo título “A Descoberta do Mundo”.
"Escolhi esse livro porque, na minha concepção, era o livro em que ela mais dialogava com os leitores, falava com eles. Com várias crônicas, entre elas a própria A Descoberta do Mundo, uma obra muito reveladora. Como queria um filme em que ela pudesse falar, eu parti dessa ideia de ser A Descoberta do Mundo, que também é o mundo de Clarice, é o nosso mundo, porque todo leitor de Clarice não se rende, assim como ela", afirmou Taciana.
O filme opta por sequências marcadas pelo feminino, no que ele guarda de delicadeza e força e oferece aos espectadores uma descoberta interior do mundo da escritora: a narrativa da menina refugiada, paixões e desilusões trágicas que marcam o corpo.
Dedicada ao legado de Clarice Lispector há mais de 30 anos e idealizadora e guia do passeio O Rio de Clarice, no Rio de Janeiro, Teresa Montero falou sobre a importância da obra.
"Além de ser o único documentário sobre Clarice, ele foi feito por uma pernambucana (Taciana) e só uma pernambucana poderia fazer esse documentário. Tenho uma honra em ter participado, esse filme não só traça a trajetória da Clarice Lispector, mas resgata 17 depoimentos, é riquíssimo, com narrativa contada por meio dos textos, principalmente das crônicas. É um filme eterno e que vem daqui, do Recife, que tem também sua bibliografia" disse.
Entre os depoentes que participam do documentário, estão: Paulo Gurgel Valente, filho de Clarice Lispector; Alberto Dines, jornalista e amigo; Marcia Algranti, sobrinha da escritora; Luiz Carlos Lacerda, amigo e cineasta; e Affonso Romano de Sant’Anna e Marina Colasanti, escritores e amigos de Clarice. O filme também conta com o elenco formado por Andrea Veruska, Cristina Pereira, Elias Andreato, Eucir de Souza, Isabela Piquet, Jorge de Paula, Juliana de Almeida, Sofia Montero, Stella Maris Saldanha, Nídia Ferreira Priscilla Melo e Quiercles Santana.
"O resultado final do documentário foi o melhor possível, filme com muita unidade, muitas informações de Clarice, muito feliz da concepção até o produto final. Um filme moderno e ganha vida esse aspecto da alma pernambucana e recifense de Clarice. A fidelidade é total, traz a identidade de Clarice, a alma de Clarice, ouvindo e vendo Clarice, disse Augusto Ferraz, amigo pessoal que participou do documentário lendo uma carta enviada pela escritora.
O filme tem nova exibição nesta quinta-feira (8), no Cinema da Fundação, desta vez na Sala Derby, área central do Recife, às 17h50.