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Pré-estreia de Retratos Fantasmas no Cinema da Fundação é sucesso de público
A sala Porto do Cinema da Fundação teve seus ingressos esgotados para receber, na terça-feira (15), a pré-estreia da mais nova obra do diretor pernambucano Kleber Mendonça Filho, "Retratos Fantasmas". Produzido durante sete anos, o longa viaja pelas transformações do coração do Recife no Século XX, questionando a ideia de progresso que achata o lado histórico da cidade.
“O filme trabalha com duas questões fundamentais, uma da memória, seja de espaços físicos, de pessoas, da mãe do diretor, da casa onde ele viveu, em Setúbal, e outra que aborda as salas de cinema onde ele se formou como cineasta. A ideia de pertencimento é importante e mostra um Recife que não existe mais do ponto de vista do cinema, são salas que não existem mais, espaços que já não existem. Ele mostra a mutação do centro da cidade e como ao longo do tempo isso foi se transformando negativamente”, comentou o diretor de Memória, Educação, Cultura e Arte (Dimeca), da Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj), Túlio Velho Barreto, que acompanhou a sessão.
Em cerca de 90 minutos, Retratos Fantasmas divide com o público uma rica e multifacetada memória da cidade e de seus cinemas por meio de imagens de arquivo, fotografias e registros em movimento. Kleber Mendonça Filho traz em seu filme um álbum de família da cidade do Recife, como ele mesmo já afirmou. Segundo o diretor Túlio Velho Barreto, é muito significativo para a Fundação receber o novo filme de Kleber, tendo em vista que o diretor tem relação com a Instituição. Kleber conheceu a Fundaj ainda na infância, por influência da mãe, Joselice Jucá, que trabalhou como diretora em departamentos da Fundação.
Além disso, o próprio Kleber trabalhou na Fundaj por 18 anos. “O fato de Kleber ter trabalhado na Fundação fez com que o Cinema, sobretudo a Sala Derby, virasse uma referência como a sala que tem programação mais alternativa, mais cultural, que foge da mesmice do cinema comercial”, comentou Túlio Velho. Recifense, a jovem estudante Luana Lins Oliveira se emocionou com a obra. “Foi muito bom ver o lugar onde moro representado na tela do cinema, fico com o coração quente de assistir. Gostei de como Kleber aborda sua produção de cinema com coisas do seu cotidiano, como um cachorro ou até mesmo cupim. Também me chamou atenção as frases que dizem que o ‘Recife foi abandonado sem muitas explicações’ e que ‘o dinheiro foi para outro lugar’. Temos que lutar para manter os cinemas e o centro da cidade”, afirmou.
O filme também terá sessões de pré-estreia na própria Sala Derby do Cinema da Fundação, às 18h30, na próxima sexta-feira (18), e às 20h50, no sábado (19).