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Pesquisadores e ambientalistas conversam sobre unidades de conservação
Diz-se por aí que é o mar que faz o pescador. Isso porque é a prática que consolida os saberes e o recurso aponta as possibilidades de sobrevivência, mas, também, porque todo território é vivo. Na tarde desta quinta-feira (9), diversos pesquisadores e especialistas em unidades de conservação ambientais se reuniram em um painel virtual promovido pela Diretoria de Pesquisas Sociais (Dipes), da Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj). Na atividade, transmitida pelo canal da Instituição no YouTube, o público foi apresentado aos resultados de investigações e experiências sobre educação ambiental em áreas protegidas.
Com o título “Educação Ambiental e Áreas Protegidas: ecopercepção, valores culturais e estética a partir do lugar”, a atividade contou com abertura da editora da Revista Ciência & Trópico, da Fundaj, Alexandrina Sobreira; e mediação da professora e educadora ambiental Renata Silva. Abrindo as explanações, a pesquisadora da Fundaj Juvenita Lucena explicou a importância de dividir o resultado de pesquisas antes da conclusão do ano.
Pesquisadora da Dipes, Edneida Cavalcanti dividiu a pesquisa desenvolvida junto a escolas do entorno no Parque Nacional Vale do Catimbau e a Reserva Extrativista Acaú-Goiana, ambas em Pernambuco. Este trabalho buscou perceber como estas áreas são percebidas e representadas dentro do contexto educacional: a Pedagogia do Território (termo cunhado por Raquel Rigotto). “Apenas 15,2% dos educadores entrevistados visitaram a unidade de conservação com seus alunos”, compartilhou Edneida. “A gente entende que o educador sensibilizado consegue suscitar esse encantamento em sala de aula”, afirma a pesquisadora.
Os valores culturais dentro de unidades de conservação são objeto de pesquisa da analista ambiental do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) Érika Fernandes Pinto. Em sua participação, ela recordou a relação entre a natureza e experiências espirituais e religiosas. “Além de toda sua riqueza biológica, o Brasil é também um dos países mais expressivos em diversidade cultural, com mais de duas centenas de aldeias indígenas espalhadas pelo território nacional, apesar de todos povos que foram exterminados no processo de colonização”, destacou, ao comentar a falta de conhecimento internacional sobre o tema.
Referência em internacional em educação ambiental, o professor e ambientalista Genebaldo Freire Dias também integrou o painel. Em sua participação ele dividiu experiências em grupo, comentou a atuação de instituições responsáveis pela gestão das unidades de conservação e a ação do ser humano junto à natureza. “Nossa espécie continua fazendo coisas que nos torna não credenciados a qualquer possibilidade de sustentabilidade. Nos tornamos uma espécie altamente beligerante, seres excluidores das outras espécies, o terror dos biomas, o terror ecossistemas”, ironizou, ao falar sobre a falta de percepção do ser humano.
Ao longo da transmissão, o público colaborou com provocações e perguntas. “Muitas vezes faltam planos que fomentem iniciativas que contribuam para o ‘religare’ com a natureza”, escreveu o internauta Manoel Neto. A transmissão segue disponível para visualização pelo canal da Fundação no YouTube.