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Pesquisadora da Fundaj participa de Missão Climática pela Caatinga
A coordenadora-geral do Centro de Estudos em Dinâmicas Sociais e Territoriais (Cedist), da Diretoria de Pesquisas Sociais (Dipes), da Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj), a pesquisadora Edneida Cavalcanti, participou, na segunda-feira (10), em Juazeiro, na Bahia, e Petrolina, em Pernambuco, da Missão Climática pela Caatinga. O evento, organizado pelo Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA), contou com a presença da ministra Marina Silva e do secretário da Convenção das Nações Unidas de Combate à Desertificação e Mitigação dos Efeitos da Seca (UNCCD), Abrahim Thiaw, além de parlamentares, representantes de governos estaduais e municipais, de instituições públicas federais, e de povos e comunidades tradicionais.
Edneida Cavalcanti participou enquanto equipe de coordenação para elaboração do Plano de Ação Brasileiro de Combate à Desertificação e Mitigação aos Efeitos da Seca (PAB) e como representante da presidenta da Fundaj, a professora doutora Márcia Angela Aguiar. O evento aconteceu pela manhã em Juazeiro da Bahia, onde a comitiva visitou a comunidade de Malhada da Areia para observar áreas degradadas e as iniciativas de recuperação a partir de diversas tecnologias sociais, inclusive a de Recaatingamento. Na parte da tarde, houve sessão pública no auditório da Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf), em Petrolina/PE, totalmente lotado.
A presidenta da Fundaj, a professora doutora Márcia Angela Aguiar, destacou a relevância da participação da Fundação Joaquim Nabuco no encontro, tendo em vista que o tema tem sido foco em diversas iniciativas na instituição.
Segundo o diretor da Coordenação de Combate à Desertificação do MMA, Alexandre Pires, “essa foi uma agenda para darmos visibilidade a Caatinga com toda a sua diversidade e importância que tem para os povos que vivem nesse território e também para a economia da região, mas também, assegurar, com a visita do secretário da UNCCD, Ibrahim Thiaw, uma oportunidade dele conhecer o semiárido, conhecer as experiências de convivência com o semiárido, e as iniciativas que o governo federal e o governo dos estados estão tendo em relação ao semiárido e ao Bioma Caatinga”. E acrescentou: "Com iniciativas como esta, o Brasil retoma seu protagonismo internacional relativo a essa pauta, e também mobiliza a sociedade para uma problemática extremamente séria e que tende a se agravar em função das mudanças do clima".
A Missão Climática aconteceu em meio a datas significativas, que permitem demarcar a importância da proteção ambiental como estratégia para mitigar os eventos extremos de seca e inundações. Dia 28 de maio foi o Dia da Caatinga, bioma exclusivamente brasileiro; e dia 5 de junho comemorou o Dia Mundial do Meio Ambiente, cuja temática para 2024 foi “Restauração de terras, desertificação e resiliência à seca”, reforçando a Década das Nações Unidas para Restauração de Ecossistemas (2021-2030), que traz como apelo a importância da proteção e revitalização dos ecossistemas para a vida do planeta. De acordo com a UNCCD, até 40% das terras emersas do planeta estão degradadas e isso afeta diretamente metade da população mundial. O número e duração das secas aumentaram em 29% desde o ano 2000. Já no próximo dia 17 de junho, comemora-se o Dia Mundial de Combate à Desertificação, com o tema “Unidos pela Terra. Nosso legado. Nosso futuro”.
"UNCCD NASCEU NO BRASIL"
Em sua fala, o secretário da UNCCD, Ibrahim Thiaw, elogiou o “compromisso do Brasil em investir proativamente em terras e meios de subsistência resilientes”. O Secretário lembrou ainda “que a UNCCD nasceu no Brasil, durante a Cúpula da Terra em 1992, no Rio de Janeiro, sendo lançada oficialmente em 1994, e que, dessa forma, no próximo dia 17 de junho, a Convenção estará completando 30 anos”. Para ele, “todos os sistemas de convivência com a semiaridez que foram vistos na visita técnica são significativos e já foram exportados, inclusive para o continente africano, de onde eu venho”.
Para a ministra Marina Silva, “lidar com um bioma que é único no mundo e que só existe no Brasil é muita responsabilidade”. Ela destacou “que o ser humano tem a capacidade de aprender e que nas últimas décadas as experiências da sociedade civil foram demonstrando a possibilidade de convivência com o semiárido”. Lembrou que já estamos vivendo as mudanças climáticas e que isso agrava as questões que afetam a Caatinga. Cícero Félix, representante da Articulação do Semiárido Brasileiro (ASA Brasil), destacou que “somos Caatingas” para evidenciar o quão diverso é esse bioma, tanto do ponto de vista de flora e fauna como de seus povos. Ele ainda pontuou que “esse bioma único é também uma grande escola que tem muito a ensinar e tem muito a aprender com outras regiões de semiaridez e seus povos”.
ANÚNCIOS IMPORTANTES
Durante a sessão pública, foi lançada a campanha “Terra, Floresta, Água”, movimento nacional de enfrentamento à desertificação e à seca, que pode ser vista no site do MMA. Também foi anunciada a criação da Rede de Pesquisadoras e Pesquisadores no Combate à Desertificação e Mitigação aos Efeitos da Seca, com cerca de 180 estudiosos já tendo feito adesão à iniciativa. Outras entregas do MMA foram o anúncio do Projeto Gestão Integrada da Paisagem, com recursos do GEF Caatinga e do Projeto áreas Protegidas da Caatinga, com recursos do Fundo do Marco Global para a Biodiversidade (GBBF).
Outro anúncio importante foi o da parceria da Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste (Sudene) com o MMA e a Univasf para apoio à atualização dos Planos Estaduais de Combate à Desertificação e Mitigação aos Efeitos da Seca, que em média estão completando uma década de suas elaborações.
Para Edneida Cavalcanti, o evento “teve um peso político importante com a presença da ministra e do secretário da UNCCD pisando o chão da Caatinga e dialogando com a sociedade civil, povos e comunidades tradicionais, com pesquisadores e governantes”. Para ela, a retomada dessa pauta e de políticas públicas voltadas à convivência com o semiárido são fundamentais, principalmente pelo que "iremos enfrentar com o acirramento dos eventos climáticos extremos”.