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A pesquisadora Alexandrina Sobreira, da Diretoria de Pesquisas Sociais (Dipes) da Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj), é uma das autoras do livro "Acesso a direitos e políticas públicas de deslocados internos ambientais: os deslocados por barragens na Paraíba (2019-2024)", recentemente lançado pela Editora Pascal. A obra resulta de uma pesquisa conduzida pelo Núcleo de Estudo e Pesquisa sobre Deslocados Ambientais (NEPDA) da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB). Resulta de
um amplo trabalho de campo, que incluiu seis viagens a diferentes regiões da Paraíba, entre julho e novembro de 2023. Os pesquisadores realizaram entrevistas e observações in loco em cidades como Conceição, Areia, Pedra Lavrada e Cuité, abrangendo diferentes realidades e impactos do deslocamento.
O estudo investiga a situação dos deslocados internos ambientais na Paraíba, focando nos impactos causados pela construção e rompimento de barragens. A pesquisa se baseia em entrevistas com deslocados, líderes comunitários e autoridades locais, buscando compreender o acesso a direitos e políticas públicas. O levantamento de dados apontou que, das 638 barragens do estado, 396 apresentam alto risco de desastre. Entre os principais resultados da pesquisa, está a identificação de dificuldades enfrentadas pelos deslocados para acessar direitos garantidos legalmente. "Conclui-se que, em teoria, existem direitos garantidos na ordem jurídica brasileira e em nível internacional. Contudo, na prática, as pessoas deslocadas por barragens na Paraíba não possuem conhecimento ou, mesmo quando o possuem, não dispõem de meios para acessá-los", destaca Alexandrina Sobreira.
A pesquisa também revelou que a maioria dos entrevistados era composta por mulheres e jovens entre 15 e 24 anos, muitas vezes vivendo em famílias extensas na mesma residência. O deslocamento afetou o acesso à educação, com alunos relatando dificuldades em frequentar a escola devido à distância das novas moradias. No campo do trabalho, a maioria dos deslocados afirmou estar desempregada desde o episódio de deslocamento.
Outro ponto levantado pelo estudo é a diversidade de condições de acesso a recursos essenciais. "Foram indicadas pelos entrevistados várias formas de obtenção de água, como rio, cacimba, carro-pipa, barreiro e poços. De um modo geral, houve pouca dificuldade na aquisição de alimentos pós-deslocamento", explica a pesquisadora da Fundaj. A ausência de um marco legal efetivo para a proteção dessas populações é um dos desafios apontados na obra. O estudo reforça a necessidade de ações mais eficazes para garantir os direitos dessas populações, inclusive em alinhamento com tratados internacionais.
Em 2024, a equipe de pesquisa organizou um evento no campus V da UEPB, em João Pessoa, reunindo especialistas para avaliar os dados coletados e discutir perspectivas para a proteção de deslocados internos e ambientais. O encontro contou com a participação de Alexandrina Sobreira e de outras pesquisadoras envolvidas na produção do livro.O livro "Acesso a direitos e políticas públicas de deslocados internos ambientais: os deslocados por barragens na Paraíba (2019-2024)" está disponível para download gratuito no site da Editora Pascal (https://editorapascal.com.br/2025/02/19/acesso-a-direitos-e-politicas-publicas-de-deslocados-internos-ambientais-os-deslocados-por-barragens-na-paraiba-2019-2024/), permitindo o acesso do público às análises e reflexões produzidas pelo NEPDA/UEPB e seus pesquisadores.