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Performance “Alva Escura” revela as cicatrizes do período colonial
Música, afeto, memórias e paladar se misturaram com a leitura de anúncios publicados em jornais, durante a performance “Alva Escura”, dos artistas Dori Nigro e Paulo Pinto, realizada na última quinta-feira (29), no jardim do Museu do Homem do Nordeste (Muhne). A proposta artística é resultado da pesquisa feita pelos dois arte-educadores sobre anúncios de venda, aluguel e busca de pessoas escravizadas publicados nos jornais brasileiros do século XIX.
“A música cantada a todo instante me marcou muito. A fala intercalada com a receita dos doces foi genial porque faz a associação do corpo com a comida, com o trabalho das cozinheiras, que eram mulheres escravizadas. É uma atuação que envolve o público e que traz um incômodo latente dessa nossa realidade social colonizada e escravagista. Não é fácil de digerir, mas é uma discussão necessária”, destaca a universitária Susan Araújo.
“Essa performance foi criada para ser apresentada em Portugal - onde moramos há 10 anos - país que tem um contexto completamente diferente do Brasil e vive uma negação do seu passado colonial. É muito interessante estarmos aqui na Fundaj, que tem o campus Gilberto Freyre e nossa pesquisa parte de um dos livros dele: “O escravo nos anúncios de jornais brasileiros do século XIX”, conta Dori Nigro.