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Painel na Fundaj discute definição de museus e democratização de espaços de poder
A Fundação Joaquim Nabuco, por meio do Museu do Homem do Nordeste (Muhne), abriu as portas, na noite de quinta-feira (30), para receber professores, alunos e público geral para o Painel "Conferência Geral do Conselho Internacional de Museus – ICOM (Praga, 2022): olhares nordestinos”.
Uma parceria entre o Museu e o Curso de Museologia da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), o Painel foi realizado na Sala Calouste Gulbenkian, no Campus Gilberto Freyre da Fundaj, em Casa Forte, e se debruçou sobre tópicos abordados em Praga, na República Checa, em agosto de 2022, incluindo a nova definição de museus.
O diretor de Memória, Educação, Cultura e Arte (Dimeca), Túlio Velho Barreto, participou do encontro, assim como os servidores do Muhne Silvia Barreto, Silvana Araújo e o coordenadores de Museologia, Albino Oliveira, e de Exposições, Victor Carvalho, e o curador e pesquisador da Fundaj, Moacir dos Anjos.
O público, em grande parte composto por alunos de Museologia da UFPE, teve uma imersão no que foi debatido na Conferência Geral do ICOM, visto que a mesa do painel foi composta por participantes do evento realizado no leste europeu no ano passado.
Museólogo do Museu do Homem do Nordeste, Henrique de Vasconcelos Cruz defendeu a democratização desses debates e comemorou a retomada da parceria com a UFPE. “Foi importante fazer o evento no Nordeste, lembrando que a sede é em São Paulo, esses encontros ocorrem geralmente no eixo Rio-São Paulo, então foi importantíssimo fazer aqui, foi importante retomar a parceria a Museologia da UFPE, foi importante ser uma aula aberta, os alunos ouviram, entenderam o contexto do ICOM, um público de quase 50, foi uma noite fantástica”, destacou Henrique Cruz.
Doutora em História Social pela PUC/SP, Ana Paula Ferreira de Brito, que participa do Memorial das Ligas e Lutas Camponesas em João Pessoa, na Paraíba, destacou a importância do evento ser realizado no Recife.
"Muito feliz com a audiência que compareceu ao auditório, interagiu com essa perspectiva de conhecer mais o ICOM, e a importância de ocupar esse espaço, e democratizar os saberes que são produzidos nesse espaço de poder. Acho que foi importante o olhar Nordestino sobre esse evento que tem uma preponderância de atores sudestinos. Trouxe Paulo Freire para dizer que precisamos ocupar espaços como o ICOM Brasil, foram mais de 60 brasileiros em praga uma das maiores comitivas, é preciso de empoderar”, afirmou a professora.
Mestre em Turismo, Cultura e Sociedade pelo Programa de Pós-Graduação em Hotelaria e Turismo da UFPE, Edvaldo Xavier de Mendonça, que integra o Instituto Ricardo Brennand trouxe sua experiência no MPR's Young Member Travel Grant 2022. O subsídio foi criado para incentivar os membros com 35 anos ou menos a participar da conferência anual.
“A noite foi super legal, essa troca de experiências, e é importante ouvir as perspectivas de diferentes comitês. O ICOM tem comitês tão diversos, são diferentes debates, tópicos, é importante trazer isso para que os estudantes entendam essa dinâmica. Há comitês que as pessoas não esperam como o de Marketing, de Relações Públicas, intercâmbio de coleções. Essas discussões contribuem para nossa rotina no Estado, na cidade", disse Edvaldo Xavier.
Por fim, o coordenador do curso de Museologia da UFPE, Bruno Melo de Araújo, reforçou a importância da definição de museu, além do papel do ICOM. “Tivemos a oportunidade de debater os efeitos de um debate internacional sobre conceito de museus, que reverbera de certa forma nas nossas definições nacionais. O conceito do IBRAN de museus parte da definição feita pelo ICOM e, a partir disso, fazemos um conjunto de ações e políticas públicas voltadas aos museus. Ter esse debate com participação de alunos que vieram desde o início ao final do curso, a gente consegue mesclar diferentes grupos o que possibilita o aprofundamento dessa discussão, porque a partir do conceito de museu se debate outras questões como a política nacional da educação museal, uma política de identidade, gênero, temas que são discutidos no museu e o conceito de museu tem total ligação com esse debate. O conceito está sempre em desenvolvimento. Esse conceito que presenciamos em Praga terá de mudar em breve, pois a sociedade muda”, concluiu.