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Obras de Vicente do Rego Monteiro em exposição inédita na Fundaj
A Semana de Arte Moderna de 1922, organizada pela elite paulista, marcou uma busca pela renovação e experimentação, seja na literatura, nas artes plásticas ou na arquitetura. O evento contou com a participação de diversos nomes que se consolidaram como referências do Modernismo no Brasil, a exemplo de Anita Malfatti, Mário de Andrade, Emiliano Di Cavalcanti e do pernambucano Vicente do Rego Monteiro.
Como parte dos eventos celebrativos do centenário da “Semana de 22”, como ficou conhecido o evento, o Museu do Homem do Nordeste (Muhne) inaugura a exposição “Um pernambucano na Semana de 22, Vicente do Rego Monteiro” no próximo dia 25 de novembro, às 16h, na sala Waldemar Valente, campus Gilberto Freyre da Fundaj, em Casa Forte. Com a exposição, o Muhne busca celebrar e relembrar a obra do artista pernambucano que participou ativamente da Semana de Arte Moderna de 1922. A mostra faz parte do Natal da Fundaj, cujo tema é “Natal da Modernidade e Solidariedade”, com a árvore natalina celebrando artistas modernistas nordestinos, como Manuel Bandeira, Manoel Bandeira, Ascenso Ferreira, Cícero Dias, João Cabral de Melo Neto e Solano Trindade.
O pernambucano Vicente do Rego Monteiro
Nascido no Recife em 1899, Vicente do Rego Monteiro viveu em Paris entre 1913 e 1915 junto com a irmã e também pintora, Fédora do Rego Monteiro. Foi na capital francesa que Vicente estreitou laços com o mundo das artes e participou do Salon des Indépendants, exposição anual, ocorrida a partir de 1884, que, em suas primeiras décadas, definiu as tendências e os principais movimentos artísticos do início do século XX na Europa.
De volta ao Brasil, Vicente demonstrou interesse pela produção artística da região Amazônica e por suas lendas e costumes. A partir de estudos feitos no acervo arqueológico do Museu Nacional da Quinta da Boa Vista, no Rio de Janeiro, o artista produziu uma série de aquarelas inspiradas nos mitos amazônicos, onde já se percebia uma busca tanto pela renovação das linguagens artísticas, quanto um olhar voltado para o Brasil.
“Esse desejo foi um grande motivador da realização da Semana de Arte Moderna”, explica Rodrigo Cantarelli, pesquisador do Centro de Documentação e de Estudos da História Brasileira (Cehibra), da Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj), que assina a curadoria da exposição. As obras foram expostas, entre os anos de 1919 e 1921, no Recife, em São Paulo e no Rio de Janeiro. Os registros fotográficos da série estarão em exibição na exposição do Muhne.
Na década de 1930, após uma segunda temporada em Paris, Vicente do Rego Monteiro se dedicou a diversas atividades e foi responsável por organizar exposições de arte moderna europeia, como a da “Escola de Paris”, no Teatro Santa Isabel, no Recife, a primeira do tipo a ser realizada no Brasil.
“Um pernambucano na Semana de 22, Vicente do Rego Monteiro” reúne de forma inédita todas as obras do artista que fazem parte do acervo da Fundaj. “Esta é uma exposição que procura celebrar a importância da obra de Vicente do Rego Monteiro como um artista que pesquisou o Brasil e transportou esses resultados para uma produção que o consagrou como um dos mais importantes nomes da pintura brasileira do século XX”, diz o curador em seu texto de apresentação da exposição.
As obras do acervo da Fundaj foram produzidas na década de 1950 pelo artista e, em sua maioria, representam trabalhadores rurais, tema que perpassa o interesse de Vicente do Rego Monteiro a partir de 1930, durante um período em que ele viveu no Engenho Várzea Grande, no agreste pernambucano. Dentre as obras expostas, encontram-se “O cambiteiro”, “Burrinho com telhas” e “Mulher sentada”, esta última datada de 1957 e com dedicatória ao jornalista e poeta pernambucano Mauro Mota.
Serviço:
Exposição “Um pernambucano na Semana de 22, Vicente do Rego Monteiro”
25 de novembro, às 16h
Sala Waldemar Valente, campus Gilberto Freyre da Fundaj, em Casa Forte