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Na Fundaj, projeto Leia Mulheres mergulha na poesia de Alejandra Pizarnik
Foi realizado, nesta quarta-feira (19), o segundo encontro de 2023 do Clube de Leitura Leia Mulheres Recife em parceria com a Biblioteca Blanche Knopf, equipamento da Diretoria de Memória, Educação, Cultura, e Arte (Dimeca) da Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj). A atividade aconteceu na Sala de Leitura Nilo Pereira, no campus Ulisses Pernambucano da Fundaj, no Derby.
O projeto teve início em 2015, em São Paulo. Nesses oito anos de existência, o clube foi se espalhando pelo Brasil e pelo exterior, com reuniões mensais para discutir livros escritos por mulheres.
"O projeto nasceu dessa necessidade, de ler obras de mulheres, sejam mulheres locais, nacionais, internacionais, queremos uma miscelânea de autoras, mulheres que escrevem HQ, a gente também coloca poesia e buscamos poetas contundentes de outros países", destacou a mediadora Ecilda Freitas.
Para este mês, a obra escolhida foi “Os trabalhos e as noites”, da escritora argentina Alejandra Pizarnik. A obra, publicada em 1965, traz vários dos elementos que marcam a poética de Pizarnik, como a extrema brevidade, sem concessões ao coloquialismo.
"A escolha de Alejandra se deu por ela ter sido uma das maiores poetas de sua época na Argentina, o país estava em efervescência, mas ela foi contra a maré, ela escreveu sobre seu processo criativo, ela era muito do método da poesia, que era reducionista, dizendo tudo o que sentia com o mínimo de palavras. Além disso, ela não é tão lida por aqui, no Nordeste, esse também foi um dos motivos" completou Ecilda Freitas.
Debate
O debate entre os participantes deixou claro que “Os trabalhos e as noites” não foi uma leitura fácil. "Não me bateu a poesia, não me conectei, não conectei com estilo, talvez uma questão de gosto", destacou uma das participantes. "Vi como um bilhete de despedida, testamento, ela conseguiu condensar muito sentimento, ela sentia silêncio, desengano", analisou outra.
Para além da obra, o bate-papo se deu sobre a vida da autora, sobre a própria poesia e contou com leitura de trechos da obra escolhida.
"Foi surpreendente, é uma leitura um pouco difícil, mas as pessoas trouxeram os sentimentos para a discussão. O encontro conseguiu fluir, pois às vezes a gente tenta entender a poesia de Alejandra e não se chega a lugar nenhum, mas o encontro foi maravilhoso, tivemos novas impressões, novas leituras, se instigou para lermos a aurora mais vezes e apareceram novas pessoas", comentou a também mediadora Gorette Silva.
A ação acontecerá durante o ano todo na Fundaj e já há programação até o mês de junho. As datas serão divulgadas pela Fundaj e pelo próprio Clube de Leitura. Confira as obras escolhidas para os próximos meses:
Maio: “A Visão das Plantas”, de Djaimilia Pereira de Almeida
Junho:” Véspera”, de Carla Madeira