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Na Fundaj, filho de Clarice Lispector afirma que está na hora do Recife acolher a escritora
Em visita institucional à Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj), na tarde desta segunda-feira (10), Paulo Gurgel Valente, filho da escritora Clarice Lispector (1920-1977), tratou do projeto de recuperação da casa onde viveu sua mãe, localizada na Praça Maciel Pinheiro, no bairro da Boa Vista, Centro do Recife.
Ucraniana, Clarice viveu parte de sua vida no Recife e seu amor pela cidade era tanto que ela se definia brasileira e pernambucana. Inclusive, por iniciativa da Fundaj, a Assembleia Legislativa de Pernambuco concedeu o título honorífico de cidadã pernambucana, post mortem, à escritora, em 2020.
Mesmo tendo pertencido a uma escritora de renome internacional, o casarão em que Clarice morou com a família carece de maior atenção. O espaço encontra- se fechado, com constantes depredações e pichações. O imóvel fica na esquina da Rua do Aragão com a Travessa do Veras. O sobrado pertence à Santa Casa do Recife há pelo menos cinquenta anos.
"O amor quer correspondência. E o de Clarice pelo Recife já foi declarado em sua escrita. Agora, é a hora da correspondência: Recife acolher Clarice", disse Paulo Gurgel Valente em reunião com o presidente da Fundação Joaquim Nabuco, Antônio Campos.
A Fundaj já venceu a primeira etapa do edital do Fundo de Direitos Difusos, que são recursos voltados para vários segmentos, entre eles o de preservação de patrimônio. A proposta da Fundação - que tramita no Ministério da Justiça e Segurança Pública - é restaurar o imóvel e, após a recuperação, abrir um Centro Cultural.
O Centro Cultural Casa Clarice Lispector seria voltado à memória da escritora, de modo a possibilitar a difusão do conhecimento da literatura brasileira, especificamente à memória de Clarice.
“É uma alegria e uma honra recebermos Paulo Gurgel, filho e curador da obra da genial escritora Clarice Lispector. Há um importante e desafiador projeto que é o restauro e a transformação em centro cultural do casarão onde ela morou no Recife. A Fundaj tem um projeto para tanto e autorização da Santa Casa de Misericórdia. Para isso, é importante a participação de várias entidades, em razão da situação da casa, onde só se encontram em pé as paredes. Há degradação do entorno, entre outros desafios. Acredito que com a união da Fundaj, a família de Clarice e outras entidades tal projeto pode se tornar uma realidade. Certamente, colocará o Recife ainda mais no cenário turístico e literário do Brasil e do mundo”, afirmou Antônio Campos.
O projeto elaborado pela Santa Casa de Misericórdia e abraçado pela Fundaj foi idealizado por meio de levantamentos iconográficos, gráficos e históricos, confrontação de informações e levantamentos. Nele, estão apresentadas as propostas de restauro e reforma, que possibilitarão que a edificação volte a ser usada, tendo como partido a reconstituição física o mais próximo do período em que Clarice Lispector ali residiu.
O presidente da Fundaj falou, ainda, sobre outras homenagens feitas a Clarice, que nos deixou há 45 anos. “Como organizador da Fliporto, fizemos uma homenagem a Clarice, em 2010. Como acadêmico, fiz uma palestra na Academia Pernambucana de Letras, há 7 anos, em que defendia que Pernambuco devia adotar Clarice, pois nossa terra foi a geografia fundadora dessa importante criadora. Tanto que fiz um ofício à Assembleia Legislativa para dar a ela o título honorífico de cidadã pernambucana, o que aconteceu. Como presidente da Fundaj, fizemos a I Festa Digital do Livro, em 2020, em homenagem a ela, que foi um sucesso, no ano do centenário do seu nascimento. Fizemos o lançamento do selo em homenagem a Clarice, em parceria com os Correios, em 2020”, concluiu Antônio Campos.