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Museu promove segundo seminário sobre Anísio Teixeira para colaboradores
Educação gratuita para todos. O desejo de democratizar o ensino de qualidade no Brasil tornou o escritor baiano Anísio Teixeira (1900—1971) um símbolo nacional. Nesta segunda-feira (22), às 9h, o Museu do Homem do Nordeste (Muhne), da Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj), promove o segundo seminário de formação do projeto Ano Anísio Teixeira: educação como prioridade, que resgata a trajetória e o pensamento do educador. A atividade é destinada aos servidores e colaboradores da Instituição e poderá ser acessada pelo link enviado via Fundaj Todos.
A iniciativa do Muhne dialoga com o tema Educação e Memória, proposto pela Diretoria de Memória, Educação, Cultura e Arte (Dimeca) como diretriz para as ações da pasta em 2021. Comprometido com a comunidade, a escolha do equipamento faz alusão direta ao defensor da escola pública no Brasil. “O pensamento de Anísio parece ter sido escrito ontem, porque sua contemporaneidade é inquestionável. Um homem que lançou seus pensamentos por um olhar mais atento para a formação básica e contínua de crianças”, aponta a coordenadora de Ações Educativas do Muhne, Edna Silva.
Natural de Caetité, na Bahia, o escritor Anísio Teixeira foi contemporâneo do sociólogo Gilberto Freyre, idealizador da Fundaj. Atuante na área de Educação e Gestão Educacional, ele foi inspetor geral de Educação na Bahia, secretário geral da Capes, diretor do Instituto de Estudos Pedagógicos, dentre outros. Para contar essa história, o projeto contará com a participação das pesquisadoras da Fundaj Ana Abranches, doutora em Educação, e Rita de Cássia Araújo, doutora em História Social. Participa também o pesquisador Manoel Zózimo Neto, especialista em formação de educadores.
Pedagoga há quase 30 anos, Ana está entre os participantes e lembra que seu primeiro contato com o nome de Anísio aconteceu ainda na graduação em Pedagogia. Em sua participação, comentará as contribuições do intelectual brasileiro para a educação. “Sua vida foi dedicada à luta por uma educação pública, laica e democrática. É evidente sua contribuição para a educação na defesa de uma escola democrática e que, portanto, promova a igualdade social pela via educacional”, defende Abranches.
“Pretendo explorar os rastros de memória deixados pelo educador na Fundação Joaquim Nabuco, que tem na figura do sociólogo Gilberto Freyre seu principal elo de ligação. Esses proeminentes intelectuais brasileiros estreitaram contatos entre 1957 e 1971”, aponta Rita de Cássia, ao destacar que Anísio e Gilberto assumiram instituições voltadas à educação no mesmo período. “Anísio esteve à frente do Inep, entre 1952 e 1964. Já Gilberto Freyre assumiu a direção do Centro Regional de Pesquisas Educacionais, entre 1957 e 1975. Além da Escola Experimental do Recife, de 1960 a 1975, nos seus primeiros anos de funcionamento.”
Atualmente, no local onde funcionaram o Centro Regional de Pesquisas Educacionais e a Escola Experimental do Recife está instalado o campus da Fundaj que, em expressiva homenagem, leva o nome de Anísio Teixeira.
‘Ano Anísio Teixeira: educação como prioridade’
O primeiro seminário foi promovido no dia 8 de março. Dando continuidade ao ciclo, no dia 22 de abril a Instituição promove a terceira e última formação para colaboradores. “É prioritário que todos se familiarizem com o pensamento de Anísio, para que façamos depois um seminário final aberto à sociedade civil”, explica Edna Silva. Já no mês de novembro, um seminário exclusivo sobre o homenageado será promovido para o público em geral. Para a realização serão seguidas as orientações de enfrentamento à Covid-19.
Além da construção e edição de material pedagógico para alunos e professores, o projeto resultará na criação de uma biblioteca virtual voltada para educadores de Museus e professores. Também serão produzidos artigos e ensaios sobre experiências pedagógicas do Museu em diálogo com o pensamento do educador, a exemplo de iniciativas como o Museu vai à Escola, ação pioneira que tem sido apresentada para instituições públicas e privadas de ensino a fim de estabelecer um diálogo contínuo entre o equipamento cultural e as redes de educação.
Sobre o homenageado
“Sou contra a educação como processo exclusivo de formação de uma elite, mantendo a grande maioria da população em estado de analfabetismo e ignorância”, declarou Anísio Teixeira. Em suas obras, o baiano sempre defendeu a escola pública como fator inerente à democracia, cabendo ao Estado o dever de assegurá-la. Esta foi uma defesa levada por ele também para o campo prático na medida em que promoveu diversas reformas nos sistemas escolares.
Não foi por acaso que, em 1931, Anísio integrou uma comissão do então Ministério da Educação e Saúde para reorganização do Ensino Secundário e Reforma do Ensino Profissional. Mais tarde, em 1946, seria convocado a integrar o Conselho de Educação Superior da recém-formada Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). Fatos que indicaram para muitos o impacto transnacional de seu trabalho. Dentre os títulos que publicou, destaque para Educação não é privilégio (1994).
Sobre os participantes
Ana Sousa Abranches é pedagoga da Fundaj e docente do Mestrado em Sociologia em Rede Nacional (ProfSocio). Com mestrado e doutorado em Educação, pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), ela integra a Rede de Pesquisas em Políticas Públicas de Educação e é pesquisadora integrante da Rede de Estudos e Pesquisa sobre Planejamento e Gestão Educacional. Atualmente é vice-diretora da Associação Nacional de Políticas e Administração da Educação, seção Anpae/Pernambuco
Manoel Zózimo Neto é servidor na Coordenação Geral de Estudos Educacionais da Diretoria do Instituto de Pesquisa Sociais (Dipes), da Fundaj. Com mestrado em Ciências da Educação e Inovação Pedagógica pela Universidade da Madeira, em Portugal, é também especialista em Formação de Educadores pela Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE). Licenciado em Filosofia pela UFPE e bacharel em Direito pela Universidade Salgado de Oliveira (Universo).
Rita de Cássia Araújo é pesquisadora titular do Centro de Estudos da História Brasileira (Cehibra), da Fundaj. Graduada em Ciências Sociais pela UFPE, é também mestra em Antropologia pela mesma instituição e doutora em História Social pela Universidade de São Paulo (USP). Sócia efetiva do Instituto Arqueológico, Histórico e Geográfico Pernambucano e autora de livros de cunho sócio documental, dentre os quais o premiado Festas: máscaras do tempo (entrudo, mascarada e frevo no Carnaval do Recife).
Serviço
II Seminário de Formação do Ano Anísio Teixeira: educação como prioridade
Data: 22 de março
Horário: 9h
Público: servidores e colaboradores da Fundaj
Transmissão via Google Meet (link via Fundaj Todos)