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Museu do Homem do Nordeste recebe grupo de profissionais premiados por projeto que trata dos acometidos pela hanseníase na área da saúde
As instalações do Museu do Homem do Nordeste (Muhne) estão servindo de cenário para um projeto muito especial chamado: “Cuidando de Quem Cuida: olhar ampliado junto aos profissionais de saúde acometidos pela hanseníase". Premiado no Edital de Mapeamento de Experiências Exitosas em Hanseníase do Ministério da Saúde (MS), o projeto foi desenvolvido pela Secretaria de Saúde do Recife e ficou entre os três melhores do Brasil.
Entre os dias 13 e 14 de outubro, o grupo formado por 18 profissionais de diferentes categorias do Distrito Sanitário II, localizado na Zona Norte do Recife, e de uma equipe do Ministério da Saúde, fazem uma visita aos equipamentos culturais da Fundação Joaquim Nabuco. A passagem pelo Muhne faz parte do registro audiovisual que se transformará em um documentário, que deverá ser lançado em 2023. O objetivo do projeto é dar visibilidade para a hanseníase e falar sobre a importância de se investir em políticas públicas que possam garantir o tratamento não só da população em geral, como dos profissionais de saúde.
Sobre as entrevistas estarem sendo gravadas no museu, a coordenadora de Ações Educativas e Comunitárias do Muhne, Edna Silva, destaca a importância não só dessa parceria, mas do perfil antropológico que faz parte do equipamento. “O Brasil é o segundo país com o maior número de casos de hanseníases registrados no mundo. É extremamente importante que as informações sobre essa doença possam ser divulgadas para que as pessoas possam buscar o tratamento correto”, avalia a coordenadora.
“A escolha para as tomadas de imagens e a visitação ao Museu do Homem do Nordeste é muito importante também porque faz jus ao preceito desse museu, que é um espaço de antropologia, que estuda o homem, o seu fazer e estar. A partir das informações desse grupo que trata da hanseníase, nos é apresentado um outro Nordeste e, dessa forma, o museu também aprende a dialogar com as pessoas”, complementa Edna Silva.
Para a coordenadora de Hanseníase do DS 2, Amanda Queiroz, a escolha do Museu do Homem do Nordeste se deu pela representatividade que o espaço traz. “Esse cenário repleto de histórias representa as mais diversas lutas e conquistas. E o nosso grupo tem tudo a ver com essa questão. São profissionais que fazem a diferença, que foram acometidos pela hanseníase e ressignificaram todo o processo do cuidado no território. E nos ajudaram também”, afirma Amanda, que também é responsável pelo projeto.
Segundo dia
O segundo dia de gravações do documentário usou o Laboratório de Pesquisa, Conservação e Restauração de Documentos e Obras de Arte (Laborarte) e o jardim da Fundação Joaquim Nabuco como cenários. A equipe do projeto realizou uma dinâmica de acolhimento com o grupo de profissionais de saúde que participaram das atividades do projeto.
Amanda Queiroz ressaltou a importância do projeto ganhar um produto audiovisual. “O nosso principal objetivo é trazer visibilidade para a causa. Apesar de ter cura, a hanseníase ainda é uma doença muito estigmatizada, o que acaba resultando em uma população com pouco acesso à informações sobre ela”, explica.
Para Amanda, o documentário é um ganho importante para a sociedade como um todo para iniciar uma conversa sobre a problemática da hanseníase. “Pernambuco tem muitos casos da doença, mas os próprios pacientes têm vergonha de falar sobre ela. Existe um grande preconceito, especialmente da classe média e alta, que acha que é uma doença apenas da periferia. Até mesmo alguns médicos pensam dessa forma. Mas, sabemos que essa não é a realidade”, completa.
O projeto desenvolveu ações de apoio e acolhimento junto aos profissionais de saúde que foram acometidos pela doença entre 2020 e 2022, com uma pausa em 2021 devido às restrições da pandemia de covid-19. Todos os participantes já trabalham diretamente no atendimento de pacientes com hanseníase do Distrito de Saúde II, mas com a integração no projeto pôde ressignificar olhares, percepções e fortalecer a rede intersetorial.
Para Amanda, o ganho do trabalho feito foi coletivo para a equipe no sentido que além de servir como apoio para os profissionais acometidos pela doença também serviu para torná-los mais sensíveis aos anseios e angústias dos outros pacientes que atendem.
Durante as gravações do documentário, uma das participantes se emocionou durante a dinâmica e agradeceu à equipe do projeto pelo acolhimento que recebeu após o diagnóstico da hanseníase. O momento foi registrado em vídeo e os relatos serão disponibilizados no documentário, ainda sem previsão de data para o lançamento.