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Museu do Homem do Nordeste promove curso "Arte Sonora como Tecnologia Anticolonial"
O Museu do Homem do Nordeste (Muhne), equipamento cultural vinculado à Diretoria de Memória, Educação, Cultura e Arte (Dimeca), da Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj), por meio da Coordenação de Ações Educativas e Comunitárias, realizará o curso "Arte Sonora como Tecnologia Anticolonial ". As aulas serão ministradas pela artista Ana Lira.
O curso acontecerá de 19 a 21 deste mês, das 13h às 17h na Sala Calouste Gulbenkian, no Campus Gilberto Freyre da Fundaj, em Casa Forte . As inscrições são gratuitas e devem ser feitas pelo link: https://www.sympla.com.br/curso-de-arte-sonora-como-tecnologia-anticolonial__2507463
O curso é dedicado a qualquer pessoa que tenha interesse pelo tema abordado, em especial àquelas que estejam envolvidas com artes, criação, tecnologias sonoras, lugares de escuta, produção de celebrações, tradução de libras, vivências em corpo, coreografia e dança, e áreas de artesanias de som e pesquisas afins. Estão disponíveis 110 vagas para uma carga horária de 12 horas/aula. Haverá emissão de certificado.
A coordenadora de Ações Educativas e Comunitárias, Edna Silva, explica que o propósito deste curso é dialogar sobre o campo da escuta e da sonoridade como lugar de enunciação de sabedorias íntimas, comunitárias e coletivas anticoloniais. "Partindo do som como elo comunicativo e da sua capacidade de uso como meio de condição de conhecimentos, a formalização vai propor aos participantes um encontro com vivências de escuta, práticas sonoras, diálogos com acervos, legados e sistematizações criativas das nossas experiências como povos negrodescendentes oriundos das rotas do Atlântico. Além disso, alinha-se às ações tornar o Muhne local de reflexões, debates e de posturas mais justas a partir de seu acervo e mediações."
Sobre Ana Lira
Ana Lira nasceu em Caruaru e é artista visual e sonora, rádio artista, fotógrafa, curadora, pesquisadora independente, escritora e editora. É graduada em Comunicação Social e especialista em Jornalismo Cultural com ênfase em Teoria e Crítica de Cultura. Dedica atenção a dinâmicas envolvendo sensibilidades cotidianas, sistemas e vivências de escuta. Sua prática é baseada em parcerias e articulações com coletividades por mais de vinte anos. Nestas iniciativas, dedica-se a fortalecer práticas colaborativas de criação que observam as entrelinhas das relações de poder que afetam nossa comunicação, as tessituras do cotidiano e a forma como produzimos conhecimento no mundo.
SERVIÇO:
Curso "Arte Sonora como Tecnologia Anticolonial "
Ministrado pela artista visual Ana Lira
110 vagas
19 a 21 de junho
13h às 17h
Local: Sala Calouste Gulbenkian
Campus Gilberto Freyre da Fundaj
Avenida 17 de Agosto, 2187
Casa Forte Recife-PE
Haverá emissão de certificado
PROGRAMAÇÃO
ENCONTRO 1
Parte 1 – Escuta, subjetividade e intimidade política
- Os sentidos que não dormem
- Corpo (de escuta/que escuta/canal): meios para vibrações que nos atravessam
- O matutar como escuta política dos tempos (não-lineares)
- Estratégias para acordar a sabedoria da escuta
Parte 2 - Ancestralidades como seletoras de frequências
- Diferentes diásporas, diferentes sonoridades, diferentes escutas
- Tecnologias de conexão ancestral: possíveis rotas de orientação dos legados recebidos
- Ritmação como sabedoria comunitária/coletiva anticolonial
- Os cantos e os sons nas rotas de liberação das violências
ENCONTRO 2
Parte 3 – Corpos sonoros, tecnologias de controle
- Pesquisa e controle das expressões de escuta e sonoridades dos povos negroatlânticos
- Regras de legitimação como interferência no fluxo de expressão
- As reações neocoloniais aos movimentos de liberdade
- Tradução em via única: a continuidade dos protocolos de servidão
Parte 4 – Sonoridades e criptografia dos legados (Parte I)
- O que precisa de escuta e não pode ser dito?
- A não-tradução como gesto de recusa no campo sonoro
- Coletividades sonoras para liberdades políticas
- Estratégias de movimentação e circulação pelos códigos sonoros
ENCONTRO 3
Parte 5 – Sonoridades e criptografia dos legados (Parte II)
- A expressão da escuta e das musicalidades como gesto narrativo
- Os instrumentos como metáforas-membrana da manifestação dos legados
- Metodologias radiofônicas como tecnologias de retroalimentação criativa
- Relações de alteridade: discoteca || biblioteca
Parte 6 – Movimentos contemporâneos de (re)liberação
- Metodologias de (sobre)vivências: cuidando das escutas e dos legados sonoros como saberes em extinção
- Movimento dos corpos, festividades-manifesto: a celebração como sabedoria comunitária
- A rádio como lugar de reconquista e alteridade dos povos negroatlânticos
- Experiências contemporâneas de criação sonora e movimentos de liberdade