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Mostra Fundaj promove reflexão sobre a crise climática: “estamos destruindo a natureza há anos”
Teve início, nesta quinta-feira (1º), no Cinema da Fundação/Porto a programação do IV Fórum do Movimento das Imagens, um evento gratuito que dura três dias e enfoca questões climáticas a partir de obras do cinema experimental e da videoarte. Organizado pela EdTech 3emeio, a iniciativa contou com o incentivo da Funcultura e apoio do equipamento cultural vinculado à Diretoria de Memória, Educação, Cultura e Arte (Dimeca) da Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj). A abertura contou com participação da coordenadora do projeto, Liana Vila Nova, do curador e videasta Yann Beauvais e da produtora executiva Manuella Duque.
O curador falou sobre o tom provocativo à emergência climática presente na mostra. “A ideia era focar na ecologia. Se você é cineasta e trabalha com película, sabe que usa um material muito prejudicial ao meio ambiente, pois o filme necessita de muita química para ser revelado. Eu também problematizo o digital devido ao consumo de eletricidade e chips. A contradição me interessava como cineasta, pois passei do analógico para o digital. Como os cineastas tratam esse problema na mostra? Alguns farão filmes sem usar produtos químicos, outros se interessaram pela ecologia no conteúdo, abordando temas como a floresta que desaparece, a água, etc. Esse é o panorama do fórum”, afirmou Yann Beauvais.
O videasta também trouxe um filme de 1897 que já abordava a questão da poluição na Europa. “A paisagem não é necessariamente magnífica; estamos destruindo a natureza há anos. Estamos numa época de emergência, em que precisamos preservar nossa terra. Uma coisa me parece importante dizer: desde que o nuclear chegou, a terra poderia desaparecer. Agora, aprendemos que todas as outras coisas são piores, não é uma morte imediata, é lenta, com a destruição de todas as formas de vida”, concluiu Beauvais.
Nesta sexta-feira (2), a mostra especial segue com filmes e vídeos que indicaram algumas tendências presentes neste campo de criação artístico. No próximo sábado, a programação chega ao fim, com uma mesa redonda, às 17h, seguida de exibições. Participarão Yann Beauvais, o artista Edson Barrus Atikum, a professora, a pesquisadora Angela Phryston e Liana Vila Nova, que irá mediar o encontro.
“A seleção das obras desta mostra é eclética, mas reflete a consciência da urgência de ter em consideração não só o bem-estar do ser humano, mas sobretudo o seu ambiente que inclui os viventes, seja qual for a sua forma, bem como os recursos sem os quais não haveria existência nesta terra”, reforçou a coordenadora do projeto, Liana Vila Nova.
Confira a programação
2 de Agosto- 19:30 à 21:30- Programa 03 e 04
- Contingent - Rivane Neuenschwander (2008, 10’30’’)
- Track Moss bypass - Miles McKane (1987, 06’)
- Casting Light Sketches for an Unknown Future – Chris Welsby (2019, 12’01’’)
- Quando bento era São, Clementino Junior ( 2022, 08’42’’)
- Where we used to Swim (Era uma vez um lago), Daniel Asadi Faezi ( 2019, 07’ 43’’)
- Deep Weather - Ursula Bieman (2013, 08’58’’)
- Kaltes Tal - Florian Fisher & Johannes Krell ( 2016, 11’ 56’’)
- 16 mm - Daniel Steegmann Mangrané( 2008-2011, 05’)
- The Wold-Shadow, Stan Brakhage ( 1972, 16mm, 2' 30’’)
- Derrubada Não - yann beauvais (2019, 30’)
- Timber - Hextatic (2000, 5’)
- Souviens toi de la forêt - Cine chamanisme (2021, 2’19’’)
- Phytography - Karel Doing (2020, 08’09’’)
03 de Agosto- 19:00 - Programa 05
- Antes da Aurora - Thiago Rocha Pitta (2016 12’24’’)
- Nova Trindade, Novo Ayiti - Márcio Cruz (2021, 04’26’’)
- Interior da Terra - Bianca da Costa (2022, 17’ 50’’)
- Place We'll Breathe - Davor Sanvincenti (2022, 22’07’’)