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Memória pernambucana em pauta: Cinema da Fundação exibe “O Rochedo e A Estrela”, em parceria com o TJPE
A expansão da comunidade judaica no Recife no século XVII e a preservação da memória pernambucana foram pautas na Sala Derby do Cinema da Fundação, na manhã desta terça-feira (14). O equipamento cultural da Diretoria de Memória, Educação, Cultura e Arte (Dimeca) da Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj), promoveu uma sessão do documentário “O Rochedo e A Estrela” (2011), dirigido pela pernambucana Katia Mesel, para celebrar um ano do projeto Cine Aprendiz, da Biblioteca do Centro Integrado da Criança e do Adolescente em parceria com a Coordenadoria da Infância e Juventude do Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE).
“Quem não tem memória, não tem identidade”. Foi assim que a presidenta da Fundaj, a professora doutora Márcia Angela Aguiar, recepcionou os Jovens Aprendizes lotados nas unidades do TJPE. A iniciativa busca difundir a sétima arte enquanto ferramenta eficaz na transformação social e na difusão de conhecimento e senso crítico. Para a presidenta da Fundaj, receber o projeto é de extrema importância, uma vez que a ausência do acesso aos bens culturais prejudica a formação da juventude e tomar esses espaços é necessário. “É muito significativo, especialmente pela ideia que nós temos de romper as fronteiras e também inteirar-se do nosso passado e do que somos fruto, da nossa identidade”, destacou.
Primeira mulher a dirigir um longa-metragem em Pernambuco, Katia Mesel esteve presente na exibição do título e participou do debate sobre as temáticas apresentadas, o processo de produção da obra e sua trajetória profissional. Ela explicou que “O Rochedo e A Estrela” foi uma oportunidade de apresentar a importância de Pernambuco para o Brasil enquanto estado pioneiro em diferentes áreas. “Sentia falta desse pedaço da história de Pernambuco que não é contada e é uma história muito valiosa”, contou. O documentário contou com quatro anos de pesquisa e dez anos até ficar pronto. “Fico feliz por saber que meu filme está sendo o motivo de vários jovens conhecerem o Cinema da Fundação, pois é uma sala democrática, acessível e que prioriza sempre as produções pernambucanas e nacionais. E isso é de um valor enorme porque é a nossa memória”, celebrou a cineasta.
De acordo com o diretor da Dimeca da Fundaj, Túlio Velho Barreto, a exibição “resgata e recupera parte da nossa história pernambucana, da região e do país e é uma oportunidade, a partir do projeto do TJPE, ter o público para acompanhar o filme”. O Cine Aprendiz surgiu em 2023, utilizando os recursos audiovisuais como meio didático para inserção da literatura e temas transversais na formação dos Jovens Aprendizes. Dentre os objetivos, está incentivar o gosto pela literatura e cinema, principalmente as produções nacionais.
Coordenador da Infância e Juventude do TJPE, o juiz Élio Braz ressaltou, na ocasião, a importância do cinema enquanto ferramenta de construção do saber crítico. “Estamos em um processo de descolonização, de visão crítica de quem somos nós e de como ocorreu a construção do Brasil e o filme de Katia serve para isso: é um filme instrumental para a visão crítica”, afirmou.
Instituição ligada ao Ministério da Educação (MEC) e com objetivo de promover o encontro e o diálogo entre arte e educação, a Fundaj se fundamenta no compromisso com a diversidade cultural e a democratização do conhecimento a partir das demandas e necessidades relacionadas à educação e à cultura. “Este é um projeto incrível e afinado com a proposta lúdico-pedagógica da Fundação Joaquim Nabuco”, pontuou o coordenador do Cinema da Fundação, Luiz Joaquim.
Público
Visitando o Cinema da Fundação pela primeira vez, o jovem aprendiz do TJPE, Dominique Lee, compreendeu a sessão como um momento de aprendizado importante. “Achei incrível pois não conhecia esse lado da moeda. A cultura judaica é um lado que eu não conhecia, então abriu uma parte do meu olho para ver que tem tanta diversidade no Brasil e tantas culturas. Foi uma porta de aprendizagem para ver o mundo com outros olhos com uma diretora pernambucana e judaica”, contou. Ele ainda disse que pretende visitar o espaço mais vezes e conferir a programação.
Já o agente voluntário do TJPE e professor do projeto de pré-vestibular Interação, da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Esdras Santana, que já conhecia o Cinema da Fundação, destacou que é fundamental discutir o processo de formação histórica, política e religiosa de Pernambuco com os jovens. “O debate foi muito bom porque resgata a nossa cultura e a nossa regionalidade. É muito importante essa participação dos jovens aprendizes aqui”, pontuou.
“O Rochedo e A Estrela” é um longa-metragem que faz parte do acervo da Cinemateca Pernambucana, também equipamento cultural da Dimeca/Fundaj.