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Memória e docência: Engenho Massangana recebe estudantes para debater subjetividade e decolaniedade
Conexão entre espaços, pessoas e identidades. O Engenho Massangana, equipamento cultural da Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj), vinculado à Diretoria de Memória, Educação, Cultura e Arte (Dimeca), recebeu, nesta terça-feira (19), estudantes do Mestrado Profissional de Sociologia em Rede Nacional (ProfSocio) e do Mestrado em Educação, Culturas e Identidades (PPGECI). A atividade aconteceu em consórcio entre os dois programas, com o objetivo de despertar reflexões sobre a relação entre o passado e o presente, fazendo uma conexão histórica com os acervos da Fundaj.
"É um momento de confluência dos vários segmentos de serviços da instituição: acervos, espaços expositivos e históricos e ensino. Isso é muito gratificante para nós que fazemos a instituição", celebrou a pesquisadora titular da Fundaj, a professora Dra. Cibele Barbosa.
O grupo participou de uma mediação cultural com o educador Igor Amarante nas exposições “Pra deixar de ser ‘pra inglês ver’”, do artista Jeff Alan e “Masanganu: Memórias Negras”. O educador discorreu sobre a importância das mostras em diálogo com o equipamento para destacar a memória de Nabuco e outras memórias que foram invisibilizadas, junto à comunidade. "Toda atividade educativa que a gente pensa aqui, desde exposições, oficinas e palestras, é sempre pensando na comunidade ao redor. Vemos o museu como espaço para a comunidade.".
Os estudantes também participaram de uma palestra ministrada pelo professor de Filosofia da Universidade de Brasília (UnB) Wanderson Flor do Nascimento. Intitulado "Corpos Negros, subjetividades e decolonialidade", o bate-papo dialogou sobre a Lei no 9.394, que tornou obrigatório, desde 2003, o ensino sobre História e Cultura Afro-Brasileira, a formação dos professores de educação básica, a produção de sentidos e reprodução de conhecimento nesse contexto.
Além de abordar os desafios de levar esses conhecimentos para sala de aula sem uma formação direcionada, o professor ainda falou sobre suas pesquisas sobre relações raciais e gênero. “Eu tenho um interesse fincado com os pés no Brasil. Aqui, a maior parte dos quilombos, candomblés e xangôs foram organizados por mulheres. Muitas dessas manifestações que são ao mesmo tempo de manutenção de conhecimentos e da cultura já recriada no Brasil, inegociavelmente são fundadas por mulheres”, destacou.
O palestrante desenvolve pesquisas com trabalhos publicados nos temas de filosofias africanas e afrodiaspóricas, Relações Raciais e Tradições Brasileiras de Matrizes Africanas, Ensino de Filosofia e Filosofia da Educação, entre outros. Cibele Barbosa destacou a importância da atividade com os alunos. Para ela, é fundamental trabalhar as temáticas com quem está no dia a dia em sala de aula. "Todos nós tivemos uma formação que obliterou e, de alguma forma, marginalizou determinadas questões. Precisamos indagar sobre o racismo estrutural e sobre os modelos coloniais que ainda mantemos de branquitude e de exaltação de determinados personagens."
Essas atividades promovidas pelos dois programas de pós-graduação, demonstram o compromisso da atual gestão da Fundaj em estimular a reflexão crítica dos jovens em formação sobre questões contentes da sociedade brasileira e a luta permanente contra o racismo.