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Literatura de cordel foi tema da Oficina de Férias 2024 na Fundaj
O Museu do Homem do Nordeste (Muhne), equipamento cultural vinculado à Diretoria de Memória, Educação, Cultura e Arte (Dimeca) da Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj), promoveu entre os dias 16 e 19 de janeiro, a Oficina de Férias na Fundaj. Aberta ao público, a atividade levou a literatura de cordel a um público formado por crianças de 7 a 12 anos. O tema foi escolhido como forma de ofertar o acesso à cultura a partir do imaginário popular. Trinta crianças participaram da oficina.
De acordo com a coordenadora de Ações Educativas e de Ações Comunitárias do Museu do Homem do Nordeste, Edna Silva, a atividade buscou promover acesso à cultura e informação que dialoguem com as temáticas abordadas nas exposições do Museu do Homem do Nordeste. “Escolhemos a literatura de cordel, um elemento que faz parte do imaginário popular. Temos grandes mestres e, talvez, o mais conhecido, que tem representação no Museu, é o J. Borges. A ideia foi trabalhar a literatura de cordel aliada a visitas às exposições do Museu para que as crianças escolhessem a temática dos seus próprios cordéis”.
As oficinas foram realizadas no Edifício Dolores Salgado, em Apipucos, e na Sala do Educativo, no Campus Gilberto Freyre da Fundaj, em Casa Forte. Seguindo um roteiro que pontuou a apresentação da literatura do cordel por meio de vídeos de cordel e de livros da coleção de Rivani Nasario, estruturados em cordel, para inspirar as crianças na formação de versos rimados, característica marcante dessa expressão da cultura popular.
Os pequenos aprenderam o que é literatura de cordel e como ela se estrutura. A partir daí, escreveram seus textos, confeccionaram os carimbos de capa do cordel e fizeram a montagem do material. Além disso, visitaram o eixo sertão do Museu do Homem do Nordeste para conhecer mais sobre a formação da identidade dos nordestinos, como lembrou a educadora do Muhne, Catarina Martins: “A ideia foi trazer oficinas práticas que dialoguem com o acervo do museu e este ano escolhemos a introdução da literatura, com o Cordel desde a criação de textos até simular a confecção de xilogravura para as capas. E tudo acabou fluindo bem”.
A presidenta da Fundação Joaquim Nabuco, a professora doutora Márcia Angela Aguiar, destacou a relevante iniciativa da Dimeca que contribuiu para a formação dessas crianças, na perspectiva da cidadania.
No encerramento da atividade, as crianças fizeram a leitura coletiva dos cordéis para seus familiares. Uma satisfação para os educadores que mediaram a oficina. E não faltaram comentários de quem compreendeu o que ali aconteceu. João Phelipe, por exemplo, criou um cordel falando sobre o que ele e sua família fazem na floresta. Tomás e Martin Mendonça apresentaram o gosto pelo futebol. Já Mateus Oliveira apresentou sua poesia sobre bandas de rock nacional e declarou: “Eu já tinha ouvido cordel antes e, agora, comecei a ter mais interesse. Escrevi sobre a banda Capital Inicial”.
Emílie Lasclaux, mãe dos gêmeos Martin e Tomás Mendonça, elogiou a originalidade da atividade. “Uma oportunidade perfeita, num local que já frequentamos para outras atividades. Desde o primeiro dia os meninos amaram e já foram contando tudo e procurando saber mais e mais, em casa”, disse. A pedagoga Juliana Farias, tia de Emili Farias, ressaltou que a oficina foi de extrema importância e ludicidade. “Parabéns à Fundaj por trazer a criança de volta a essência do brincar para as crianças, num resgate genuíno para desenvolver tantas outras funções cognitivas delas”.
Alene Chagas, mãe de Clarice,10 anos, contou que quis aproveitar a oportunidade de inserir a filha no estilo literário. “O cordel é muito nosso. Fui exposta a esse estilo literário desde cedo, em Bezerros, no Agreste pernambucano, com as obras de J.Borges. Mas não tive a chance de me aprofundar. Por isso quis que Emili fosse apresentada a esta arte. Parabenizo a iniciativa e o resultado maravilhoso. Me emocionei ao vê-la lendo o cordel que produziu”. Ao que Clarice acrescentou: “Eu gostei de tudo. Fiz um cordel muito legal e fiz amigos aqui. Aprendi muito com esta Oficina.”
Para o educador do Muhne Ângelo Araújo, a oficina foi interessante por não ser comum para as crianças. “Ao fazer a capa dos cordéis, por exemplo, elas lembraram de cada palavra usada no texto, provando que a produção incomum despertou o interesse em querer saber o que rimava ou não, os termos que poderiam usar. Tudo diferente do que já conheciam, como as HQ, o mangá (desenho japonês), os gibis. Foi um bom resultado”.